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A grande distância entre o universo feminino e a tecnologia

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Opinião

A grande distância entre o universo feminino e a tecnologia

O incentivo para nosso engajamento com o universo tech definirá qual o papel dele na vida das mulheres


19 de julho de 2022 - 11h45

(Crédito: Oqvector/Shutterstock)

Estar conectado à internet e às inovações tecnológicas nunca foi tão essencial para que as pessoas possam executar suas atividades diárias. A cada 10 internautas, 7 admitem se sentirem perdidos quando não conseguem acessar à internet, segundo dados do estudo TG.net. Ao mesmo tempo, mais de 58% das pessoas confirmam que a qualidade do contato humano foi melhorada com a tecnologia, de acordo com dados do Target Group Index.

Além de sinalizar certa ansiedade pela necessidade por conexão, essas declarações poderiam nos levar precipitadamente à conclusão também de que o público em geral já atingiu um alto nível de familiaridade com o assunto tecnologia.

À medida, porém, que buscamos entender a relação de pessoas e organizações com o universo das inovações tecnológicas, percebemos uma larga amplitude nos graus de maturidade e interesse relacionados ao tema. Esta heterogeneidade de comportamentos varia entre as diferentes geografias do país, por gerações e entre homens e mulheres.

A distância ainda existente entre o universo feminino e o da tecnologia no Brasil é talvez um dos mais significativos. Começando pelo mercado de trabalho, no qual, por exemplo, as mulheres representam apenas 19% entre aqueles que declaram trabalhar em áreas de tecnologia da informação. Um ponto merece destaque: a geração que traz mais volume ao setor e a participação feminina são os millennials, onde mulheres correspondem a um pouco mais de 21%. Se reservamos a análise apenas entre os trabalhadores baby boomers e a geração X, a participação feminina é de apenas 12%.

Já do ponto de vista global, a indústria de tecnologia – ou pelo menos seus maiores players – também esperam evoluções de gênero nos próximos anos. Um levantamento da Deloitte Global prevê que as grandes empresas globais de tecnologia, em média, alcançarão quase 33% de representação geral feminina em suas forças de trabalho em 2022, um pouco mais de 2 pontos percentuais em relação a 2019.

Ao mesmo tempo em que vemos um movimento entre gerações, notamos que mulheres se destacam e alcançam posições de liderança no setor, mantendo a proporção da base também no topo. No Brasil, entre diretores e gerentes no setor, 19% são mulheres. Isto significa que, ao aumentar o volume de mulheres atuantes no setor, naturalmente damos chances iguais para mais delas alcançarem posições de liderança. Assim como entre os homens, 26% das mulheres atuantes no setor se declaram em posições de liderança.

Notadamente, este é um setor emergente e crescente, que tem se adaptado às novas demandas de mercado tanto em termos de flexibilidade de local de trabalho, como também em relação a modelos de contratos. Entre todos os setores, é o que possui um maior volume de trabalhadores no modelo de home office ou híbrido, enquanto entre o total de trabalhadores temos apenas 25% na situação mencionada. Dentro da tecnologia, temos 79% com a flexibilidade de não precisar se deslocar todos os dias para o trabalho. Coincidentemente, é um modelo de trabalho que se adequa muito à rotina de homens e mulheres, e a necessidade de cumprir jornadas laborais, domésticas e familiares.

A evidente distância entre o universo feminino e a tecnologia vai ainda além deste olhar da presença no ambiente laboral ao envolver a necessidade de despertar interesse e engajamento, assim como evidenciar que mulheres também podem e conseguem trafegar pelo assunto com alta performance.

Definitivamente, o volume de mulheres e homens conectados e executando atividades online são realmente muito similares e equilibrados. Apenas para citar alguns exemplos: aproximadamente 92% de cada um destes grupos acessam à internet, e 88% assistem a vídeos online em um período de 7 dias.  O que muda então é a forma como se relacionam com as novas tecnologias e o respectivo grau de engajamento.

Quando questionadas a respeito dos temas de interesse quando conectadas ou consumindo mídia, apenas 20% apontam que conteúdos de tecnologia chamam a sua atenção. Entre uma extensa lista de 15 opções, fica em penúltimo lugar, à frente apenas de automóveis. Dentro do universo masculino, o assunto tem muito mais destaque, com relevância para 40% dos homens, e ficando somente atrás de outros mais populares como esportes, notícias, humor, estudos acadêmicos/educação, política e automóveis.

O tema ainda ganha mais adesão entre os públicos mais jovens. Entre as mulheres da geração Z, mesmo ainda menos atrativo que entre os homens, também ganha evidência, conquistando a preferência de 27% delas à frente de conteúdos relacionados à política, turismo, meio ambiente, finanças e automóveis. Entre os homens desta mesma faixa etária, figura nos top 5 e atrai 46% deles.

Assim, dentro desse contexto, à medida que começam a ser estimuladas para aprender e experimentar mais neste território, as mulheres estão dispostas a desbravá-lo de maneira mais profunda e por consequência se sentem mais confortáveis na sua capacidade de se tornarem referência no assunto. Entre as jovens da geração Z, 34% dizem que amigos frequentemente pedem sua opinião quando vão comprar equipamentos eletrônicos e 63% se dizem sempre preocupadas em manter-se atualizadas com as inovações tecnológicas.

O incentivo para que mulheres se interessem e se percebam dentro do universo da tecnologia, em qualquer faixa etária, mas principalmente entre as mais jovens, naturalmente as levará a querer frequentar mais este espaço, com maior envolvimento, possibilidade de escolhas e propósitos sobre o papel que o tema ocupará em suas vidas e na sociedade.

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