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3 brasileiras que deram show nas Olimpíadas – e fora delas

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Opinião

3 brasileiras que deram show nas Olimpíadas – e fora delas

Enquanto os olhos do mundo estavam voltados para Simone Biles, Shelly-Ann Fraser-Pryce e Naomi Osaka, o Brasil chegou com suas próprias trajetórias femininas, que nos ensinaram muito


8 de agosto de 2024 - 6h16

(Crédito: Shutterstock)

Quem passou as últimas semanas espiando a transmissão dos Jogos Olímpicos de Paris entre um compromisso e outro, como eu, deve ter ouvido: “Essa é a olimpíada das mulheres”. No quadro geral, esta é a maior participação feminina em cem anos de jogos. Na delegação brasileira, elas também foram maioria pela primeira vez na história: 153 atletas em diversas modalidades, do boxe aos saltos ornamentais.

Enquanto os olhos do mundo estavam voltados para Simone Biles na ginástica artística, Shelly-Ann Fraser-Pryce no atletismo e Naomi Osaka no tênis, o Brasil chegou com suas próprias trajetórias femininas, que nos ensinaram muito nesses dias de celebração do esporte.

1) “Mãe, deu certo! pai, eu consegui, foi pela avó!”. Assim veio nossa primeira medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de 2024, em uma luta que Bia Souza fez pela avó, que faleceu cerca de dois meses antes da neta se tornar a única brasileira debutante campeã olímpica em provas individuais. Aos 26 anos, a lutadora natural de Peruíbe, no litoral de São Paulo, derrotou a número 1 da categoria, francesa, na semifinal, e a número 2, israelense, na final, em uma Arena do Champs-de-Mars que parecia um estádio de futebol em dia de jogo da França. O presidente Emmanuel Macron estava lá. A ligação que o repórter Marcelo Courrege fez para o pai e a mãe da Bia logo após a vitória foi um dos momentos mais emocionantes da edição.

2) Na ginástica artística, a expectativa era sobre a volta da estrela Simone Biles, que foi muito corajosa em 2021 ao abandonar os jogos de Tóquio para priorizar sua saúde mental. Em seu horizonte, a maior oponente vem de Guarulhos, São Paulo. No individual geral, Rebeca Andrade competiu ponto a ponto com a norte-americana e venceu outras tantas atletas de alto nível. Mas foi o ouro no solo e a reverência de Biles (prata) e Jordan Chiles (bronze) no pódio que coroou a vitoriosa participação da guarulhense na Olimpíada. A maior medalhista olímpica do Brasil agora tem sua história contada por veículos de todo o mundo. E que história! Rebeca foi criada pela mãe, dona Rosa, longe do pai e junto de 7 irmãos. Elas contavam com a ajuda do irmão mais velho para levar Rebeca de bicicleta ou a pé para os treinos, quando não tinham dinheiro para a condução.

3) E mais um exemplo dos paralelos entre o esporte e a vida real é a história da atleta paranaense Flávia Maria de Lima, que disputou os 800m rasos no atletismo. Enquanto se preparava para representar o Brasil, ela encarou uma disputa judicial com o ex-marido em torno da guarda da filha de 6 anos. Segundo o que contou para o Globo Esporte, suas participações em competições foram protocoladas como evidências de abandono da filha. Seu caso toca em cada mulher que vive em busca do equilíbrio entre a carreira e a maternidade. Nas pistas e fora delas, ela tem a minha torcida.

Se tem algo que essas mulheres e suas trajetórias nos lembram é de que, em nossa essência, somos todos seres humanos, mesmo quando nossas habilidades parecem “de outro mundo”, como é o caso de muitas delas. E, de todas as lições para aprender aqui – a garra, a resiliência, a serenidade –, comemorar as conquistas é a que eu pretendo levar para o meu dia a dia profissional, no escritório comercial em São Paulo. Vibrar, se emocionar e bater no peito: “eu consegui!”

Que a gente possa aprender com as atletas a celebrar nossas merecidas vitórias.

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