A criação de conteúdo no metaverso
O metaverso, sem dúvidas, ampliará as possibilidades de criação, mas também chamará a atenção para aqueles que entregam, de fato, um propósito
O metaverso, sem dúvidas, ampliará as possibilidades de criação, mas também chamará a atenção para aqueles que entregam, de fato, um propósito
2 de fevereiro de 2023 - 6h17
O metaverso é um termo relativamente novo no mercado e já vem conquistando o seu espaço na internet do futuro. Há muitos fatores que contribuem para que esse universo se desenvolva. Inclusive, tem muita gente botando fé que essa ideia “antiga” vai prosperar por dois motivos: primeiro, porque a realidade virtual está melhorando. E, segundo, porque o conceito ganhou impulso com o blockchain, tecnologia que registra as transações dos usuários.
Essa tecnologia, que é a base principal do funcionamento dos bitcoins e NFTs (tokens não-intercambiáveis), confere lastro às moedas virtuais e gera um registro para qualquer bem. Ou seja, os shows da banda U2 – que ficaram famosos no velho “Second Life”, ambiente virtual que simula a vida real –, nos dias atuais, poderiam ganhar um detalhe que mudaria completamente o jogo. Se o Bono Vox, vocalista da banda U2, por exemplo, entregasse seus óculos virtuais a um fã, esse item teria registro em uma blockchain (da Ethereum, um tipo de blockchain, por exemplo) e poderia ser revendido. Temos, portanto, um modelo de negócios nesse ambiente. Ou, pelo menos, a infraestrutura para o capitalismo acontecer.
Uma pesquisa realizada pela Chainalysis, empresa de análise de blockchain, aponta que os tokens não-intercambiáveis movimentaram mais de R$ 144 bilhões até abril de 2022. Já em 2021, o valor total transacionado foi de R$ 192 bilhões. De acordo com a Grayscale, maior gestora de bitcoins do mundo, o mercado global do metaverso deve atingir US$ 1 trilhão nos próximos anos.
Imagine que você é um creator especializado em moda e acabou de fechar parceria com uma marca importante. Que tipo de publicidade vem a sua mente? Um tutorial no YouTube mostrando como combinar peças? Um stop-motion curtíssimo no TikTok com a música do momento e um look diferente a cada frame? Ou, quem sabe, um “story” no Instagram, celebrando a chegada do pacote, seguido pelo unboxing de recebidinhos? Reféns das plataformas, sempre acabamos seguindo os padrões e regras de cada uma. No metaverso, isso tudo cai por terra.
Em vez de apenas imagens e textos, o creator poderá criar a experiência de um desfile. Ou, então, colocar um provador em um lugar movimentado desse universo e oferecer aos transeuntes a possibilidade de experimentar algumas peças. Quem sabe até fazer uma promoção e distribuir brindes virtuais – itens que estarão devidamente registrados no blockchain –, que poderão, ainda, ser revendidos futuramente.
Enfim, o céu é o limite para a criatividade e as oportunidades que os criadores e as marcas conseguirão desenvolver em um ambiente como este, totalmente aberto e sem layout pré-definido por uma rede social.
Se os criadores de conteúdo terão novas possibilidades nesse universo, então para as marcas não seria diferente. No metaverso, os indivíduos poderão ser literalmente quem elas quiserem. Um estudo global da Momentum Worldwide mostrou que 80% das pessoas que usam o metaverso já se sentem mais incluídas nele do que na vida real. A pesquisa também diz que 79% dos usuários do metaverso têm a sensação de serem mais aceitos por quem eles são, e não por sua aparência dentro deste espaço.
Esse mesmo estudo aponta que 85% dos usuários desse universo gostam de poder mudar sua aparência por lá. Suas identidades podem ser construídas com a imagem que elas tiverem a intenção de passar, a partir das bandeiras que elas levantam e espelhando seus ideais. Mais do que nunca, as pessoas vão alinhar-se às marcas que ajudem-nas a dizer quem são, que deem uma mão para que contem suas histórias da melhor maneira. Que estejam ao seu lado defendendo paixões.
Nesse cenário, mais do que a preocupação em divulgar seus produtos, essas companhias precisarão se preocupar também em entregar valor, responsabilidade social, representatividade, antirracismo, preocupação com a diversidade, ambiente colaborativo, acesso a novas experiências, parcerias genuínas com creators que compartilhem de seus ideais.
Tudo isso faz parte dos fatores que as marcas terão que aderir para continuarem relevantes nesse universo. O metaverso, sem dúvidas, ampliará as possibilidades de criação, mas também chamará a atenção para aqueles que entregam, de fato, um propósito.
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