A maturidade é sexy
"Amor Traiçoeiro”, “Amores Solitários”, “Tudo em Família” e “Uma Ideia de Você” mostram que a mulher madura atual quer mais é curtir e ser feliz enquanto durar
"Amor Traiçoeiro”, “Amores Solitários”, “Tudo em Família” e “Uma Ideia de Você” mostram que a mulher madura atual quer mais é curtir e ser feliz enquanto durar
25 de fevereiro de 2025 - 9h07
Se vocês são mulheres antenadas, como tenho certeza de que são, já perceberam que 2024 foi o ano em que filmes e séries que retratam mulheres maduras com parceiros mais novos explodiram na telinha.
A série italiana “Amor Traiçoeiro”, na Netflix, foi um sucesso total, mesmo com um ator ligeiramente canastrão e uma trama previsível. Já “Amores Solitários”, com a sempre competente Laura Dern, é mais plausível e um pouco mais honesto.
“Tudo em Família”, com Nicole Kidman, e “Uma Ideia de Você”, que mostra a incrível Anne Hathaway tirando sua lingerie em um hotel de Nova York para um menino de 24 anos, também bombaram neste ano. Não vou falar de “Babygirl”, porque esse filme transcende a diferença de idade e merece um artigo só para ele.
E 2025 começa com Bridget Jones viúva, se envolvendo com um garoto 20 anos mais novo. Se tiraram Marc Darcy de cena (particularmente, não gostei), talvez queiram mostrar a heroína dos anos 2000 com 51 anos, muito mais segura do que era aos 30.
Além de cenários idílicos, essa leva de filmes (que agrada em cheio à nossa geração) retrata mulheres bem-sucedidas e separadas, viúvas ou solteiras, com filhos grandes ou sem filhos, que não buscam mais o amor de suas vidas, mas sim uma nova paixão. Ou que simplesmente querem um parceiro animado e divertido. Em todos eles, as protagonistas geralmente passaram por relacionamentos longos e carregam uma bagagem considerável, que também inclui um certo cinismo e algumas decepções.
Esse cenário é novo, inclusive para nós, que crescemos em meio ao “boom” de comédias românticas com Meg Ryan, em que as protagonistas eram sempre mulheres em busca do “final feliz” com o parceiro dos sonhos. Os anos se passaram e, provavelmente, Sally também está na menopausa, sem sabermos se ainda está ao lado de Harry.
Somos espectadoras de todas essas histórias e sabemos que muitos “finais felizes” não foram tão felizes assim, que os “parceiros dos sonhos”, para serem realmente dos sonhos, demandaram muita terapia e construção diária, e que o anel de noivado ficou anos-luz para trás.
Mas, mesmo que Hollywood tenha descoberto esse nicho, em que a paixão por homens mais novos surge sem grandes expectativas, o roteiro parece o mesmo. Interessante que todas as protagonistas começam as relações relutantes e com vergonha dos filhos, dos ex-maridos e do círculo de amigos. Morrem de medo da filha julgadora, que agora não tem como não ver a mãe como uma pessoa que gosta de sexo.
Interessante ver que esse movimento das “maduras sexy” aparece justamente no momento em que a menopausa é escancarada em todas as redes sociais, e que a sexualidade da mulher de 50 anos não só é mostrada, mas também detalhada.
Não sabemos se a personagem de Nicole Kidman usa lubrificantes ou faz reposição hormonal, se sofre dos infames fogachos ou se ela também esquece do que foi fazer na cozinha. Será que Bridget vai ter vergonha do corpo agora, aos 51 anos? Será que tem incontinência urinária e faz seus exercícios pélvicos?
O que temos certeza é que ninguém espera mais os anéis de noivado, nem tem planos de “felizes para sempre”.
Esses filmes e séries mostram que a mulher madura atual quer mais é curtir seus novos relacionamentos e ser feliz enquanto dure.
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