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Caráter transformador marca carreira de Christianne Rego

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Caráter transformador marca carreira de Christianne Rego

Com mais de 30 anos no mercado de marketing, a CMO da General Motors na América do Sul revela os maiores aprendizados de sua trajetória profissional


21 de agosto de 2023 - 9h38

Christianne Rego, CMO da General Motors (Crédito: Arthur Nobre)

Experiência profissional é o que não falta na vida de Christianne Rego, atual chief marketing officer (CMO) da General Motors (GM) na América do Sul. Casada há 29 anos e mãe de três filhos, enfrentar novos desafios é parte do DNA da executiva. O maior exemplo disso foi deixar o setor de alimentos, após mais de 30 anos na área, para liderar o marketing de uma das maiores empresas automobilísticas do mundo. “Aceitei o desafio justamente por ele ser diferente”, justifica. Em sua trajetória na companhia, que começou há pouco mais de um ano, a CMO deseja construir e deixar um legado, além de transformar a vida das pessoas pelas quais passar dentro da empresa. “A minha intenção é continuar lá pelos próximos anos, até ter convicção e felicidade de olhar para trás e ver tudo que consegui fazer na GM. Levar a GM para um novo momento de mobilidade, que faz parte da visão da companhia, para mim, é um desafio super bacana”, ressalta.

Esse caráter transformador esteve presente durante toda a trajetória profissional de Christianne, que começou como trainee na Unilever. Formada em administração na Faap, a executiva aprendeu a ter jogo de cintura na Parmalat, ao ter que discutir com diretor de fábricas; tocou temporadas de Páscoa na Kraft Foods; ocupou a presidência de Lucky na PepsiCo, onde liderou um comitê de crise em uma fábrica que pegou fogo; e foi para o Walmart com a missão de fazer a mudança para a marca Big. Segundo Christianne, sua experiência no varejo completou a sua história pelas indústrias, marketing, presidência e varejo. “Me deu uma outra perspectiva, me trouxe uma visão de um negócio super ágil”, complementa. 

Meio & Mensagem – Quais as principais diferenças e desafios que vê na indústria automotiva, em relação às outras nas quais atuou antes? Christianne Rego – Aceitei o desafio justamente por ele ser diferente. Durante as minhas mudanças de carreira, sempre tive um pouco de vontade de sair de alimentos, mas as pessoas te conhecem pela sua história e te chamam para posições semelhantes, pela tua experiência. Quando me chamaram para a GM, pensei “aqui tem um negócio super bacana”, por algumas razões. Primeiro, porque nunca trabalhei com carro, então, é uma categoria nova, tenho que aprender de novo. Adoro coisas novas, desafios. Segundo, o momento da indústria é muito interessante. Temos falado muito, principalmente com GM global, que o futuro será 100% elétrico. Estamos liderando uma transição de carro a combustão para carro elétrico. E isso é uma mudança de hábito do cliente, uma mudança de entendimento de como se dirige, de como se abastece. Temos uma visão também super importante de usar o carro como um device com rodas. É um ciclo de vida super comprido, bem diferente de bens de consumo. No carro tem uma jornada em que você fica junto com esse cliente de três a dez anos. Então, você tem que ter um relacionamento bem diferente do que bens de consumo imediato. Esses são os diferenciais e, para mim, é legal, porque tudo isso é novo e acho que tem muita coisa para aprender.  

M&M – Como uma das poucas mulheres em cargo de liderança na indústria automobilística, como aumentar a liderança nesse mercado? Christianne – Na área de marketing, de todos os lugares em que trabalhei, é a que sempre teve mais mulheres. Faço parte de comitês executivos há muitos anos. Em todas as empresas em que estive, no comitê executivo havia, no máximo, duas mulheres. Isso é um pouco a história do mercado. E a GM também tem, hoje, duas mulheres no comitê executivo, mas tem programas super importantes para que isso mude. No marketing, tem bastante mulher, porque acredito que é uma característica dessa área, mas tem uma evolução super importante lá dentro. Vemos cada vez mais mulheres. Acredito que as pessoas da GM me olham super motivadas. Recebo muitas mensagens, de muitas mulheres, no WhatsApp, no Instagram, dizendo: “Você é uma inspiração”. A evolução lá dentro é visível e fico bem impressionada, porque vejo diretoras de fábrica e de engenharia mulheres. É uma evolução gigante, mas ainda é um caminho que todo mundo está correndo atrás. É um valor que a companhia tem, que é traduzido, inclusive, em ações de consumidor, não fica só nas discussões internas. Fico super orgulhosa de, como mulher, estar liderando isso.  

M&M – Qual foi o trabalho da sua vida? 
Christianne – Tenho muito orgulho e sou muito feliz quando olho para trás e vejo as coisas que fiz. Tenho um histórico de virada. Assumi muitas categorias e marcas que não davam resultado e que fizemos virar o negócio. Mas o projeto que tenho mais orgulho é o Formare, quando fui presidente da Lucky, da PepsiCo. No projeto Formare, tivemos 20 jovens de 16 a 18 anos, muito pobres, fomos até a casa deles para fazer a seleção e montamos uma escola dentro da fábrica da Lucky, com funcionários dando aula para formar esses jovens em técnicos de alimentos. Isso foi em 2012 e a maioria deles continua empregada na PepsiCo até hoje. Me dá um orgulho imenso ver que mudei a vida dessa galera, que aprendeu, tem uma formação e, hoje, tem trabalho. Tenho histórias muito legais de negócio, de marca, mas acredito que isso faz parte do job de um marqueteiro, do trabalho de um executivo. Quando você consegue mudar a vida das pessoas e dar oportunidade para quem não tem, para mim, isso é transformacional. 

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