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A importância de se reconhecer em um anúncio de beleza

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Opinião

A importância de se reconhecer em um anúncio de beleza

Se em 2004 os padrões inalcançáveis de corpos perfeitos estavam na TV, nas revistas e nos sites de beleza e celebridades, agora eles estão nas redes sociais


15 de abril de 2024 - 15h21

(Crédito: Divulgação)

Eu me lembro exatamente do impacto de, em 2004, finalmente ver uma campanha que retratasse mulheres de verdade. O quão corajoso e transformador era poder olhar e me reconhecer em um anúncio de uma marca de beleza. Os estereótipos, os corpos com padrão inatingíveis e a falta de representatividade na publicidade eram ainda mais comuns do que hoje em dia. Na época, um estudo realizado por Dove mostrou que só 2% das mulheres se consideravam bonitas. A partir dessa realidade, Dove criou a Campanha pela Beleza Real, considerada um verdadeiro divisor de águas ao retratar a beleza de maneira real e diversa.

Pode até parecer que 20 anos é um bom prazo para uma mudança estrutural, mas ainda existe uma longa trilha a percorrer até que a indústria da comunicação garanta que haja mesmo diversidade nos anúncios. Se em 2004 os padrões inalcançáveis de corpos perfeitos estavam na TV, nas revistas e nos sites de beleza e celebridades, agora eles estão também nas redes sociais, que contam com filtros e manipulação de imagens, com ajuda da inteligência artificial. É só abrir o Instagram ou o TikTok para ver mulheres em padrão artificial, e essas imagens irreais atingem as mulheres cada vez mais cedo.

Este ano, uma nova pesquisa feita pela marca apontou que 34% das brasileiras aceitariam viver um ano a menos se, em troca, ganhassem uma aparência ou um corpo considerados ideais. Fico muito preocupada em pensar que 3 em cada 10 mulheres preferem viver menos a estar fora do padrão. Além disso, mesmo sabendo que as imagens das redes sociais são manipuladas, 1 em cada 3 mulheres se sente pressionada a mudar a aparência, instigadas por essas postagens.

Mesmo que apareçam diferentes corpos vez ou outra, os conteúdos tóxicos de beleza ainda são maioria e estão por toda parte. No Brasil, 95% das mulheres adultas e 92% das jovens dizem ter sido expostas a esse tipo de material.

Até o próximo ano, acredita-se que 90% do conteúdo online será gerado por inteligência artificial. Essa tecnologia virou o tema do novo filme de Dove, criado para comemorar as duas décadas da campanha que deu o pontapé inicial no questionamento sobre padrões de beleza. “O Código Dove” traz uma provocação direcionada às ferramentas de IA generativa, que têm mudado o dia a dia de muitas áreas, incluindo o marketing. A peça traz a pergunta: “que tipo de beleza queremos que a IA aprenda?”. Se a inteligência artificial generativa cria a partir do que é ensinada com dados pré-existentes, o tipo de conteúdo que vamos usar para alimentá-la é muito importante.

Se o banco de dados tiver mais imagens de mulheres consideradas perfeitas, de acordo com o padrão de beleza que Dove vem questionando há anos, esse padrão vai se perpetuar e a diversidade nunca será retratada como deveria. Por isso, “O Código Dove” acrescenta uma única informação ao prompt para fugir dos estereótipos e dos padrões inalcançáveis: a expressão “de acordo com a Campanha Dove pela Beleza Real”. Ao colocar esse comando, a diversidade se torna presente nas imagens geradas artificialmente, com corpos de diferentes tamanhos, idades e cores, como vemos nas ruas, no trabalho e entre as amigas.

Isso mostra a transformação profunda que a marca causou na visão que temos da beleza. É uma mudança significativa em conceitos e padrões que perpetuam há anos. Poucas marcas fizeram algo tão estrutural no mundo e se conectaram a uma causa de uma maneira tão verdadeira como Dove com a Beleza Real.

Seguindo esse conceito, Dove firmou o compromisso de não usar IA para gerar, distorcer ou alterar imagens de mulheres em sua comunicação, já que essas ferramentas acabam criando mulheres irreais, com padrões impossíveis de serem atingidos. A marca ainda garantiu sempre utilizar a beleza real em tudo o que faz.

Dove defende que a beleza seja uma fonte de confiança e que a realidade empodere as mulheres e não gere ainda mais ansiedade. Já mudamos os padrões de beleza das dois últimas décadas e vamos continuar nesta jornada para mudar o mundo que deixaremos para os nossos filhos (e principalmente nossas filhas). Dove quer agora construir a beleza real do futuro e deixar esse legado também para os próximos 20 anos.

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