25 de abril de 2022 - 0h14
(Crédito: GoodStudio/Shutterstock)
Muito se falou no SxSw deste ano sobre a volta ao mundo presencial.
Há grande expectativa sobre como vamos nos reconectar ao trabalho, aos amigos, e à nossa vida fora das telas. A expressão IRL (“in real life”) nunca fez tanto sentido, não é mesmo? E é interessante ver como já pensamos nestes momentos de conexão de um jeito diferente e como já tentamos encontrar um novo significado para os encontros presenciais.
Priya Parker, escritora e especialista americana em mediação de conflitos, resumiu bem para mim o porquê de voltarmos a reunir pessoas: “make sense and make meaning”, que vou traduzir livremente como “dar sentido e significado”, a nós mesmos e às diferentes comunidades que habitamos (o trabalho, os amigos, a família).
No mundo do trabalho, certamente iremos ressignificar muitas coisas.
Ir ao escritório para ficar olhando para uma tela (coisa que muitos já estão fazendo) é frustrante. Olhando aqui do meu cantinho, ir presencialmente pro trabalho vai servir para duas coisas:
– Colaborar com um propósito claro (montar uma apresentação, fazer um brainstorm, resolver um conflito);
– Socializar (encontrar as pessoas, construir o senso de pertencimento, criar confiança entre times).
Confiança, aliás, é a palavra da vez. Em tempos de grande ambiguidade e incerteza, ouvi vários pensadores que respeito vaticinarem: chega de gestão pelo conflito e pela insegurança. Não estou falando de deixar todo mundo “no quentinho”, mas sim de dar segurança aos times para que eles possam despender sua energia em elevar a barra de seu trabalho e responder aos desafios de negócios que crescem a cada dia.
Empresas que entendem este novo momento serão os novos “foguetes” (Sheryl Sandberg cunhou o termo): elas buscam crescer exponencialmente para que se crie espaço para mais gente, ao invés de estimular a disputa interna. Ao mesmo tempo em que desenvolvem suas asas, elas cultivam suas raízes e sua cultura. Sabem que não existe alternativa pra seguirem relevantes se não se tornarem representativas do mundo diverso que habitamos (o que significa pensar e implementar programas de representatividade, inclusão e retenção). E elas entendem que não podem tirar das pessoas a autonomia e a flexibilidade que o home office trouxe.
Mais ainda, empresas-foguete têm um alto nível de autoconhecimento. Elas refletem sobre como o poder está distribuído dentro delas e se isso traz algum privilégio. Discutem como se dá o processo de tomada de decisão e conseguem aprender com as decisões erradas. Cuidam para que não haja viés nos processos de contratação e prestam atenção sobre como as pessoas se desenvolvem dentro delas.
Por fim, empresas-foguete têm afeto e sensibilidade. E utilizam essas habilidades (que nós, mulheres, temos de sobra) para desenvolver seus times e criar um ambiente de trabalho saudável, em que os colaboradores queiram permanecer.
Como disse Reggie Fils-Aimè, ex-presidente da Nintendo: “um CEO precisa se envolver com sua empresa tanto quanto famílias precisam estar envolvidas na educação de seus filhos”. Tem melhor chamado do que esse por mais lideranças femininas?