Publicidade

Opinião

Governante – substantivo feminino?

Percebi que a liderança feminina vai além da mera presença no poder -- ela redefine como o poder é exercido


6 de setembro de 2024 - 9h02

(Crédito: Shutterstock)

Desde que Kamala Harris foi oficializada à frente da chapa democrata pela corrida presencial norte-americana, há poucas semanas, estamos vendo temas importantes para as mulheres voltarem à pauta: os direitos sexuais e reprodutivos, a igualdade de salários, só pra começar a lista.

Ver Kamala falando é um bálsamo: mulher segura, eloquente, estratégica.

Carismática, também – se tivermos a felicidade de ter uma mulher sentada à frente de uma das grandes potências econômicas mundiais, é certo que estas características contribuirão para que ela possa ser bem-sucedida.

No entanto, Kamala não é a primeira mulher a ocupar um posto executivo à frente de uma grande nação. Margaret Thatcher e Angela Merkel, por exemplo, foram governantes pivotais para as nações que lideraram.

E como quase tudo na vida é influenciado de alguma forma pelo nosso contexto – e estamos num ano eleitoral tanto no hemisfério norte quanto aqui mesmo, no Brasil, eu me peguei no final de semana passado assistindo a uma aula online de ninguém menos que Condoleezza Rice e Madeleine Albright, ambas ex-secretárias de estado dos Estados Unidos, o posto mais alto da diplomacia americana.

Madeleine foi a primeira a ocupar a posição, quebrando uma barreira monumental. Filha de um diplomata (que também foi professor de Condoleezza, anos depois), ela usou sua habilidade empática de ouvir com atenção e entender as nuances culturais para construir pontes em um mundo pós-Guerra Fria, focando na diplomacia multilateral e no fortalecimento das relações internacionais. E não se enganem: apesar do jeitinho maternal, Madeleine enfrentou situações que requereram imensa firmeza, como precisar conversar com figuras como Slobodan Milosevic.

Condoleezza, que a sucedeu no cargo, já tem um viés analítico e estratégico, fundamental para navegar por situações complexas, como a Guerra no Iraque e o combate ao terrorismo. Ela falou bastante sobre a importância da resiliência e o uso da inteligência como uma ferramenta fundamental na construção de negociações ganha-ganha entre países.

Estamos a um par de meses de mais um momento importante de decisão sobre os nossos governantes, e por isso eu escolhi trazer este assunto a esta coluna neste momento. Precisamos nos lembrar que a diversidade de perspectivas é essencial para enfrentar os desafios que nosso País (e o mundo) enfrentam.

Habilidades tradicionalmente vistas como femininas — como a empatia, a capacidade de construir consensos, a sensibilidade e a intuição — certamente fazem diferença ao governar ou conectar países em um cenário global cada vez mais complexo. Assistindo Maddie e Condi, percebi que a liderança feminina vai além da mera presença no poder; ela redefine como o poder é exercido – e vamos combinar que tem muita coisa precisando ser redefinida por aí, não é mesmo?

Publicidade

Compartilhe

Veja também

  • Ana Deccache, a liderança de marketing por trás do Rock in Rio

    Ana Deccache, a liderança de marketing por trás do Rock in Rio

    A executiva começou no Grupo Dreamers como diretora de contas do festival na Artplan, gerou novos negócios e hoje lidera a edição de 40 anos do evento

  • Andrea Alvares: “As empresas já sabem os efeitos da crise climática nos negócios”

    Andrea Alvares: “As empresas já sabem os efeitos da crise climática nos negócios”

    A presidente do conselho do Instituto Ethos avalia o cenário de queimadas no Brasil e o papel das marcas nesse contexto