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Opinião

LGBTQIAIPN+ e pessoas com deficiência na publicidade

Como as representações da comunidade LGBTQIAPN+ e PcD podem evoluir para uma narrativa mais real, poderosa e impactante para todos?


14 de junho de 2024 - 8h13

(Crédito: Adobe Stock)

Em tempos de mudança de comportamento e conscientização, a publicidade desempenha um papel crucial na promoção da diversidade e, principalmente, na construção de um mercado mais representativo e equitativo. Neste contexto, a reflexão se dá em como as representações da comunidade LGBTQIAPN+ e PcD (pessoas com deficiência) podem evoluir para uma narrativa mais real, poderosa e impactante para todos.

O mercado publicitário tem evoluído para incluir personagens e histórias LGBTQIAPN+, com campanhas que celebram o amor diverso, identidades diversas e a aceitação de corpos dissidentes.

As marcas que abraçam a diversidade têm se destacado cada dia mais ao se conectarem com um público mais amplo e demonstrarem seu compromisso com a igualdade. A responsabilidade social nunca foi uma pauta tão relevante quanto atualmente.

O que muitos profissionais não se atentaram ainda é no fato de que ações de diversidade são parte essencial de estratégias de sustentabilidade.

A sigla que vem chamando a atenção da alta liderança, “ESG”, vem do inglês (environmental, social and governance), e em português é traduzida como ASG: ambiental, social e governança. Ela identifica empresas que seguem boas práticas nestes pilares. O respeito ao meio ambiente e promoção da sustentabilidade ambiental é um tema que vem escalando diversas áreas, porém o “social” e a “governança” ainda precisam de mais foco para que a diversidade e a inclusão nas contratações sejam parte da defesa dos direitos humanos, além do “cumpra-se “em relação à transparência e ao respeito às leis vigentes. 

É aí que as lutas se unem e se fortalecem.

Quando o assunto é mídia, a representação da comunidade LGBTQIAPN+ tem recebido um olhar atento de grandes marcas, ainda que falte muita informação sobre uma comunidade formada por identidades tão plurais. Porém, infelizmente, a representação de pessoas com deficiência ainda é limitada ou inexistente na grande mídia. 

Muitas vezes, nós, que temos alguma deficiência, somos retratados de maneira muito estereotipada ou somos ignoradas completamente. Além disso, muitas vezes as agências e produtoras recorrem ao “cripface”, que é a péssima prática de utilizar atores ou atrizes sem deficiência para representar pessoas com deficiência, desde a utilização de modelos bípedes em cadeiras de rodas hospitalares até a busca por intérpretes ouvintes para se passarem por pessoas surdas, sinalizando em libras, por exemplo. 

No entanto, há uma crescente conscientização sobre a importância de incluir pessoas diversas em campanhas publicitárias, pois a cultura de criar estratégias orientadas por dados tem trazido resultados satisfatórios. 

E, contra dados, não há argumentos. Segundo pesquisa do Instituto Locomotiva e O Globo, 72% do consumo no Brasil vem de mulheres, pessoas negras, com deficiência e LGBTQIAPN+.

Se uma marca quer conquistar o público com esse poder de compra, precisa urgentemente abrir canais de diálogos e conhecer suas vivências – que são, majoritariamente, muito diferentes da maioria dos profissionais que criam produtos e campanhas. 

Tanto a comunidade LGBTQIAPN+ quanto as pessoas com deficiência enfrentam desafios semelhantes, como preconceito e falta de acesso, porém não estão necessariamente separados. 

Existe a interseccionalidade de pessoas como eu, que sou mulher, de origem indígena e família nordestina, bissexual, com atrofia muscular espinhal (AME) e usuária de cadeira de rodas. Também sou consumidora e influencio diretamente milhares de pessoas por meio das minhas redes sociais, palestras, artigos, eventos e nos shows que faço. 

O desafio a ser superado é desconstruir os estereótipos, entender que pessoas com deficiência também devem ser consideradas como clientes, força produtiva e target de marketing em todas as campanhas, incluindo as ações de junho, que são focadas em pautas LGBTQIAPN+. 

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