9 de janeiro de 2025 - 18h02
(Crédito: Shutterstock)
Nossos desafios coletivos são enormes. Precisamos intensificar as ações urgentes para enfrentar a mudança do clima e mitigar as desigualdades sociais. Após o recente encontro do G20, realizado no Rio de Janeiro em meados de novembro de 2024, lideranças globais divulgaram uma declaração conjunta na qual enfatizam que, com apenas seis anos para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030, há progresso efetivo em apenas 17% das metas, ao passo que em mais de um terço o progresso estagnou ou até mesmo regrediu.
O documento joga luz sobre o papel e a responsabilidade de governos no desenvolvimento sustentável em suas três dimensões – econômica, social e ambiental. O G20 concentrou as atividades em três prioridades: (i) inclusão social e combate à fome e à pobreza; (ii) desenvolvimento sustentável, transições energéticas e ação climática; e (iii) reforma das instituições de governança global.
Ao ler o texto, ficou evidente para mim como ele serve como um guia para que as empresas de todos os portes também avaliem o que estão fazendo para a construção de um futuro mais responsável e inclusivo. É quase um checklist pronto, que permite às organizações avaliarem seu progresso em áreas-chave, identificarem lacunas e ajustarem suas estratégias para gerar impactos positivos.
Como diretora de responsabilidade social corporativa do Grupo L’Oréal no Brasil, fui percorrendo o documento e avaliando o que temos feito nos mais diversos itens. E não é pouco. Na companhia, entendemos que não há crescimento econômico sem responsabilidade social e ambiental: ambos estão no centro da nossa estratégia de criação de valor rentável e sustentável e orientam as nossas decisões.
Tratamos a sustentabilidade como um pilar estratégico e estabelecemos metas ambiciosas dentro do programa “L’Oréal for the Future”, comprometendo-nos com a redução das emissões de carbono em 50% até 2030 e com a neutralização total de carbono em todas as nossas operações até 2050.
Em 2022, atingimos o uso de 100% de energia renovável em todas as nossas operações no Brasil. Também anunciamos a inauguração do primeiro posto de biometano dedicado da América Latina em parceria com a Gás Verde. Com isso, 100% da nossa frota que faz o transporte entre o nosso centro de distribuição e a fábrica será abastecida por combustível renovável, uma redução de 94% das emissões de gases do efeito estufa na operação em comparação com 2021.
Além disso, iniciativas como o uso de ingredientes sustentáveis e rastreáveis e o investimento em tecnologias de economia circular demonstram que é possível alinhar eficiência operacional a princípios ambientais.
Para além da urgência rumo a soluções verdes, as lideranças se debruçaram sobre a grave questão das desigualdades e da falta de justiça social. Como evidencia o documento divulgado, os números são alarmantes: os avanços na redução da pobreza e erradicação da fome sofreram retrocessos significativos desde a pandemia.
O número de pessoas que enfrentam a fome aumentou, atingindo a marca impressionante de aproximadamente 733 milhões em 2023, sendo as crianças e as mulheres as mais afetadas. Esses desafios sem precedentes exigem um compromissos maior e mais eficaz, financiamento e ações em todos os níveis, além de políticas econômicas sólidas, para promover o crescimento e a criação de empregos.
Na L’Oréal, a promoção de iniciativas de inclusão está no centro das políticas corporativas, desde o empoderamento de mulheres em cadeias produtivas até o apoio a programas que promovam a representatividade em todas as áreas da organização.
Com a COP30 programada para ocorrer em Belém este ano, o Brasil inteiro precisa se mobilizar, de janeiro a dezembro, para enfrentar os desafios ambientais e climáticos que temos pela frente. Dez anos após o Acordo de Paris, este será um momento crucial para que o país e o mundo intensifiquem a cooperação internacional e implementem ações transformadoras em escala global.
Não é apenas sobre a biodiversidade da Amazônia, mas sobre engajar todas as regiões e setores do Brasil para liderar o caminho em direção a um futuro mais sustentável. Este é mais um momento crucial e provocador para que as empresas reafirmem seus compromissos de liderança climática e social. É uma oportunidade de intensificar a cooperação internacional e ampliar as iniciativas de impacto positivo.
Os desafios colocados nas mesas de discussão do G20 e os que serão levantados na COP30 exigem uma transformação estrutural da forma como muitas empresas conduzem seus negócios. O setor privado deve continuar assumindo seu papel como protagonista para mitigar as consequências das mudanças climáticas e promover maior justiça social ao trazer inovação, recursos e agilidade para implementar soluções em larga escala.
A liderança empresarial no combate às crises climáticas e sociais não é apenas uma opção — é uma responsabilidade compartilhada. A mudança tem que ser setorial, em conjunto. Cabe a todos, governos, sociedade civil e setor privado, caminhar juntos na direção de um mundo mais sustentável. O futuro é colaborativo — e começa agora. Feliz ano novo!