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Dos eventos para o out-of-home, com Daniela Zurita

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Dos eventos para o out-of-home, com Daniela Zurita

A nova head de brand experience da NEOOH fala sobre como irá levar sua experiência em live marketing para o setor


14 de janeiro de 2025 - 6h14

Daniela Zurita é head de brand experience da NEOOH (Crédito: Divulgação)

A infância de Daniela Zurita foi bem atípica. Desde criança, ela já morou 20 anos fora do Brasil e em mais de cinco países. “Essa vivência internacional foi muito importante para o meu trabalho, tanto em termos de inspiração quanto no aprendizado de idiomas como espanhol e inglês”, relata. Formada em ciências da comunicação no México, Daniela já trabalhou na Suíça e no próprio México. Tanto que, quando voltou ao Brasil, precisou adaptar seu raciocínio para o português.  

Estagiou na J. Walter Thompson do México e na WMcCann, em São Paulo, onde atendeu a conta do Grupo Globo. Depois, começou a trabalhar com eventos e descobriu uma paixão pela adrenalina da área. Logo, criou sua própria agência, a DZ Eventos, que teve clientes como Visa, Qatar Airways e até mesmo a Fórmula Indy.  

“Com o tempo, a empresa cresceu, mas, com a chegada do meu filho, optei por me dedicar mais à maternidade e passei a atuar apenas na parte de planejamento e entregas para empresas de consultoria”, conta. 

Foi quando surgiu a oportunidade de assumir a área de brand experience na NEOOH como head. Agora, ela traz sua experiência para o out of home, área nova para a líder, mas que tem a ver com seu impulso de conectar conteúdo e entretenimento às marcas e aos clientes. 

Nesta entrevista, Daniela Zurita fala sobre os novos desafios que enfrentará no posto de head, mas também conta um pouco sobre sua infância em diferentes países e o estilo de liderança que cultivou durante esses anos. 

Você teve uma experiência internacional. Como foram essas vivências? 

Minha trajetória internacional começou na infância. Nasci em São Paulo e, em 1986, fui para o Chile, durante o regime de Pinochet. Foi uma experiência completamente diferente de tudo o que vivi no Brasil, com regras rígidas e muitas observações sobre a realidade do país. Na escola, havia uma divisão entre meninos e meninas, o que para mim foi muito novo, já que eu tinha apenas oito anos à época. Fiquei um ano no Chile e depois me mudei para Buenos Aires, onde morei por seis anos. A cultura argentina, com um forte toque europeu, especialmente italiano, foi uma vivência maravilhosa. 

De lá, fui para o Panamá, um país fascinante, ainda com o canal arrendado aos Estados Unidos à época. Foi uma experiência extremamente enriquecedora. Em seguida, fiz duas viagens à Suíça, já que tenho nacionalidade suíça por parte de meu avô. Por último, fui para o México, onde fiz a faculdade de ciências da comunicação. Durante o período no México, também estagiei na W. Thompson, trabalhando na conta da Ford, que era uma marca muito forte no país. Após isso, voltei para o Brasil, onde comecei a me aproximar do mundo dos eventos de maneira mais efetiva. 

Qual foi o maior desafio da sua carreira e como você o enfrentou? 

Conciliar a maternidade com a carreira sempre foi um desafio para mim. Tenho uma filha de 15 anos e, quando trabalhava para a Cielo durante a Copa da África do Sul, precisei viajar três vezes para lá em um período de seis meses. Era uma experiência cultural incrível, mas exigia que eu ficasse longe de casa por um tempo.  

Hoje, a situação é diferente, pois há uma compreensão maior sobre a maternidade e um entendimento melhor sobre a necessidade de trabalhar online em alguns momentos. Acho que as empresas precisam reconhecer essa fase e entender que tanto mulheres quanto homens têm famílias, e que nem sempre é possível cumprir uma jornada tradicional de oito horas. Às vezes, um ou dois dias em casa resolve muita coisa.  

Esse é um dos maiores desafios, mas também vejo que as escolas estão mais abertas e flexíveis, por exemplo, realizando reuniões online com as mães, pois sabem que elas trabalham. Além disso, acredito que ser um exemplo para meus filhos também é algo importante. Quando minha filha me viu em uma reportagem, ela recebeu a matéria de um colega e disse: “Nossa, mami, que orgulho”. Isso me fortalece, porque ser uma inspiração para ela e para o meu filho é algo que valorizo muito. 

Como você descreveria seu estilo de liderança? 

Olha, sou uma pessoa bem acelerada, gosto de falar bastante e rápido, estou sempre conectada. Tenho hábitos bem definidos, durmo tarde e acordo cedo, então fico muito empolgada. Mas, ao mesmo tempo, me considero extremamente humana. Eu me coloco no lugar das pessoas da minha equipe e entendo que, às vezes, a família precisa vir em primeiro lugar. Aprendi a lidar com minha empolgação, com minha agenda apertada, e entendo que nem todo mundo funciona da mesma maneira. Tento me segurar e não me cobrar tanto ao conciliar tudo isso. 

Qual conselho você daria para a sua versão mais jovem? 

Hoje, me sinto muito feliz e realizada com o que conquistei. Quando tinha 26 anos, acreditava que o trabalho deveria ocupar 100% do meu tempo e que isso era a definição de uma carreira de sucesso. Mas, com o tempo, percebi que o verdadeiro sucesso está no equilíbrio entre a vida profissional e familiar, e, principalmente, na saúde física e mental. Acho que todos nós precisamos dedicar uma parte do nosso dia para equilibrar esses aspectos. Sem um, não conseguimos os outros, e focar exclusivamente no trabalho também não é o ideal. 

Quais são suas expectativas para o novo cargo? Quais desafios você enfrentara? 

Estou empolgadíssima, cheia de ideias e com essa vontade de abraçar tudo. O mundo do OOH é novo para mim e, ao mesmo tempo, fascinante. Me inspiro muito no que a NEOOH já fez e no que está planejando fazer. O desafio de começar do zero, criando essa nova área na empresa, me motiva bastante.  

Além disso, a liberdade que tenho para apresentar conteúdos em uma empresa com valores que se alinham aos meus é incrível. Estar em um ambiente rico em valores me traz tranquilidade e, ao mesmo tempo, me dá muita liberdade para criar. Meus colegas, independentemente da área, são muito abertos, dispostos a ouvir e a entender, sempre buscando conciliar e agregar. Fui muito bem recebida, então, estou muito empolgada e inspirada para começar esse novo capítulo. 

Vocês já têm objetivos ou projetos que desejam trabalhar em 2025? 

Temos muitas novidades. Estamos planejando bastante na área de eventos, com conteúdo para os clientes, o que considero essencial. Isso envolve pesquisa e trazer empresários e empresárias, tanto brasileiros quanto de fora, que agreguem valor. Estamos também desenvolvendo a parte de entretenimento e buscando estar cada vez mais próximos dos nossos clientes, entendendo suas necessidades não apenas no aspecto profissional, mas no pessoal. A ideia é pensar no cliente como uma pessoa, não apenas no que ele faz no trabalho, e oferecer algo que ele possa utilizar tanto no dia a dia quanto em sua vida profissional. 

Você trilhou uma trajetória bem sólida em eventos. O que você traz dessa área para o out-of-home? 

Como é algo novo para mim, gosto dessa adrenalina que mencionei sobre eventos. Acredito que faltava um pouco mais de cuidado e criatividade na criação de eventos atrativos para os clientes e para o dia a dia de relacionamento. Acho que é interessante começar com novas ideias, levar adiante esse conteúdo e, principalmente, me colocar no lugar do cliente para entender suas necessidades. Sei que ele tem uma agenda cheia de compromissos, além do trabalho, e meu desafio é pensar em algo ainda melhor, que o tire do trabalho e o leve para o nosso ambiente, onde ele possa entender o que estamos fazendo. 

Quais são os desafios atuais da mídia out-of-home? 

Em São Paulo, no Brasil, a vida é muito corrida, e passamos muito tempo no trânsito. Por isso, algo que te tire de casa precisa ser muito forte, interessante e oferecer uma proposta nova a cada vez. Hoje, o conteúdo é essencial. Estava conversando com alguém hoje de manhã e refletíamos sobre o bombardeio de informações que enfrentamos, com redes sociais, sites, WhatsApp e e-mails. Para atrair alguém, é preciso oferecer algo maior e melhor do que tudo isso, algo que faça a pessoa querer sair de sua zona de conforto para conhecer um projeto. O desafio é convencer essa pessoa a deixar o telefone de lado por uma ou duas horas, oferecendo uma experiência única que agregue ao seu dia a dia. 

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