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Opinião

I’m not a robot

O que Cannes, Beyoncé, Inteligência Artificial e Creators Academy têm em comum?


30 de maio de 2023 - 11h03

(Crédito: shutterstock)

O que esperar de Cannes? Nas últimas semanas, muitos artigos e entrevistas com profissionais do mercado se debruçaram sobre essa questão. Se eu pudesse pincelar dois dos temas mais citados, certamente apostaria na IA e em questões relacionadas a impacto social, sobretudo devido à diversidade de olhares na composição do júri, o que cria uma expectativa para cobrir esse gap histórico. Talvez seja a edição mais plural do festival até então, e que bom! 

Quem acompanha meus textos sabe que eu não sou a maior entusiasta dessas premiações, por todo o contexto nos bastidores que elas carregam. Falo de quem está na base da pirâmide e de quem realmente sobe no palco, entre outras muitas coisas.  Por outro lado, reconheço a importância do festival em dar visibilidade a trabalhos relevantes de todas as partes do mundo, as conexões e intercâmbio cultural, criação de repertório e insumos para os profissionais que desenvolvem a publicidade e comunicação. Como tudo na vida, é o uso de qualquer ferramenta, evento, trabalho ou tecnologia que determina o quanto algo pode ser direcionado para o bem, para algo superficial ou para o mal mesmo. É mais sobre quem aperta o botão da máquina do que sobre a máquina em si. Prova disso é o quanto a própria IA tem potencial para avanços positivos como por exemplo na medicina e na ciência, assim como para contextos extremamente negativos como guerras, exploração sexual infantil, tráfico humano, fake news, entre outras incontáveis situações que poderíamos citar. 

Muitos estão ansiosos pela ida a Cannes, eu estou ansiosa pela volta e pelo que vocês irão trazer na mala com toda essa gama de informações e insights para um futuro próspero e criativo, para todes se possível, dá pra ser mais que um rolê gourmet em Paris, sempre dá! 

Subir no palco é gostoso, mas legal mesmo é dormir de barriga cheia sem se preocupar se terá comida no prato amanhã.  

Mas este artigo não é sobre Cannes nem sobre meus últimos textos, mas pra falar um pouco sobre outras formas de contar histórias e trabalhar na comunicação, o jeito que mais me inspira na verdade: “influência real”, como diria Ana Paula Passareli, certo, Passa? 

No dia 10 de maio, Beyoncé voltou aos palcos após sete anos, com a turnê Renaissance. Tentei dividir minha atenção entre a tela do trabalho e os flashs da cobertura do show, uma missão bem difícil por sinal, mas aqui vou me ater a um determinado momento do espetáculo onde aparece a seguinte imagem no telão: o rosto da Beyoncé e uma notificação padrão, aquele checkbox presente em sites e aplicativos com os seguintes dizeres: I’m not a robot. 

Muito providencial, muito atenta ao espírito do tempo, ao zeitgeist, e na mesma hora lembrei de Nina Simone, que disse “O dever do artista, no que me diz respeito, é refletir o momento, para mim é meu dever, e nesse tempo crucial em nossas vidas quando tudo é tão desesperador, quando todo dia é uma questão de sobrevivência, eu acho que é impossível você não se envolver, os jovens sabem disso e é por isso que estão tão envolvidos com política, nós vamos modelar e dar forma a esse país ou ele não será nem modelado, nem receberá forma alguma, então acho que não há escolha, como você pode ser um artista e não refletir os tempos?”. 

Em tempos de IA, Beyoncé deu o papo e não foi nas entrelinhas: eu não sou um robô! 

Embora a inteligência artificial seja uma realidade e um caminho sem volta, ser “humano” de fato talvez seja nossa maior missão diante do atual cenário. 

Imagine um mundo onde as pessoas que detêm o poder, dinheiro, influência usassem desses recursos para mudanças realmente propositivas… 

E aqui faço um recorte bem específico sobre influência para trazer um exemplo real de como ela pode impactar positivamente na vida das pessoas e do nosso planeta. 

Tomo carona nas próximas palavras para contar sobre um dos projetos de que participarei em julho. Falo da Creators Academy, idealizada pelos ativistas, empreendedores sociais e influenciadores Kamila Camilo e Raull Santiago, por quem tenho profundo respeito e admiração. 

A Creators Academy é um espaço para influenciadores e lideranças da sociedade conhecerem e se conectarem com a realidade dos biomas brasileiros não apenas pelo olhar da tragédia e da dor, mas para criarem pontes através de sua influência. 

Num tweet, imagine um projeto que leva vários influenciadores de segmentos diversos para a Amazônia para que eles com sua linguagem própria contem para suas respectivas comunidades sobre a importância das pautas relacionadas às mudanças climáticas e à preservação dos povos tradicionais. Imagine democratizar e tornar “pop” uma informação tão importante que deveria estar na mesa de todos os brasileiros… é isso o que a Creators Academy faz! 

Em sua segunda edição faremos uma imersão no território Puyanawa, no Acre. Contaremos com a presença de 70 participantes.

Esse tema lhe parece distante? Quero lhe fazer um convite, vou abrir a casa nos próximos meses, mostrar o backstage, onde a mágica acontece. Como insider, mostrar meus professores da vida, da rua e das florestas, pessoas com quem aprendo todos os dias e que acredito que possam inspirar você também. 

Por fim, um spoiler do meu mais novo projeto com a minha parceira, jornalista e apresentadora Cris Guterres, que também me acompanhará nessa imersão, o Backstage Magic. Siga a gente nas redes que vamos lhe contar tudo muito em breve! @backstagemagicbr 

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