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Como Renata Petrovic está conduzindo a inovação no Bradesco

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Como Renata Petrovic está conduzindo a inovação no Bradesco

Executiva fala ainda sobre as mudanças de rota na carreira, da maternidade ao empreendedorismo, do caminho internacional à transição de área


31 de janeiro de 2025 - 9h25

Renata Petrovic, head de inovação do Bradesco (Crédito: Divulgação)

Apesar de estar à frente do hub de inovação do Bradesco, a área é um campo recente na trajetória profissional de Renata Petrovic. Formada em administração, a profissional trilhou um caminho no marketing de diferentes setores e em diversos países. Começou na Ford Motor Company, onde permaneceu por 12 anos, metade deles trabalhando fora do Brasil, em países como Inglaterra, Estados Unidos e Alemanha. 

“Quando voltei para o Brasil, me casei, tive uma filha, que nasceu na Alemanha, e, nesse início de maternidade, decidi sair da Ford. Juntamente com uma amiga da faculdade, fundei uma empresa focada em pesquisa e inteligência de mercado, especialmente voltada para o público feminino”, conta. Com a chegada da segunda filha e as dificuldades financeiras do empreendimento, Renata decidiu voltar para o mundo corporativo. 

Passou um breve período na Toshiba, implementando a área de inteligência de mercado, mas logo foi convidada para ser head de customer insights no Banco HSBC, no Brasil. “Após um ano e meio, assumi a liderança do marketing do banco, permanecendo lá por cinco anos, até a compra do HSBC pelo Bradesco”, lembra. Nessa fusão, Renata decidiu seguir um caminho diferente: a inovação aberta com startups, área que estava em crescimento no Bradesco. De lá para cá, já faz oito anos que está nessa área, primeiro como head do Inovabra e, mais recentemente, como head de inovação.  

Qual o momento atual da inovação no Bradesco? 

O Bradesco está passando por uma transformação de grandes proporções desde o ano passado, quando Marcelo Noronha assumiu a presidência. O banco, que antes era dividido em áreas e departamentos relacionados a produtos específicos, agora está estruturado em unidades de negócios. Temos unidades de atacado, varejo, wealth (alta renda), negócios digitais e crédito, além de uma área de atendimento digitalizado. Cada unidade de negócio tem desafios específicos, e a inovação apoia todas elas. 

Entre os desafios estratégicos, destacam-se a redução do custo de serviço e a ampliação da penetração de produtos no mercado de afluentes. Também trabalhamos para melhorar as modelagens de crédito, ampliando a oferta sem aumentar o risco. A inovação traz provocações sobre tendências e mudanças no Brasil e no mundo, ajudando a resolver esses desafios. 

Além disso, a inovação apoia a área de tecnologia, essencial para a transformação, auxiliando em questões de modernização e arquitetura. Trabalhamos com empresas que aceleram o time to market e tornam os desenvolvimentos tecnológicos mais rápidos. 

Como vocês estão se adaptando à transformação do setor financeiro frente às novas tecnologias como a IA e o Drex? 

Somos parte de todo esse processo. O Bradesco é um dos líderes no uso de inteligência artificial, especialmente a IA generativa. Fomos pioneiros na aplicação em massa da IA com a Bia [chatbot movido a inteligência artificial do banco], e seguimos atualizando nossas plataformas com as novas tecnologias. Estamos também envolvidos no desenvolvimento do Drex. O Bradesco participou do primeiro piloto e agora estamos na segunda fase, com dois projetos: crédito colaterizado com CDB tokenizado e debêntures tokenizadas, em parceria com outros bancos e grupos de trabalho. 

Além disso, temos diversas iniciativas na área de ativos digitais. A inovação desempenha um papel fundamental, pois garantimos que o banco esteja tecnologicamente habilitado para transacionar na era dos ativos digitais. Testamos novas plataformas e tecnologias para que o banco esteja preparado para atuar na rede Drex, em plataformas de DeFi e de tokenização. Como Inovabra, fazemos esses pilotos e experimentações, assegurando que o banco esteja à frente. 

Sabemos que o setor das startups ainda é predominantemente masculino. Como o Bradesco avalia a questão da diversidade dentro do seu ecossistema de inovação? 

A política de diversidade e inclusão no Bradesco não se limita à área de inovação, ela está presente em todas as áreas do banco. Existem políticas e grupos dedicados a isso, como na área de tecnologia, onde temos uma parceria com uma empresa que oferece treinamento especializado para preparar mulheres para atuar na área, com foco no recrutamento de talentos. Essa é uma política institucional do banco, voltada para todas as linhas de diversidade, incluindo gênero, orientação sexual, raça, idade, entre outras. 

Nós não focamos em escolher necessariamente startups fundadas por mulheres. A escolha das startups ou parcerias é baseada na qualidade e robustez da solução. Existem soluções robustas cujas fundadoras são mulheres, e elas são sempre muito bem-vindas, assim como aquelas cujos fundadores são homens ou de outras diversidades. 

No Inovabra, que é o hub de inovação do qual sou responsável, fazemos questão de apoiar startups fundadas por mulheres. Pessoalmente, também faço parte de um grupo de investidoras que investem em startups onde pelo menos 50% do CapTable (Tabela de Capitalização) é feminino. 

Como você descreveria seu estilo de liderança? 

Tento ser útil à equipe de forma que, como dizem, sou quase uma “líder servil”, sempre a serviço do time. Busco orientá-los quando necessário, abrir portas e criar relacionamentos de influência para facilitar o acesso a assuntos importantes. Não tenho a vaidade de achar que preciso ter todas as respostas; estou confortável com o fato de não saber tudo. É a equipe que me fornece o conhecimento necessário. Tenho líderes que são especialistas em suas áreas, e meu papel é orquestrar tudo isso. 

No aspecto pessoal, tento ser o mais acessível possível, para que ninguém se sinta intimidado a trazer más notícias. A segurança psicológica do time é uma prioridade, criando um ambiente acolhedor para que todos se sintam confortáveis. Valorizo muito a colaboração, porque, no Bradesco, acreditamos que não se ganha sozinho. A vitória é em equipe, com ajuda mútua, e todos saem ganhando, pois chegamos mais longe juntos. Esses são os princípios que tento sempre passar para a equipe. 

Quando necessário, também coloco a mão na massa. Embora sempre busque orientar, há momentos em que preciso estar mais presente, e isso é parte da minha liderança voltada para resultados, sem cair no microgerenciamento, que não faz sentido. 

Qual foi o maior desafio de carreira que você já enfrentou? Como lidou com ele?

O primeiro grande desafio foi durante o momento de reintegração, após passar um longo tempo fora do Brasil. Quando morava na Alemanha, tive minha primeira filha e, quando voltei ao Brasil, ela tinha apenas seis meses. Foi um momento de incerteza, pois eu sabia que não queria ser mãe full-time, mas também não me sentia preparada para voltar à vida corporativa em tempo integral. Esse foi um período difícil de me reencontrar, especialmente sendo mãe pela primeira vez. Busquei equilíbrio e flexibilidade, o que me levou a ter uma experiência empreendedora. Depois, com o nascimento da minha segunda filha, senti-me mais pronta para retornar ao mercado, embora tivesse dado alguns passos para trás para poder voltar. 

Outro grande desafio foi a transição para o Bradesco, que envolveu uma mudança cultural significativa. As organizações eram muito diferentes, e, para agravar a situação, eu mudei de área completamente. Trabalhei a vida inteira em marketing e, ao entrar no Bradesco, fui para a área de inovação, um campo mais ligado à tecnologia, com o qual eu não tinha nenhum conhecimento. Isso exigiu que eu começasse do zero, o que foi um desafio pessoal muito grande. Tive que entender como usar minha experiência anterior para contribuir nessa nova área, mesmo sem o background técnico. 

O terceiro desafio foi durante a pandemia, um momento difícil para todos. No ecossistema em que estou, tivemos de garantir que o ambiente continuasse vibrante, mesmo com as pessoas não podendo frequentar o prédio físico. Muitas empresas e startups faliram, o que gerou uma grande reflexão sobre como poderíamos apoiar o ecossistema e ajudá-lo a se manter vivo. 

Qual conselho de carreira você daria para a Renata do passado? 

Se eu olhasse para o começo da minha carreira, perceberia que, quando somos jovens, ficamos pensando para onde queremos ir, mas cheguei à conclusão de que é mais importante sermos intencionais na nossa trajetória. Precisamos saber qual é o próximo passo e focar nele, tanto no desenvolvimento das habilidades e competências necessárias quanto no fortalecimento de relacionamentos e influências. Embora eu não tenha arrependimentos, talvez tivesse sido útil ter um foco maior na intenção e na determinação do próximo passo. É importante se preparar, construir alianças e criar relacionamentos que nos levem ao nível seguinte.  

Um ponto que aprendi é a importância de pedir ajuda ou orientação. Acho que, ao longo da minha vida, usei pouco essa estratégia, talvez por orgulho ou por não querer incomodar. No entanto, percebi que as pessoas gostam de ajudar, e isso cria um vínculo de cumplicidade que é positivo nas relações profissionais. Se pudesse voltar no tempo, teria buscado mais essa ajuda e usado mais os mentores para me apoiar a identificar minhas deficiências, me preparar para os próximos passos e aumentar minha confiança. Isso é algo que, principalmente as mulheres, muitas vezes, enfrentam: a questão da confiança nas próprias competências para seguir em frente. Ter uma visão externa pode ajudar muito nesse processo. 

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