A criatividade está em crise ou é o relacionamento agência-cliente?
Agências são escolhidas por ideias e são “demitidas” por relacionamentos
A criatividade está em crise ou é o relacionamento agência-cliente?
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8 de outubro de 2024 - 14h02
Muito se fala que a criatividade brasileira está em crise.
Não é o que os números mostram.
O Brasil é o terceiro país mais premiado em Cannes. E, ano após ano, o país se destaca no Effie, prêmio máximo da eficácia criativa, batendo recordes de inscrições e de premiações, comprovando que soluções criativas dão resultado. E muito.
Então, o que está em crise?
Na minha opinião, é o relacionamento entre agência e cliente.
Agências são escolhidas por ideias e são “demitidas” por relacionamentos.
O que um bom cliente e uma agência criativa querem é a mesma coisa: um trabalho que gere conversas, que impacte as pessoas e os negócios. Então, por que há tanto “burnout” e processos difíceis?
Na maioria das vezes, o que impede uma boa ideia de ser aprovada não é a falta de verba, mas a falta de um bom relacionamento.
As melhores ideias, como tudo o que é inusitado e novo, causa desconforto e é preciso coragem e confiança na parceria para fazer acontecer. Como líder criativa, eu sei que o dia a dia é difícil. Para piorar, deadlines agressivos e margens menores aumentam os conflitos.
Mas é preciso ser intencional nas relações. E existe treinamento para isso.
Recentemente participei, aqui em Chicago, de um curso com o Bunnell Idea Group – BIG – com foco em dicas práticas para acelerar a confiança entre agência e clientes e, como resultado, a formação de líderes com poder de inspirar mais, influenciar mais e colocar em prática ideias mais criativas e eficazes.
Vou listar aqui alguns temas discutidos:
– Ter um bom relacionamento não significa deixar o cliente confortável nas reuniões. Uma boa ideia traz perguntas desconfortáveis, e é preciso ter a porta aberta para o diálogo, sem perder a valorização da escuta e a agilidade necessária para a mudança de rota.
– Notícias ruins acontecem e devem ser encaradas como uma oportunidade para aprofundamento das relações.
– Quando agência e cliente colaboram como um organismo único, não estamos vendendo uma ideia, mas, construindo uma visão de futuro juntos.
– Otimismo é fundamental e uma atitude positiva ajuda a acelerar mudanças em vez de ancorar problemas.
Você, amigo ou amiga cliente, conhece a cultura da sua agência-parceira? Conhece os líderes que trabalham com a sua marca? Existe confiança? Transparência? O diálogo é aberto? As reuniões são inspiradoras? Existe otimismo? Você está realmente aberto a ouvir outros pontos de vista?
Você, amiga ou amigo líder de agência, está praticando a escuta ativa com os seus clientes? Conhece os reais problemas de negócios, sabe o que deixa o seu cliente acordado à noite? Procura pensar proativamente em soluções? A sua equipe se prepara para fazer as perguntas necessárias, mesmo que difíceis, em uma reunião?
Aqui nos Estados Unidos ou no Brasil, um relacionamento transparente e de confiança entre agência e cliente é o maior prêmio que um criativo pode ter. Porque é a certeza de que muitos outros prêmios virão.
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