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Lições que uma maratona traz para empreendedores

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Opinião

Lições que uma maratona traz para empreendedores

Muitas vezes, ficamos ansiosos para alcançar o objetivo final, e acabamos nos esquecendo de curtir a jornada


11 de novembro de 2024 - 9h08

(Crédito: Shutterstock)

Correr minha primeira maratona, mesmo após mais de 10 anos dedicados à corrida, foi uma das experiências mais intensas e marcantes da minha vida. E cheia de aprendizados, que levo também para minha rotina profissional.  

Decidi me inscrever para os 42.195 km depois de já ter construído uma base sólida e conquistado a confiança de que meu corpo estava pronto para um desafio desse porte.  

Venho refletindo que esse processo de dedicação plena, enquanto esperava o momento certo, me ensinou muito sobre a importância de respeitar o tempo de preparo e de escutar o corpo, para estarmos prontos para enfrentar seus limites físicos e mentais.  

Muitas vezes, percebo que ficamos ansiosos para alcançar o objetivo final, e acabamos nos esquecendo de realmente curtir a jornada, subir cada degrau com paciência e tentar não pular etapas. Acredito que se você não valoriza o processo, o resultado final perde grande parte do significado. 

Para me preparar para esse desafio, precisei me moldar não apenas fisicamente para a prova, mas principalmente de forma mental. Percebi que o tempo que vinha me dedicando à prática estava influenciando diretamente no meu desempenho.  

Durante esse processo me lembrei do jornalista e escritor Malcolm Gladwell, em seu livro “Outliers: The Story of Success”, elaborando o conceito de que são necessárias 10 mil horas de prática para se tornar realmente bom em algo. Gladwell analisou exemplos de grandes sucessos e afirma em seu livro que “a prática não é o que você faz quando já é bom. É o que você faz que o torna bom”.  

E isso vale para a corrida, para os negócios, ou para qualquer grande realização: só com dedicação contínua conseguimos atingir nosso verdadeiro potencial. É por isso que, para mim, a corrida não é apenas uma atividade física. É uma metáfora poderosa para enfrentar desafios, manter o foco e buscar a evolução contínua. O x da questão está em descobrir sua própria maratona, seja nas pistas, nos negócios ou na vida. 

A preparação para a prova de corrida, por mais fundamental que seja, não garante que tudo sairá conforme o planejado no dia. Assim também é nos negócios. Por isso a importância de trabalharmos não apenas nosso corpo físico, como principalmente o mental, a fim de nos preparar integralmente para o desafio a seguir.  

No livro “How Bad Do You Want It?: Mastering the Psychology of Mind over Muscle”, o autor Matt Fitzgerald fala sobre o quanto a mente pode desistir antes do corpo. Ele argumenta que a sensação de fadiga inicial não é física, mas sim uma “estratégia de autopreservação” da mente, que tenta te convencer a parar antes que o corpo precise. Quando entendi que ainda tinha reservas de energia, mesmo quando minha mente dizia para desistir, consegui superar momentos críticos na corrida. 

Vencer esses limites mentais me ajudou a completar a prova dentro do que havia estipulado como meta. Quando finalmente cruzei a linha de chegada, um momento de alívio e gratidão tomou conta de mim, simbolizando a superação e a importância de ir além dos meus próprios limites. Essa experiência me lembrou também que, na vida profissional, o processo de preparação é tão significativo quanto o resultado final. Cada passo dado, cada desafio superado, constrói uma base sólida para o sucesso.  

Liderar negócios de alto desempenho exige disciplina, resiliência e mentalidade forte. E, assim como no esporte, você precisa traçar metas de longo prazo, trabalhar consistentemente e lidar com os desafios que surgem ao longo do caminho. Não se trata somente de chegar rápido, mas de fazer o caminho com consistência. A disciplina que desenvolvo nos treinos sempre me ajudou a manter o foco e me direcionar quando preciso guiar minha equipe ou tomar decisões complexas em momentos de pressão. Entendo, por exemplo, como direcionar minha atenção para vencer os limites que minha mente coloca quando estou em situações desafiadoras.   

Outro benefício que o esporte me proporcionou foi em relação à minha produtividade. Com uma rotina de treino semanal de aproximadamente 15 horas, aprendi a ser mais eficiente nas minhas horas dedicadas ao trabalho e a gerenciar melhor meu tempo. A corrida exige um compromisso pleno, mas também me ensinou a valorizar cada momento que tenho no meu dia e a buscar formas mais produtivas de executar meu trabalho. Com isso, consegui otimizar ainda mais meu dia a dia, eliminando distrações e focando nas tarefas mais importantes.  

Observo que o comprometimento e a disciplina exigidos para a competição refletem exatamente as qualidades que valorizo em um ambiente de trabalho. E isso vale não apenas para mim, mas também para quem trabalha junto comigo. Espero que de alguma forma minha dedicação ao esporte e a superação de desafios físicos possam motivar meu time e todos que convivem comigo a adotar uma mentalidade semelhante em relação a suas responsabilidades.  

Além disso, percebo no meu dia a dia que, ao compartilhar histórias de superação, consigo mostrar que todos nós enfrentamos algum tipo de dificuldade, seja ela a nível pessoal, profissional ou esportivo. Mas é a determinação que pode, de fato, nos levar a grandes conquistas, tanto no esporte quanto na vida. Na Endeavor, falamos muito sobre o poder do exemplo – acredito que “o exemplo arrasta”.  Ao priorizar a saúde física e mental, demonstro que o autocuidado é essencial para o bem-estar e a produtividade.  

A corrida se tornou uma verdadeira paixão para mim, pois é algo que conecta várias dimensões da minha vida: é o que eu gosto de fazer, é algo em que me dedico e melhoro a cada dia, e tem um impacto direto no meu bem-estar físico e mental. Esse conceito se aproxima muito da ideia de ikigai, que é uma filosofia japonesa que reflete a união entre o que você ama, no que é bom, o que o mundo precisa e o que pode te sustentar. Para mim, a corrida é essa combinação perfeita, pois não é apenas uma atividade física, mas algo que desafia minhas habilidades, testa minha perseverança e me motiva a continuar evoluindo.  

Este é um convite a todos para que busquem seu ikigai – na vida pessoal e profissional, que sejam obstinados em busca de seus objetivos, mas que, sobretudo, aproveitem o caminho até chegar lá.  Afinal, a verdadeira vitória é a jornada que nos transforma. 

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