Inovação para quem?
Para cada evento de inovação que participarmos, vamos testar, no mínimo, uma ideia em nossas organizações?
Para cada evento de inovação que participarmos, vamos testar, no mínimo, uma ideia em nossas organizações?
17 de dezembro de 2024 - 6h10
Ao longo do ano, somos bombardeados por eventos grandiosos sobre inovação, como o SXSW, em Austin, e o Web Summit, que migrou de Portugal para o Brasil.
Todo grande evento busca catalisar a audiência ao incluir uma trilha de inovação em sua programação. Nessas ocasiões, palcos glamourosos exibem ideias revolucionárias, com a presença de artistas, celebridades, empresários e empreendedores notáveis.
Mas há um lado B raramente discutido: o que acontece depois que essas inovações são apresentadas? Quem, de fato, tem coragem de apostar, comprar e financiar essas propostas disruptivas?
A verdade é que, no discurso, a inovação é fascinante. Porém, quando chega a hora de aplicá-la no mundo real, medos e receios de possíveis falhas paralisam as estruturas.
Grandes organizações preferem observar à distância, esperando que outros experimentem antes delas. O capital, por sua natureza, é conservador: ele arrisca pouco, não pode perder nunca. Porém o paradoxo é que, mesmo no pior cenário, a inovação traz aprendizados que aceleram novas soluções.
Essa hesitação em inovar é um reflexo de um comportamento sistêmico do mercado, e não apenas de indivíduos. É compreensível que ferramentas, soluções e ideias novas enfrentem resistência — afinal, elas não têm um histórico de sucesso e desafiam padrões estabelecidos.
No entanto, se quisermos nos manter lucrativos, competitivos e eficientes, enquanto enfrentamos desafios urgentes como mudanças climáticas, desigualdades sociais, crises diplomáticas e um cenário de escassez crescente, é fundamental superar essa inércia e adotar a inovação como uma prática constante.
As objeções recorrentes, como questões de compliance, validações internas ou aprovação de matrizes internacionais, acabam funcionando como desculpas para não agir. Quando o projeto envolve governos ou grandes corporações, os obstáculos são ainda maiores. Isso explica por que tantas startups promissoras não sobrevivem.
Segundo dados da Fundação Dom Cabral, 50% das startups brasileiras fecham as portas antes de completar quatro anos. Mais alarmante ainda, 25% delas não chegam ao segundo ano. Por trás dessas estatísticas está a ausência de capital disposto a arriscar, aliado a uma cultura empresarial que valoriza mais o “arroz com feijão” seguro do que a ousadia de testar o novo.
Diante disso, uma provocação se faz necessária: estamos nos aproximando de 2025 e revisando orçamentos e agendas. Será que vale a pena continuar investindo tanto em viagens internacionais para eventos, em inscrições caríssimas e horas assistindo a apresentações brilhantes, se, no final, continuamos presos às mesmas práticas de sempre?
Isso se estende para gestores e empresas, e profissionais que planejam participar de conferências e feiras para renovar seu repertório. E qual é o impacto concreto dessas experiências no dia a dia?
Precisamos transformar discursos bonitos em ações práticas. A verdadeira inovação só começa onde termina o medo. É hora de assumirmos riscos.
Proponho aqui ainda um pacto: para cada evento de inovação que participarmos, vamos testar, no mínimo, uma ideia em nossas organizações. Somente experimentando novas soluções poderemos avançar.
A inovação que propomos para 2025 não é sobre modismos, é sobre coragem para transformar o status quo. Este é o caminho para soluções mais rápidas, impactantes, inclusivas e verdadeiras.
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