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E se amanhã você acordasse sem sua principal fonte de renda?

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Opinião

E se amanhã você acordasse sem sua principal fonte de renda?

Historicamente, crenças estruturais desencorajaram as mulheres a assumirem o controle de suas finanças


30 de outubro de 2024 - 9h05

(Crédito: Shutterstock)

Recentemente, elaborei um workshop intitulado “Seu investimento é o que te empodera”, e o título deste artigo é uma das primeiras perguntas que faço.  

Sobre esse conteúdo, muita gente me questiona se investir e garantir sua liberdade financeira não são temas que dizem respeito tanto a homens como a mulheres. Respondo que, de um modo geral, sim, entretanto, historicamente, crenças estruturais desencorajaram as mulheres a assumirem o controle de suas finanças ao fazê-las crer que deveriam priorizar as obrigações familiares, como se uma coisa fosse impeditiva para a outra.  

Definitivamente, por séculos, não houve nenhum indício de que se estimularia uma mentalidade propícia à independência financeira das mulheres. Vemos reflexos no Brasil atual: mesmo detendo a maioria dos diplomas universitários, mesmo representando metade dos chefes de família e quase metade entre os micro e pequenos empreendedores, 47% das mulheres têm medo de lutar pelos seus direitos a favor da liberdade e igualdade, segundo a pesquisa Ipsos Global Advisor 2023. 

Mesmo nas classes mais altas, onde o problema pode ser, por exemplo, não saber como lidar com uma herança, esse caldo cultural está por trás. A consequência é o distanciamento do entendimento e da prática de como funciona o mundo das finanças e dos investimentos. Um mundo ainda a ser desbravado pela maioria das mulheres.  

Recentemente, apresentei esse workshop na 3ª edição do Women Invest Summit, um evento com conteúdo de alto nível voltado para mulheres com diferentes padrões de conhecimento sobre o assunto. Em uma das palestras, a apresentadora perguntou quem estava indo ao evento pela primeira vez. Metade da audiência presente levantou a mão. 

Eventos como esse e dados de mercado, porém, mostram que nem tudo está perdido. Pesquisa divulgada pela B3 registra um aumento de 658% no número de mulheres investindo em renda variável no Brasil nos últimos 5 anos. Nesta mesma pesquisa, fica claro que a disposição para acessar informações é o principal impulsionador para inclusão das investidoras: mulheres estudam mais e tomam decisões mais conscientes.  

A informação também nos leva a um outro estado de consciência, em que é possível planejar. Observamos que, de um modo geral, as mulheres têm fases de vida com alguns traços comuns: aquelas que entram no mercado de trabalho podem ter ambições maiores e querem ter algum lastro financeiro para fazer escolhas melhores; mulheres que se tornam mães se preocupam com o futuro e a educação dos filhos; mulheres que vão se aposentar querem manter seu padrão de vida, entre outros exemplos. 

Essas são abordagens levadas ao workshop, cujo objetivo principal é chamar a atenção para o fato de que, com disciplina e visão de longo prazo, somos capazes de coisas incríveis. E é assim que se atinge a independência financeira, algo que pode transformar a maneira como uma mulher pode conduzir sua vida. 

Concluo este artigo afirmando que nunca é tarde pra começar. Existem várias maneiras de dar os primeiros passos. Questões como fatores de risco, liquidez, acúmulo de capital, ganho de capital, proteção e rentabilidade não precisam ser tão complexos como se imagina. O mais importante, como disse, é ter disciplina e visão de longo prazo.  

Depois desta reflexão, te proponho aquela pergunta: o que aconteceria se amanhã você acordasse sem a sua principal fonte de renda? 

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