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Opinião

Um panorama geral do Web Summit

O melhor do evento, em termos de conteúdo, garanto, estava nos extremos. E, para quem atua com inovação, este conceito deveria ser o ponto focal e a peça-chave


7 de novembro de 2022 - 18h14

O Web Summit Lisboa é um evento colossal. De proporções e números que são difíceis de imaginar, portanto, calcular e organizar as informações é a chave para um bom aproveitamento. Mas, não posso deixar de citar que sim, a organização também teve diversas falhas. A maior de todas está ligada às intermináveis filas para acessar o complexo do evento. Mas, o sentimento que prevalece ao final é o de que acertaram muito mais do que erraram e, portanto, o resultado é positivo.

Com cinco pavilhões enormes, cheios de expositores, startups e múltiplos palcos, é extremamente recomendável que se escolha uma ou no máximo duas trilhas por dia, sob pena de se perder o melhor do evento. Para se fazer isso é importante que se abandone o sentimento de FOMO (Fear of Missing Out) e adote-se o JOMO (Joy of Missing Out).
O melhor do Web Summit, em termos de conteúdo, garanto, estava nos extremos. E, para quem atua com inovação, este conceito deveria ser o ponto focal e a peça-chave.

A geração Z marcou notável presença com Pavi Dhiman de 16 anos, seguida por Ciara Sejour de 15 com um convite e lembrete ao óbvio: “Vocês estão nos contratando da mesma forma que vocês foram contratados…”, seguidas por Harris Reed, um “ZEO”, designer de gênero fluido.

Na outra ponta, os “Talentos Cinza” deram um verdadeiro show: Noam Chomsky do alto de seus 94 anos, de forma remota, preencheu toda a Altice Arena, dizendo que o que temos hoje como Inteligência Artificial não passa de um brinquedo caro, referindo-se inclusive à mais avançada tecnologia que temos na área, a GPT-3.

Bem mais jovens do que Chomsky, mas ainda assim, carregados de sabedoria, quem sairia do óbvio e traria reflexões profundas para todos não seriam executivos e fundadores de companhias de inovação, mas sim, VPs e C-Levels de empresas como a AirBus e também a L’Oréal. A primeira nos dando lições de como passar por crises como a pandemia causada pela Covid-19 em uma das indústrias que talvez tenha sido das mais afetadas e, a segunda, sobre como transformar um dinossauro em um unicórnio, usando a herança de mais de 100 anos de informações de beleza para transformar o futuro da companhia.

Durante os três dias de evento, mais de 2.000 startups se fizeram presentes. Estavam divididas em três categorias: Alpha, Beta e Growth. As categorias tinham relação com seu estágio de maturidade como negócio. Alphas estavam ainda na fase de Seed. Betas já haviam tirado seus negócios do papel e, Growth, já operavam em escala.

Aqui, permitam-me um parêntesis. A Liga Ventures, uma das mais respeitadas Aceleradoras do Ecossistema Brasileiro compartilha uma estatística que diz que para cada três mil ideias, apenas uma torna-se um verdadeiro unicórnio.

Certamente o Web Summit Lisboa será o último evento de muitas dessas empresas. Mas, este ecossistema funciona assim mesmo e todos participam dele com entusiasmo da mesma forma. Wesley Chan, da FPV Ventures, foi categórico em dizer: “Falhamos com U$ 1 milhão para não falharmos com U$ 1 Bilhão”.

O evento terminou com a participação do Presidente de Portugal, anunciando melhorias para a infraestrutura do evento nos próximos anos, sobre a incrível participação das mulheres, responsáveis por 42% dos inscritos desta edição e, nos lembrando sobre o fato de que o Web Summit nas edições de 2018 e 2019 ajudaram o mundo a acordar para as mudanças climáticas. Que as edições de 2020 e 2021 tiveram que enfrentar os desafios ligados à Covid-19 e essa, de 2022, carregou consigo as marcas da guerra e que, portanto, em 2023, precisávamos de cinco coisas que faço questão de deixar enumeradas neste artigo:

1. Paz
2. Reconstrução da Ucrânia
3. Acabar com a Inflação e resolver os problemas econômicos da Europa
4. Acelerar a transição energética
5. Nunca esquecer das ações para melhorar a crise climática

O evento desembarca pela primeira vez na América Latina. Em 2023 teremos a tradicional edição de Lisboa, mas antes, teremos a edição do Rio de Janeiro e tenho certeza que ela pode ser catalisadora de mudanças importantes de nosso país e de nossos vizinhos, afinal, a inovação existe para resolver problemas.

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