64% das brasileiras 50+ têm dificuldade para serem contratadas
Pesquisa da Amarelo, apresentada em parceria com o Coletivo 45+, traz dados sobre autoestima, trabalho e preconceitos contra mulheres maduras
64% das brasileiras 50+ têm dificuldade para serem contratadas
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Meio & Mensagem
5 de setembro de 2024 - 17h27
O Coletivo 45+, em parceria com a Amarelo, acaba de divulgar os resultados de uma pesquisa sobre as mulheres entre 50 e 59 anos no Brasil. O estudo apresenta dados sobre o cenário de etarismo no mercado de trabalho para a faixa etária e traz preconceitos sociais que muitas vezes se tornam obstáculos para a conquista de postos de liderança.
As publicitárias Lara Magalhães e Thati Bissoli, fundadoras do Coletivo 45+, lembraram que hoje apenas 5% dos quadros das agências de publicidade são de profissionais acima de 50 anos, e que 70% dos profissionais de criação nunca receberam sequer um briefing em que o público-alvo fosse essa faixa etária. “E quando os números são esmiuçados, o impacto nas mulheres é ainda maior”, diz Thati.
As fundadoras afirmam que entender a atual década é fundamental para pavimentar o caminho de valorização da economia prateada nos próximos anos. “Este estudo é um marco para o mercado, pois nos permite parar de generalizar todas as mulheres no 50+ e trazer mais visibilidade para o novo perfil que se formou nessa década”, diz Lara.
A pesquisa foi apresentada pelas executivas no evento “A Década Inédita”, realizado no dia 4 de setembro, em São Paulo.
De acordo com o estudo, o etarismo recai mais fortemente para as mulheres não casadas e desempregadas. A pesquisa mostra que 81% das entrevistadas costumam ouvir o comentário “Você nem parece a idade que tem”, que segundo as sócias da Amarelo, acaba sendo um reflexo de como o repertório sobre a mulher de 50 anda desatualizado.
A maioria dos comentários preconceituosos sobre a idade parte de mulheres mais jovens (61%), e metade do percentual entre homens da mesma faixa etária. Os índices vão se reduzindo nas faixas etárias maiores. “Podemos afirmar que há um preconceito estrutural”, aponta Amanda Abrão, sócia e pesquisadora da Amarelo.
Entre as entrevistadas, 77% são responsáveis totalmente ou parcialmente pela renda familiar. Porém, é no mercado de trabalho onde o etarismo mais incomoda. Quando perguntadas sobre as maiores dificuldades da mulher de 50 no mercado de trabalho, 64% apontam a dificuldade para serem contratadas ou aprovadas em processos seletivos.
Apesar de 67% dizerem estar felizes com a idade que têm, o índice cai para 57% quando a mulher está em busca de emprego nessa faixa etária, assim como o percentual de boa autoestima, presente em apenas 18% das desempregadas. “Mulheres desempregadas infelizmente são as que mais sentem os efeitos de uma cultura que prioriza os jovens”, afirma Mariane Maciel, sócia e pesquisadora da Amarelo.
O estudo destaca que 80% das mães entrevistadas têm filhos com mais de 18 anos, entretanto, a necessidade do cuidado ainda recai sobre elas. 62% têm pais vivos e 51% ajudam a cuidar deles de alguma forma, seja na rotina de cuidados regulares (22%), financeiramente (13%) ou alguma ajuda esporádica (16%).
Nem tudo são desafios. As mulheres entrevistadas também afirmaram que a maturidade trouxe “sabedoria”, “autoconhecimento”, “confiança”, “leveza”, “autenticidade” e “coragem”.
Sobre a menopausa, 66% afirmam já ter entrado no período, enquanto 15% estão no climatério e 14% não apresenta sinais. Entretanto, elas destacam que falta informação, acolhimento e que o tema ainda é considerado como tabu. O tópico também força algumas mulheres a olharem mais para seus corpos.
Mesmo com a autoestima em dia, como afirmam 75% das entrevistadas, algumas ainda reclamam de seus corpos. Para 46%, a relação com o corpo está pior do que estava nos 40 anos. 33% revelam que o que mais as incomodam é o peso, 20% a flacidez, 15% os cabelos brancos, 8% as rugas e 4% a celulite. Sobre os cabelos brancos, o visual ainda não é unanimidade, e apenas 22% o deixam ao natural. 68% afirmam que colorem os cabelos.
Mais de 350 mulheres brasileiras foram ouvidas na pesquisa.
“Muita coisa mudou em relação às gerações anteriores. Mas ainda há um descompasso entre a realidade e a forma como são representadas, narradas e imaginadas pela sociedade. As mulheres de 50 hoje são inéditas”, conta Mariane Maciel.
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