Jogando para que todas possam jogar o game
O futuro dos games precisa das mulheres – não apenas como jogadoras ou consumidoras, mas como líderes, criadoras e estrategistas
O futuro dos games precisa das mulheres – não apenas como jogadoras ou consumidoras, mas como líderes, criadoras e estrategistas
7 de outubro de 2024 - 15h11
A narrativa comum é que o universo dos games sempre foi dominado por homens, mas nos bastidores, mulheres têm desempenhado papéis cruciais na transformação dessa indústria. Não só estamos consumindo jogos, mas também estamos moldando o futuro deles, muitas vezes redefinindo o que significa criar e liderar nesse espaço.
As mulheres estão trazendo novas perspectivas e narrativas tanto para a criação de games, quanto do cenário de eSports. Isso se reflete em decisões que mudam o curso de toda uma franquia ou gênero.
Um exemplo disso é o trabalho de Rhianna Pratchett, que reposicionou a icônica personagem Lara Croft, de Tomb Raider.
A sua abordagem trouxe uma perspectiva muito mais humanizada para a personagem, dando profundidade emocional e autenticidade a uma heroína que, durante anos, foi simbolizada de forma estereotipada, para não falar sexualizada.
Esse trabalho de reposicionamento da Lara Croft não teria acontecido se não fosse liderado por uma mulher.
Mais mulheres nos games significa também a construção de mais narrativas protagonizadas por personagens femininas.
Esse tipo de mudança não apenas conecta a franquia à geração atual de jogadores mas, principalmente, redefine como as mulheres podem ser representadas nos games.
Outro exemplo é Christine Potter, mais conhecida como Potter, treinadora de Valorant. Ela fez história ao se tornar uma das primeiras mulheres a liderar uma equipe de elite no cenário competitivo do jogo, derrubando barreiras de gênero em um ambiente dominado por homens.
O sucesso de Potter mostra como as mulheres podem não apenas competir em pé de igualdade, mas também liderar equipes ao mais alto nível, provando que liderança feminina tem um papel essencial no crescimento dos eSports, inclusive no seu mais alto nível competitivo.
Eu gosto sempre de citar esses 2 exemplos, pois eles são simbólicos em mostrar, na prática, o poder exponencial que mulheres nos games pode ter para toda a indústria e futuras gerações.
Além disso, essas histórias são inspiradoras porque mostram que a presença feminina é necessária em todas as pontas do cenário. Juntas, estamos redefinindo a maneira como as empresas se comunicam com suas comunidades e como os jogos são desenvolvidos para incluir vozes e histórias que antes eram negligenciadas.
É impossível falar sobre liderança feminina no mundo dos games sem mencionar a importância da diversidade. A inclusão de mulheres em posições-chave no desenvolvimento de jogos tem resultado em personagens mais tridimensionais, histórias mais ricas e universos que refletem a complexidade da vida real. Um exemplo disso é Kim Swift, a mente por trás de Portal, um dos jogos mais inovadores e aclamados da última década. Sua visão criativa revolucionou o design de jogos, criando uma experiência que, até hoje, é referência em inovação e jogabilidade.
No entanto, apesar dos avanços, os desafios ainda são significativos. As mulheres continuam sub-representadas nos cargos de liderança em estúdios de games e, muitas vezes, enfrentam barreiras estruturais e culturais para ascender nessas posições. No entanto, o impacto das mulheres que já chegaram lá não pode ser ignorado. Elas estão moldando um futuro mais inclusivo e criativo para a indústria.
O que está claro é que o futuro dos games precisa das mulheres – não apenas como jogadoras ou consumidoras, mas como líderes, criadoras e estrategistas. Estamos trazendo algo único para o setor: uma liderança que combina empatia, criatividade e uma visão estratégica capaz de transformar não apenas o produto final, mas a maneira como toda uma indústria opera.
Se minha trajetória neste setor pode servir de inspiração, é para mostrar que, assim como muitas mulheres que abriram portas antes de mim, é possível transformar esse mercado. E, ao fazer isso, estamos abrindo espaço para que outras possam seguir o mesmo caminho, com autenticidade, força e inovação.
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