As Olimpíadas estão aí. Vamos fazer história com as mulheres?

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Opinião

As Olimpíadas estão aí. Vamos fazer história com as mulheres?

Em poucos dias, Paris será o centro do esporte mundial. Que tal aproveitar a oportunidade para acompanhar como as mulheres estão evoluídas e em altíssimo nível?


22 de julho de 2024 - 7h15

(Crédito: Shutterstock)

Dia 26 de julho marca o início de mais uma edição dos Jogos Olímpicos de verão, em Paris, que esse ano pretende ser histórica. Além de marcar o retorno dos jogos na França depois de 100 anos (a última vez que o país sediou os jogos olímpicos de verão foi em 1924), a edição terá um recorde histórico de participação feminina.

E, aqui, vale trazer o motivo pelo qual esse dado é tão expressivo. A participação das atletas femininas nos jogos sempre foi uma questão e um ponto de discussão. Trazendo os históricos de jogos anteriores, apenas em 1984 as mulheres foram autorizadas a participar das maratonas olímpicas. Em 1996, o COI criou a carta olímpica, citando que, por princípios, era função do comitê incentivar a presença feminina nos jogos. Com a carta, veio também a inclusão do futebol feminino. Mas ainda foi preciso mais 4 edições do evento multiesportivo para chegarmos a de fato ter presença feminina em todas as delegações. É maluco pensar que a edição de Londres, em 2012, foi a primeira com presença feminina em todos os países participantes dos jogos.

Desde 1996, a participação feminina vem realmente aumentando consideravelmente. Mas apenas agora, em 2024, chegaremos mais perto de alcançar a igualdade, com quase 50% de presença para as mulheres, porém com pelo menos 100 homens a mais. Trago aqui o gráfico do COI que mostra a evolução da participação feminina nos jogos ao longo dos anos.

Que o esporte feminino vem se profissionalizando e se tornando cada vez mais competitivo e emocionante, é inegável. Temos as meninas da ginástica em uma forma incrível e com um nível bem acima da ginástica masculina. Mas além da modalidade, nessa edição poderemos ver as mulheres competindo em altíssimo nível em outros esportes. No tênis, por exemplo, os jogos femininos já enchem as quadras e atraem tanta atenção quanto os masculinos. E o que contribuiu muito para isso foi que o tênis foi um dos primeiros esportes a igualar os ganhos entre homens e mulheres. Ganham os atletas, mas ganha ainda mais o esporte, que passa a fazer história com atletas mulheres disputando competições nos mesmos níveis que os homens. Trazendo ainda mais marcos da evolução do esporte feminino, 44% das medalhas olímpicas conquistadas nos Jogos do Rio em 2016 foram para as mulheres. Um reconhecimento de que elas são capazes de atingir os altos níveis que o esporte competitivo exige.

Mas essa edição dos jogos trará ainda mais marcas históricas para as conquistas das mulheres. Teremos pela primeira vez o maior número de atletas mulheres, mas também de narradoras, jornalistas, árbitras… Isso prova que as mulheres podem sim estar em todos as vertentes ligadas ao esporte. Me lembro de ter trazido essa reflexão durante a Copa do Mundo de 2022, mas trago novamente aqui. Eu, além de apaixonada por esporte, sou mãe de dois meninos pequenos, que hoje têm 7 e 5 anos.

Meus filhos me acompanham na paixão pelo esporte, mas também estão crescendo com a evolução do esporte feminino. Ao contrário de muitos homens resistentes que ainda vejo no ambiente esportivo em que trabalho, eles já não estranham uma narração feminina. Nem uma árbitra mulher em um campo de futebol, nem uma jornalista mulher. Torcem pelas meninas, tanto quanto torcemos pelos meninos. Acompanham um jogo feminino com o mesmo entusiasmo que acompanham o masculino. Para eles, tudo é futebol.

Além de quebrar barreiras da inclusão feminina, incentivar o esporte feminino e o respeito a todas as atletas (e adjacências) faz parte de como criamos as gerações futuras. Leve seus filhos também aos jogos femininos. Incentive-os a assistir. Nesse ano, temos um fato inédito: um dos maiores expoentes do esporte brasileiro, o futebol, não se classificou para os jogos com a equipe masculina. Apenas as mulheres brasileiras vão jogar a modalidade nessas Olimpíadas.

Em duas semanas, Paris será o centro do esporte mundial. Que tal aproveitar a oportunidade para acompanhar de perto como as mulheres estão evoluídas e em altíssimo nível nos diferentes esportes? E de quebra, incentive as crianças a assistir as mulheres. Tenho certeza de que vocês irão se surpreender com a reação e  torcida igualitária que os pequenos podem nos proporcionar.

Nos vemos em agosto, quando espero trazer por aqui um retrato dessa participação inédita e da quebra de diferentes recordes. Não tenho dúvidas que teremos realmente muitas mulheres para acompanharmos!

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