A COP30 e o novo rumo da publicidade brasileira
Que com o olhar de outros países sobre os avanços no Brasil, 2025 seja um marco para um mercado publicitário mais humano, conectado e impactante
A COP30 e o novo rumo da publicidade brasileira
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22 de janeiro de 2025 - 6h31
O ano de 2025 está começando e, junto dele, alguns questionamentos e reflexões sobre como será o novo ciclo têm passado pela minha cabeça.
Se há alguns anos os debates sobre sustentabilidade e DE&I têm feito um ensaio para serem os protagonistas dentro de marcas e empresas, em 2025 devem ganhar ainda mais apoiadores e o mercado publicitário brasileiro enfrentará um momento decisivo.
Com a realização da Conferência do Clima em Belém do Pará (COP30), o Brasil estará no centro das conversas globais sobre sustentabilidade e justiça ambiental. Isso destaca a importância crescente da comunicação responsável e inclusiva neste momento crucial.
Empresas e agências agora se veem diante da necessidade urgente de ajustar suas estratégias para um modelo que una sustentabilidade ambiental e social com avanços tecnológicos para atender às expectativas cada vez maiores dos consumidores conscientes e exigentes.
A COP30 colocará a Amazônia e o Brasil no foco da atenção global, intensificando a pressão sobre marcas para adotarem práticas reais e transparentes de sustentabilidade. O evento trará visibilidade às questões ambientais, mas também abrirá espaço para discutir as contribuições de comunidades locais e saberes ancestrais no enfrentamento das crises climáticas.
O mercado publicitário terá o desafio ainda maior de traduzir ações sustentáveis em narrativas autênticas, que demonstrem compromisso e inspirem confiança, além de enfrentar questionamentos sobre os motivos de seus atrasos com relação ao tema.
Acredito que a realização da COP30 no Brasil também amplificará a conscientização do público sobre as mudanças climáticas, incentivando escolhas de consumo mais responsáveis. As marcas terão que mostrar como estão ajudando a encontrar soluções práticas – seja por meio de produtos sustentáveis de cadeias produtivas ou colaborações com comunidades locais.
Não é segredo que o consumidor do Brasil, especialmente as novas gerações, espera mais do que apenas palavras vazias. Ele quer ações tangíveis e alinhadas aos valores de sustentabilidade e responsabilidade social. Para as agências, isso significa um investimento em campanhas que não apenas informem, mas também engajem emocionalmente.
Um movimento recente é o cruzamento entre diversidade e sustentabilidade. Grupos indígenas, quilombolas e comunidades periféricas, muitas vezes os mais atingidos pelas mudanças climáticas, detêm conhecimentos e práticas que podem servir de inspiração para soluções criativas e sustentáveis.
Integrar essas perspectivas nas iniciativas se tornará crucial para elaborar narrativas mais autênticas e enraizadas na realidade do Brasil. Para além de ser um gesto de justiça, isso se revela como uma estratégia original e distintiva em um mercado cada vez mais competitivo.
Mas é essencial ir além de simplesmente incorporar suas opiniões; é preciso compreender esses grupos como parceiros em busca de solucionar questões empresariais.
A inteligência artificial (IA) e outras tecnologias digitais têm o potencial de impulsionar a criatividade e a sustentabilidade no mercado publicitário; contudo, também apresentam desafios que não podem ser negligenciados.
Embora ferramentas como a IA possam melhorar processos e tornar campanhas mais eficientes, seu uso em largas escalas pode trazer impactos indesejados como o aumento no consumo de energia e aceleração do ciclo de vida dos dispositivos eletrônicos obsoletos.
Além disso, a automação nas campanhas publicitárias pode levar à padronização das mensagens, enfraquecendo o comprometimento genuíno com a sustentabilidade e diversidade. Para que a tecnologia se torne realmente uma aliada da transformação, é essencial que as empresas adotem medidas conscientes para assegurar que a utilização de ferramentas tecnológicas esteja em consonância com seus propósitos de responsabilidade ambiental e social.
Este é um assunto mais do que recorrente em nosso mercado, no entanto, explorado de uma forma na qual os benefícios são, de modo geral, unilaterais. A COP30 reforça a importância de destacar narrativas locais com impacto global. A cultura das periferias brasileiras — rica em expressões como funk, rap, samba e literatura de cordel — será uma fonte inesgotável de inspiração criativa, ao mesmo tempo em que representa um mercado em ascensão.
A periferia não é apenas consumidora, mas também criadora de tendências. Marcas que se conectarem de forma genuína a esse universo terão um diferencial competitivo, especialmente em um momento em que autenticidade e representatividade são imperativos.
Além disso, é mais do que essencial que as marcas passem a olhar, de fato, para a regionalidade do país. A ascensão da cultura periférica frente ao mercado publicitário ganhou muita força nos últimos anos, da estética ao comportamento, no entanto, esse olhar segue limitado para o que é consumido nas periferias do eixo Rio-São Paulo.
Se 2024 foi um ano de debates, reflexões e até mesmo de recuo, com relação a algumas pautas, 2025 promete ser o ano da ação. A COP30 colocará o Brasil no mapa global como um ator-chave na luta pela sustentabilidade e justiça social, e o mercado publicitário terá a oportunidade de liderar esse movimento.
Profissional e pessoalmente, acredito que o futuro da comunicação está na junção de tecnologia, pluralidade e responsabilidade. Caminhos que percorremos e que ainda seguem, de certo modo, desconhecidos.
Que com o olhar de outros países sobre os avanços no Brasil, com o trabalho coletivo e criatividade do povo brasileiro, 2025 seja um marco para um mercado publicitário mais humano, conectado e impactante, onde marcas e agências possam não apenas responder às demandas do público, mas também inspirar mudanças positivas e duradouras.
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