Diversidade: como cheguei, o que aprendi e para onde vou
A construção de uma rede de contatos eficiente envolve não apenas buscar apoio, mas também contribuir ativamente para a construção de um ambiente inclusivo e diverso
Diversidade: como cheguei, o que aprendi e para onde vou
BuscarA construção de uma rede de contatos eficiente envolve não apenas buscar apoio, mas também contribuir ativamente para a construção de um ambiente inclusivo e diverso
12 de janeiro de 2024 - 7h23
Como foi chegar na Visa, trabalhar com marketing e diversidade e, hoje, ver uma fotografia mais real da diversidade dentro da empresa? Tenho o firme propósito de explorar a interseção entre impacto social, diversidade, negócios e cultura. Reconheço que partimos de diferentes origens e trajetórias, mas qual é o nosso ponto de partida? Para amplificar o tema, alguns dados do último Censo Demográfico de 2022 podem ajudar a ilustrar: pela primeira vez, desde 1991, a maioria da população brasileira se declara parda. Ao somarmos aos pardos aqueles que se autodeclaram pretos, indígenas e amarelos, chegamos a 115,25 milhões de brasileiros e brasileiras. Em resumo, o Brasil é um país não branco.
A escolha de iniciar com dados censitários é deliberada, pois é preciso estabelecer uma base factual para as próximas reflexões. Como profissional de marketing com foco em diversidade, vejo-me como uma porta-voz que representa diversas vozes. Nossa jornada não é solitária; é crucial compreender que não se trata de uma trajetória única, mas, sim, de várias.
Costumo dividir minha trajetória em dois momentos: nos 10 primeiros anos, com um trabalho mais focado em marcas, propaganda e eventos, e, nos últimos 12 anos, pensando em estratégias de marketing para os clientes. Foi também nessa segunda metade que, somado ao marketing, comecei um trabalho como voluntária na Rede de Profissionais Negros e posteriormente no grupo Publicitários Negros. A partir dessa experiência nos coletivos, me vi provocada a construir, dentro da Visa Brasil, em conjunto com outros colegas, um comitê de Inclusão e Diversidade, que tinha um olhar para além dos grupos de afinidade.
Além do aprendizado de criarmos um comitê com olhar interseccional, compartilho mais dois aprendizados sobre inclusão e diversidade que acumulei nos últimos anos. O primeiro é o já conhecido “teste do pescoço”, que é uma abordagem simples e reveladora. Basta virar a cabeça de um lado para o outro e responder: quantas pessoas negras ou com deficiência estão ao meu redor? Estão elas trabalhando ou se divertindo? Estão servindo ou sendo servidas? As respostas a essas perguntas revelarão se você está envolvido em um ambiente verdadeiramente diverso.
O segundo aprendizado é a importância de contar com aliados em todos os níveis das organizações e agências, especialmente aqueles que têm ótima habilidade de escuta e um desejo genuíno de construir redes de contatos. Aprendi que a construção de redes está intrinsecamente ligada a oferecer ajuda e solicitar auxílio, pois se limitarmos nossa participação apenas a pedir ajuda, eventualmente, não seremos apoiados. Profissionais abertos e interessados em conhecer e ouvir novas perspectivas e atuar dentro do comitê exemplificam talentos e aliados bem-informados, genuinamente dedicados a refletir a diversidade da realidade brasileira em suas respectivas empresas.
Recentemente, uma parceira que coordena eventos para diversas empresas mencionou que a empresa na qual atuo é uma das mais diversas com as quais já trabalhou. Feedbacks como esse, aliados a dados estatísticos, respondem à pergunta sobre estarmos realmente no caminho correto. Isso reforça a ideia de que a construção de uma rede de contatos eficiente envolve não apenas buscar apoio, mas também contribuir ativamente para a construção de um ambiente inclusivo e diverso. Fica para um próximo capítulo explorar as interseções entre marcas, parcerias e diversidade, abordando-as sob a perspectiva da inovação.
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