Fernanda Torres, Eunice Paiva e nós
O filme retrata um período da nossa história, mas a vida da personagem enquanto mulher e mãe determinada é universal e extrapola fronteiras
O filme retrata um período da nossa história, mas a vida da personagem enquanto mulher e mãe determinada é universal e extrapola fronteiras
28 de fevereiro de 2025 - 15h24
Fernanda Torres interpreta Eunice Paiva em cena do filme Ainda Estou Aqui (Crédito: Divulgação/Sony)
Como profissional do mercado audiovisual, e fã do cinema brasileiro, eu não poderia deixar de usar este espaço para saudar o sucesso inspirador da Fernanda Torres, uma das nossas mais talentosas atrizes que mais uma vez brilha nas telas.
Para além do Oscar e do Globo de Ouro, temos aqui um “case” (para usar um termo tão comum a nós da comunicação) que transcende o tempo.
No futuro ainda falaremos mais deste momento em que todas nós a estamos acompanhando e torcendo por ela, pelo filme e pelo Brasil. É um pouco de nós ali.
Compartilho aqui dois exercícios de reflexão: o primeiro é a atuação da Fernanda, elogiada pelas mais prestigiadas publicações do mundo. Ver um rosto tão familiar e que durante muitos anos nos causou orgulho por seus papéis em seriados que amamos, peças de teatro, filmes e participações em programas de televisão, nos dá a dimensão das oportunidades que todas podemos ter ao longo da vida.
Não existe uma idade correta ou ideal para mostrar ao mundo do que somos feitas.
E a chegada de Fernanda ao disputado mundo do cinema americano e global também nos representa. Nossa trajetória profissional é construída dia a dia e oportunidades podem, sim, surgir e transformar tudo, de uma hora para a outra.
A segunda reflexão é a vida que a atriz deu a Eunice Paiva, eternizando sua luta na busca pela verdade no filme Ainda Estou Aqui. Já não é possível mais pensar em Eunice sem ter o rosto de Torres como referência. Sua interpretação é marcada pela dor e pela justiça. Mostra que, apesar das adversidades, se reergue.
Vemos na tela uma personagem extraordinária, forte e resiliente, que, ao invés de sucumbir às pressões, escolheu seguir um caminho de resistência pacífica. O filme retrata um período da nossa história. Mas a vida de Eunice Paiva, enquanto mulher, mãe determinada, é universal, extrapola as nossas fronteiras.
Ainda Estou Aqui dialoga com todas nós diretamente ao coração. Saímos do cinema com a sensação de proximidade, de ter visto alguém muito familiar percorrendo um caminho árduo.
Enfrentamos batalhas internas muitas vezes invisíveis.
Quantas vezes nos deparamos com situações que não conseguimos conviver ou resolver?
E sabemos que, muitas vezes, disfarçamos o incômodo, mascaramos os sentimentos, acreditando que devemos ser fortes o tempo inteiro.
O aprendizado que vem do filme é como seguir adiante com tantos obstáculos.
Fernanda Torres, com sua personagem, nos permite enxergar o mundo de uma forma diferente, nos força a mudar e a nos reerguer. E Eunice Paiva, com seu legado inquestionável para o nosso futuro, mostra que o tempo é um aliado.
E eu diria que o tempo é o mais poderoso dos aliados.
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