Respeito e transparência marcam liderança de Cecilia Preto Alexandre
A diretora de marketing das marcas mainstream da Heineken estimula trocas e conversas no time para que todas as pessoas tenham voz
Respeito e transparência marcam liderança de Cecilia Preto Alexandre
BuscarA diretora de marketing das marcas mainstream da Heineken estimula trocas e conversas no time para que todas as pessoas tenham voz
Meio & Mensagem
19 de agosto de 2024 - 13h32
Devido a influências de uma tia que atuava na área, Cecília Preto Alexandre é apaixonada por marketing desde pequena, principalmente pelo marketing de ponto de venda. “Marketing é onde conseguimos ter o direcional estratégico, mover o ponteiro. Tem uma necessidade de alinhar com as outras áreas, porque estamos longe de viver no mundo encantado, tem que funcionar com resultado de negócio”, afirma.
Formada em administração de empresas pela Universidade de São Paulo (USP) e com mestrado em gestão de marketing pela ESSEC Business School, em Cergy, na França, a paulistana acumula mais de 20 anos de experiência, ocupando cargos de liderança em empresas, como Mondelez Internacional, BRF, Kraft Heinz e Heineken. Em março, Cecília deixou o cargo de diretora de marketing da Kraft Heinz Brasil, à frente das marcas Heinz, Hemmer e Quero, para ingressar no Grupo Heineken, como diretora de marketing sênior das marcas mainstream & economy, no lugar de Vanessa Brandão, que foi promovida pela companhia a um cargo global na Amstel.
Apesar de ter mudado de uma empresa de bens de consumo para outra, Cecília comenta que o universo de bebidas é “muito mais quente e dinâmico”, no qual o impacto no market share representa milhões. “É uma constante na nossa vida entender como podemos melhorar e otimizar os nossos planos. Essa foi a grande diferença da mudança. Já tinha isso no universo de alimentos, óbvio, sempre teve, mas aqui em bebidas isso ferve e pulsa diariamente”, complementa.
Vamos engolindo até o momento em que entendemos que não vale mais a pena e que precisamos atuar sobre esses sapos. Isso pode ser simplesmente não aceitar mais aquilo, colocar para fora e, quando não for entendido, sair para buscar oportunidades. Isso aconteceu. Também aconteceu em diversos momentos em que fui aprendendo que precisava colocar a minha voz e me fazer respeitar, começando pelo autorrespeito.
Um dos grandes pontos que nós, mulheres, pela natureza de como fomos criadas de querer sempre agradar, esperamos que o reconhecimento venha de fora, mas precisamos estar bem conosco. Isso é uma jornada. Foi nos últimos três anos que consegui ter mais essa potência de me aceitar, me respeitar, me colocar como prioridade, sempre fazendo o meu trabalho, focada. Fiquei durante um período engolindo muito esse sapo, até que vi que aquilo estava me sufocando e que precisava externalizar minha voz. Externalizei. Como tudo que acontece na minha vida, tiro um aprendizado. E isso foi um dos maiores aprendizados e, talvez, se não tivesse vivido situações como essa, não estaria aqui.
A primeira coisa que falo é ter respeito. É a base de qualquer relação. Segundo é ter conversas sinceras e transparentes. Não escutamos as pessoas. Estamos toda hora no celular, sendo impactados. Então, quando estou com a pessoa, tento estabelecer um ambiente de confiança grande. Mentoro algumas pessoas que estão no meu time, principalmente as mulheres, que tenho proximidade maior, converso justamente sobre opinião.
Às vezes, as pessoas chegam falando “O que você acha?” e eu desarmo falando “qual é a tua opinião?”, porque, assim, colocamos voz na pessoa. É estimular a troca, a conversa, porque ninguém é mais do que ninguém. Talvez uns tenham mais experiência que os outros. Empoderar as pessoas em algo simples como “qual é a tua opinião?” faz parte. Em uma reunião com o meu time, se o estagiário estiver na sala, será o primeiro a dar a opinião, depois, o analista, o coordenador. Vou puxando e peço que todo mundo fale. Sou a última a falar, porque não é que as pessoas escutam mais a mim ou menos, mas as pessoas têm o direito de falar. Sei que as mulheres, às vezes, podem ter um pouquinho mais de dificuldade em determinadas situações, vejo cada vez menos isso, o que é ótimo. Vejo essa geração mais nova muito mais solta, livre e fluida.
As mulheres vêm galgando muito espaço e precisamos, nesse momento, falar sobre inclusão. Sou mãe de dois meninos e sinto que tenho um trabalho muito forte de formar esses novos seres humanos homens numa sociedade igualitária e justa. Vejo que já são muito mais abertos e, para eles, não tem razão uma mulher ganhar menos. Um dia desses estávamos numa discussão sobre isso e eles falaram “acho um absurdo uma mulher ganhar menos”, e eu falei: “pois é, mas isso ainda existe, meu filho”.
Trago esses diálogos e, hoje, para qualquer pessoa, principalmente, qualquer mulher que me ligue, falo: “pode ser agora”. É sobre disponibilidade. É um caminho dolorido. Tive que engolir sapos e depois desengolir, e fui levando com leveza. Sou obrigada a retribuir e minha forma é estando disponível, fazendo mentoria, conversando, estimulando, fomentando e acreditando no potencial dessa mulherada, porque acredito que temos que ser iguais. Tenho reunião mensal com meu time, que chama Get Together, na qual mostro resultados, falo dos planos, mas sempre trago alguém para impactar, falar algo diferente. São conversas para inspirar o time.
Compartilhe
Veja também
Como as marcas podem combater o racismo na publicidade?
Agências, anunciantes e pesquisadores discutem como a indústria pode ser uma aliada na pauta antirracista, sobretudo frente ao recorte de gênero
Cida Bento é homenageada pela Mauricio de Sousa Produções
A psicóloga e ativista vira personagem dos quadrinhos no projeto Donas da Rua, da Turma da Mônica