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Da proibição à liderança das mulheres no esporte 

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Opinião

Da proibição à liderança das mulheres no esporte 

Com coragem e estratégias eficazes, elas não apenas enfrentam os desafios impostos pela sociedade, mas pavimentam o caminho para futuras gerações


11 de outubro de 2024 - 8h04

(Crédito: Shutterstock)

Nas últimas semanas, vimos muitas declarações de mulheres reafirmando que nós podemos fazer o que quisermos e ocupar os espaços que bem entendermos. Em março de 2023, eu escrevi um artigo dando luz a esse tema para o segmento esportivo, e novamente esse é um momento importante para resgatar o assunto e trazer mais um panorama histórico. 

No principal campeonato multiesportivo do mundo, as Olimpíadas, as mulheres estiveram proibidas na primeira edição. Em 1900, marcamos presença com apenas 22 atletas femininas na competição, uma representatividade de pouco mais de 4%. Esse número foi crescendo a passos de formiga e, só esse ano, mais de 120 anos depois, chegamos perto de conquistar a equidade dos gêneros com atletas homens e mulheres estando em números próximos para disputar os jogos. 

As mulheres brasileiras foram o destaque nos pódios para nossa nação, dominaram as competições e geraram grande visibilidade para o país como potência esportiva. Foram 12 conquistas femininas das 20 medalhas totais do Brasil, incluindo as três de ouro.  

Quando enxergamos o recorte do futebol, as mulheres tiveram proibição até 1979 para poder jogar a modalidade. Foram 38 anos de veto presidencial em que não podíamos sequer praticar o esporte por pura diversão que poderíamos ser presas. Houve médicos que apontaram que jogar futebol iria contra a biologia da mulher. São apenas 45 anos de liberação, e mesmo assim nos destacamos com diversas medalhas em mundiais, sul-americanos, pan-americanos e olimpíadas com a nossa seleção. 

Nos últimos anos, o cenário esportivo brasileiro tem testemunhado uma transformação significativa com a ascensão de mulheres em posições de liderança. Apesar das barreiras históricas e culturais, que perpetuam um ambiente predominantemente masculino, essas líderes têm mostrado que é possível não apenas ocupar espaços, mas também inovar e transformar o setor. 

Historicamente, o esporte tem sido um domínio masculino, tanto em participação quanto em liderança. As mulheres enfrentaram e ainda enfrentam desafios como preconceito, subestimação de suas habilidades e a falta de representatividade, e no esporte isso é ainda mais enraizado. No entanto, com o crescente movimento por igualdade de gênero em todas as frentes da sociedade, mais mulheres estão se destacando em papéis estratégicos e de liderança. 

Diversas mulheres têm se destacado como CEOs de clubes, federações e empresas esportivas no Brasil. Figuras como Leila Pereira, atual presidente do Palmeiras, e Aline Pellegrino, ex-jogadora e atual executiva da CBF, são exemplos de como a experiência dentro do esporte pode ser convertida em liderança eficaz. Elas não só quebram estereótipos, mas também servem de inspiração para novas gerações. 

Os maiores desafios enfrentados estão, entre muitos, o preconceito de gênero, que faz com que sejam subestimadas em suas capacidades, e suas decisões são questionadas de maneira mais crítica do que as de seus colegas homens. Além da falta de rede de apoio e, no ambiente esportivo ainda carece de redes sólidas de mentoria e apoio feminino, o que pode dificultar o desenvolvimento de carreiras e, ainda, o equilíbrio entre vida profissional e pessoal, uma vez que em muitos setores, as mulheres frequentemente enfrentam a pressão de equilibrar suas responsabilidades profissionais com as demandas familiares e o trabalho invisível que isso acarreta. 

E, para enfrentar esses desafios, nós precisamos criar e construir redes de apoio entre mulheres na indústria esportiva, e essas mulheres precisam dar visibilidade umas às outras. 

A presença de mulheres em posições de liderança no esporte brasileiro é um passo importante para a igualdade de gênero. À medida que mais mulheres assumem funções executivas, o ambiente tende a se tornar mais inclusivo e representativo. Essa mudança não apenas beneficia as mulheres, mas também traz uma nova perspectiva que pode enriquecer o esporte como um todo. 

As mulheres CEOs no esporte brasileiro estão mudando a narrativa em um mercado tradicionalmente machista. Com coragem, determinação e estratégias eficazes, elas não apenas enfrentam os desafios impostos pela sociedade, mas também pavimentam o caminho para futuras gerações de líderes femininas. A luta pela igualdade de gênero no esporte é um reflexo da busca por justiça social, e essas mulheres são protagonistas dessa transformação. 

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