Fábula climática: quem são os “lobos maus” da contemporaneidade?
Estamos em um mundo dividido onde a indústria dá as cartas, enquanto lideranças indígenas e ambientalistas correm perigo por tentar salvar o nosso futuro
Fábula climática: quem são os “lobos maus” da contemporaneidade?
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15 de janeiro de 2024 - 6h22
Era uma vez, num mundo não muito diferente do nosso, numa Terra vibrante e cheia de vida, uma floresta encantada onde vivia Chapeuzinho Vermelho. Esta Terra era um espetáculo de maravilhas naturais – oceanos azuis, florestas verdes e uma diversidade de vida que dançava sob o sol brilhante.
Nesse mundo existia um vilão sutil e poderoso, o Lobo Mau – aqui uma representação da Indústria de Combustíveis Fósseis. Este Lobo tinha um apetite insaciável por recursos naturais e deixava para trás um rastro de destruição. Um vilão que multiplicava as práticas abusivas contra a floresta de Chapeuzinho Vermelho. Ao poluir e contaminar as águas, estava diariamente consumindo tudo o que era essencial para a vida de Chapeuzinho.
Mesmo sabendo que o dióxido de carbono liberado na exploração dos combustíveis fósseis é um dos principais agentes que intensificam o efeito estufa e provoca alterações climáticas e, consequentemente, danos à vida das pessoas, o Lobo Mau sempre conseguia vestir a pele de cordeiro. Mas como? Com um grande aliado, a Indústria de Comunicação. Formada por um bando de lobos pequenos e astutos, eles eram responsáveis por enganar as pessoas da nossa floresta encantada e fazer com que acreditassem que a indústria de combustíveis fósseis era sua amiga. Eles criaram campanhas cativantes que ocultavam os danos ambientais causados pelo Lobo Mau, gerando confusão e desinformação. E, inclusive, fizeram as pessoas acreditarem que, na verdade, eles estavam gerando prosperidade e garantindo o futuro da população.
Mas Chapeuzinho Vermelho não se deixava enganar, testemunhava a poluição de seus rios, o escurecimento de seus céus e a perda de sua fauna e flora. Ciente do perigo, ela se levantou para enfrentar o Lobo Mau e seus enganosos aliados.
A jornada não foi fácil. Chapeuzinho Vermelho enfrentou uma avalanche de falsidades e propagandas enganosas. No entanto, ela não estava sozinha. Formou uma aliança com cientistas, ativistas e cidadãos conscientes, trabalhando juntos para revelar a verdade por trás das ilusões criadas pelas propagandas milionárias financiadas pelo Lobo Mau.
Chapeuzinho encontrou aliados inclusive dentro da Indústria de Comunicação. Pessoas que estavam em busca de usarem seus talentos para fazer do mundo um lugar melhor, e não apenas deixar o Lobo Mau mais rico. Essa união de forças começou a fazer a diferença. As ações enganosas da Indústria de Combustíveis fósseis foram expostas, e a necessidade de práticas sustentáveis tornou-se mais evidente. As pessoas ao redor do mundo começaram a desafiar as narrativas falsas, exigindo transparência e responsabilidade. Veículos tradicionais e empresas responsáveis pelas redes sociais tiveram que atuar checando seus conteúdos e fortalecendo pautas educativas.
Com o aumento da pressão pública, a Indústria de Combustíveis Fósseis começou a mudar suas práticas, e a Indústria de Comunicação teve que se adaptar a uma nova era de honestidade radical e ética nos negócios.
Infelizmente, na vida real essa guerra está em curso, e não avistamos um final feliz. Estamos em um mundo dividido onde a indústria, especialmente a do petróleo, dá as cartas, enquanto lideranças indígenas e ambientalistas correm perigo por tentar salvar o nosso futuro. Nossa Chapeuzinho poderia ser Txai, Neidinha, Bitate Urue Au Au, Greta, Vanessa Nakate, Helena Gualinga, Ayisha Siddiqa, Mia Amor Mottley, Celine Seema, Rumaitha Al Busaidi e tantas outras pessoas. Mas quem está ouvindo suas vozes?
Nesta época de polarização, precisamos cobrar atuação do mercado de comunicação na era das mudanças climáticas. Essa história nos lembra que, ao enfrentar a desinformação e promover a transparência, podemos proteger nosso planeta e garantir um futuro mais sustentável para todas as pessoas.
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