Mercado de programadores: full stack de volta ao holofote
Lacuna provocada por novo momento da área faz reacender necessidade por profissional versátil, mas sobrecarga pode gerar consequências para a saúde mental
Mercado de programadores: full stack de volta ao holofote
BuscarLacuna provocada por novo momento da área faz reacender necessidade por profissional versátil, mas sobrecarga pode gerar consequências para a saúde mental
11 de julho de 2024 - 7h31
Existe hoje no mercado de trabalho um fenômeno do ‘faz-tudo’, onde cada vez mais as empresas têm buscado pessoas que consigam desempenhar mais de uma função, centralizando as tarefas. Na tecnologia, há algum tempo também observamos esse movimento. O setor tem ainda se destacado pela alta procura por desenvolvedores, um segmento em alta.
O que vejo atualmente é que vivemos um flashback: depois de priorizar especialistas em front-end e em back-end, ou seja, montar times com programadores especializados em cada etapa, o full stack voltou à tona e é o protagonista do momento. De maneira mais prática, o programador front-end é responsável pelo que seus usuários veem: layouts, botões, caixas de seleção, gráficos e mensagens de texto. É a parte palpável para o usuário final e cria a interação com sua aplicação. O back-end é focado nos dados e na infraestrutura que fazem sua aplicação funcionar, o que não aparece para quem está com o celular na mão.
O full stack faz os dois. É o profissional versátil, que domina tanto os quesitos mais técnicos e de ‘bastidores’ de uma aplicação, quanto questões visuais e de experiência do usuário. E é essa posição que o mercado está buscando hoje. Segundo a Pesquisa Salarial de Programadores Brasileiros 2024, cerca de 35% dos desenvolvedores atualmente são full stack. Ainda de acordo com o levantamento, a remuneração está diretamente ligada ao nível de escolaridade dos profissionais: quanto mais etapas de graduação cumpridas – ensino superior, MBA, pós-graduação, mestrado e doutorado – maior o salário. A maioria dos profissionais dedica entre 2 e 4 horas a estudos semanalmente.
Em função dessa necessidade, são também os mais bem remunerados: na faixa salarial entre R$20 mil e 30 mil, os desenvolvedores back-end e full stack são maioria. Vou trazer uma conta simples que nos ajuda a entender os motivos por trás desse movimento: é mais eficiente você contratar um programador full stack por R$ 20 mil do que pagar R$ 15 mil para um back-end e R$ 8 mil para um front-end. Na matemática fria, você tem um programador que atua nas duas frentes e gera uma economia. Escalonando para dezenas de equipes, o que vemos é essa busca que trouxe o full stack de volta ao protagonismo no mercado.
Em contrapartida, a sobrecarga de trabalho traz consequências negativas a longo prazo. A mesma pesquisa enfatiza que cerca de 72% dos programadores já enfrentaram sinais de estresse e ansiedade, em função da dinâmica de trabalho. Essa estatística evidencia o quanto a rotina de um programador, que passa grande parte do seu dia encarando telas com números, precisa de uma atenção a longo prazo.
Em suma, o cenário atual favorece e clama pela chegada de novos desenvolvedores, sejam iniciantes ou experientes. A meta é suprir uma demanda que deve aumentar de maneira exponencial, à medida que a IA e outras ferramentas avançam e necessitam de posições que as dominem. Para quem tem a programação como foco de carreira, seja iniciando ou em uma transição, nunca houve um momento melhor. E para quem ainda não tem, com esta reflexão, espero ter ajudado a incentivar algum interesse pela área.
Compartilhe
Veja também
Como as marcas podem combater o racismo na publicidade?
Agências, anunciantes e pesquisadores discutem como a indústria pode ser uma aliada na pauta antirracista, sobretudo frente ao recorte de gênero
Cida Bento é homenageada pela Mauricio de Sousa Produções
A psicóloga e ativista vira personagem dos quadrinhos no projeto Donas da Rua, da Turma da Mônica