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Inclusão e diversidade são os maiores passos para a inovação

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Opinião

Inclusão e diversidade são os maiores passos para a inovação

Adoção de estratégias de diversificação nas equipes é essencial para alcançar novo patamar na comunicação e nos negócios


24 de maio de 2023 - 8h48

(Crédito: shutterstock)

Quando parece que tudo já existe, é necessário inovar. É por isso que, há alguns anos, esse tema tem estado no radar da maior parte das companhias que planejam se manter em crescimento. Segundo o relatório “Cultura de inovação: como corporações podem construir a base para a transformação”, da consultoria ACE Cortex, 78% dos entrevistados concordam que a cultura da inovação tem potencial de impulsionar os negócios ao mesmo tempo em que explora novas oportunidades, mercados ou clientes.  

Apesar de ser uma estratégia em alta, ainda há uma série de lacunas no conjunto de ações adotadas pelas empresas para alcançar a cultura da inovação. Nesse aspecto, chamo a atenção para o empenho em trazer diversidade para dentro da organização, especialmente para as que desenvolvem atividades no setor da comunicação.  

Como vocês sabem, sou jornalista e, além disso, uma profissional muito engajada com as pautas de diversidade, então pude certificar no dia a dia do trabalho que não há um jeito de promover inovação sem buscar diversificar as equipes e os ambientes corporativos. Para que esse cenário possa, de fato, evoluir de maneira significativa, é necessário olhar atentamente para o papel da diversidade nos processos e nas iniciativas das companhias.  

É essencial, em primeiro lugar, entender que a inovação está ligada ao ato de renovar, transformar e trazer algo novo à tona, mas ela está vinculada, especialmente, à possibilidade de viabilizar diferentes perspectivas e abordagens. É nesse aspecto que está o grande potencial e valor das organizações diversas, que estão focadas no alcance de um novo patamar. Nesse sentido, acrescento que, muitas vezes, esse patamar não é usar os últimos recursos tecnológicos para promover disrupção, mas atingir os públicos e demandas que estiveram negligenciados durante bastante tempo. 

Sendo assim, o mote que carrego e busco difundir é o de que um mundo feito pelas mesmas pessoas, com mensagens e produtos destinados aos mesmos públicos, será sempre igual. Como estimular o desenvolvimento baseado na inovação olhando pelas lentes de um só grupo? Ou, ainda, tendo como base as experiências e pontos de vista de apenas um lado da sociedade? 

Quando me perguntam como estimular a autenticidade, só consigo retomar essa discussão, que envolve romper com os velhos vieses, incluir perspectivas de quem vê o mundo por outro ângulo, e, enfim, garantir significado ao produto ou à comunicação que está sendo desenvolvida por meio de todas essas ações. No entanto, sei que essa realidade ainda está sendo construída e, em áreas como a publicidade, por exemplo, na qual a diversificação é fundamental, ainda há uma grande lacuna a ser preenchida.  

No último mês, foi divulgado o relatório “Publicidade Inclusiva: Censo de Diversidade das Agências Brasileiras 2023”, desenvolvido pela Gestão Kairós e o Observatório da Diversidade na Propaganda (ODP). O estudo, que contou com a participação de 24 agências brasileiras e mais de 6.200 funcionários, revelou que os homens são a maioria nos cargos de CEO, ocupando 85% das vagas, enquanto apenas 15% são ocupadas por mulheres. Já quando o assunto é raça, a situação é ainda mais desigual, pois 92% das posições são preenchidas por pessoas brancas e 8% por pessoas negras.  

Além disso, com a onda de demissões em massa iniciada no ano passado, os índices de diversidade e inclusão das empresas foram bastante afetados. No setor de tecnologia, por exemplo, estima-se que, cerca de 7,42% a 11,49% dos funcionários desligados se identificavam como negros ou eram de origem latina, segundo informações divulgadas pela Revelio Labs. Outro estudo, realizado pela Potências Negras e Shopper Experience em 2022, revelou que o número de pessoas negras com carteira assinada caiu de 51% para 45% e o desemprego saltou de 20% para 29%.  

Dados como esse reforçam a urgência em transformar a comunicação e outros setores do mercado através da cultura da inovação aliada à diversidade. Não há mais espaço para lacunas como essas, nem para campanhas estereotipadas e que contribuem com a reafirmação dos velhos vieses. Por fim, é fundamental lembrar que possuir colaboradores diversos não é só questão de justiça social, mas também de estar à frente quando o quesito é promover novas ideias e alcançar novos patamares. 

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