ESG e pauta PcD: onde se interseccionam?
Como construir um futuro em que “lucrar” e “regenerar" sejam conceitos normativamente atrelados?
Como construir um futuro em que “lucrar” e “regenerar" sejam conceitos normativamente atrelados?
21 de janeiro de 2025 - 6h27
Em um mundo cada vez mais consciente da necessidade de responsabilidade social e sustentabilidade, a interseção entre ESG (Environmental, Social, and Governance) e a pauta PcD (Pessoas com Deficiência) tem se tornado uma discussão crucial. Dados da CEO Survey de 2024 revelam que 45% dos CEOs acreditam que seus negócios não sobreviverão na próxima década se não se adaptarem às novas demandas do mercado e da sociedade. Este dado alarmante aponta para a urgência de integrar práticas inclusivas e sustentáveis para garantir a longevidade e o sucesso das empresas.
A inclusão das pessoas com deficiência é um componente essencial das políticas ESG. A acessibilidade não deve ser vista apenas como uma obrigação legal ou um gesto de boa vontade, mas como uma estratégia de negócio inteligente e necessária. Ao promover a inclusão, as empresas não apenas cumprem seu papel social, mas também exploram um mercado ainda pouco valorizado e repleto de potencial.
Grandes empresas que investiram em práticas sustentáveis e inclusivas têm registrado aumentos substanciais em sua reputação e engajamento do consumidor. A Google, por exemplo, tem implementado uma série de iniciativas para melhorar a acessibilidade de seus produtos e serviços, o que democratiza o acesso, aumenta o uso das ferramentas próprias da marca e facilita a vida de pessoas com deficiência, além de investir em iniciativas internas de formação e desenvolvimento profissional de seus colaboradores com deficiência, como o programa Asas, divulgado recentemente.
A linha de pincéis acessíveis articulados Make B. do Grupo Boticário, fruto de quatro anos de pesquisa e colaboração com pessoas com deficiência, exemplifica como ESG e acessibilidade podem gerar resultados positivos nos negócios. Composta por acessórios que permitem personalizar a angulação e têm marcação tátil para pessoas com deficiências visuais, a iniciativa demonstra compromisso com a inclusão. Isso não só atende às necessidades de clientes diversificados, mas também reforça a reputação da marca, impulsionando a lealdade do consumidor, destacando-se no mercado e vendendo mais produtos.
Outro exemplo é a PlayStation, que criou controles de videogames adaptados para diferentes tipos de deficiência, o que oportunizou que ela cumprisse seu compromisso social ao mesmo tempo em que atende a um público mais amplo e vende mais produtos, gerando inclusão e lucro. Essas iniciativas são apenas alguns exemplos de que a acessibilidade e a sustentabilidade podem seguir juntas, criando valor para a sociedade e para os negócios.
Além da CEO Survey de 2024, outras pesquisas corroboram a importância de práticas inclusivas e sustentáveis. Um estudo da Accenture revelou que empresas que lideram em inclusão e diversidade superam seus concorrentes em 35% no desempenho financeiro. Isso sublinha a importância de ações imediatas e eficazes para integrar políticas ESG que incluam a pauta PcD.
Em um grupo avançado de estudos, comandado po Erlana Castro, tenho aprendido que lucrar e regenerar com políticas ESG que integram a acessibilidade não é apenas necessário, mas possível, a partir da criação de novas formas formas de se pensar em futuro, sociedade e negócios. As empresas que incorporarem práticas inclusivas e sustentáveis em suas estratégias estarão melhor posicionadas para prosperar em um mercado cada vez mais exigente e consciente. A acessibilidade deve ser vista como uma oportunidade de inovação, inclusão e crescimento.
A verdadeira transformação ocorre quando a inclusão se torna parte integrante da estratégia de negócios, beneficiando não só a empresa, mas toda a sociedade. A interseção entre ESG e acessibilidade plena para pessoas com deficiência é onde reside o futuro dos negócios sustentáveis e justos. Adotar essas práticas é, portanto, um imperativo tanto moral quanto econômico.
Vamos, juntos, construir um futuro em que “lucrar” e “regenerar” sejam conceitos normativamente atrelados, criando um mundo mais acessível e sustentável para todas as pessoas e negócios. Esta é a chamada para ação: inovar, incluir, e regenerar.
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