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Mulheres jovens sonham menos com casamento e mais com carreira

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Women to Watch

Mulheres jovens sonham menos com casamento e mais com carreira

Pesquisa aponta que novas gerações femininas têm aspirações mais relacionadas a dinheiro e vida profissional do que a matrimônio e família


11 de março de 2025 - 12h18

Pesquisa revela que os sonhos com casamento e família diminuíram entre as mulheres mais jovens e deram espaço para o desejo de construção de uma carreira e estabilidade financeira. O estudo “Sonhe como uma garota: Uma análise intergeracional dos desejos femininos” foi realizado pelo projeto Sonhe Como Uma Garota e o Think Olga, com o objetivo de mapear os desejos das mulheres de diferentes gerações.  

Como panorama geral, o texto indica que as mulheres têm cada vez mais dificuldade de sonhar, pois “a realidade atropela os sonhos” e porque “seguir sonhando exige força”.  

De acordo com a pesquisa, sonhar é um ato de autonomia. 47% das entrevistadas seguem sonhando “por ter clareza de sua capacidade e por ter liberdade para tanto”. Já 38% continuam a sonhar “pelo exercício de autonomia e tomar as próprias decisões”, enquanto 24% “se motivam pelo apoio da família e amigos”, o que aumenta para as mais novas (33%).

“Não está simples construir futuros, projetar-se para outros tempos e outros espaços. As questões políticas no Brasil e no mundo. Essa tendência de posições mais extremistas tem impacto na liberdade que o sonhar precisa para existir”, afirma Adriana Barbosa Pereira, psicóloga e psicanalista consultada pela pesquisa. 

A ascensão das mulheres na carreira

O relatório revela que o sonho do casamento e construir uma família diminuiu nas gerações mais jovens em comparação às mulheres mais velhas, enquanto o sonho de construir uma carreira cresceu. A vontade de ter uma família e ser mãe seguem presentes entre todas as gerações, mas variam em importância, com um decréscimo de 10% da geração mais velha para a mais jovem.  

Já o sonho com casamento diminuiu de forma mais intensa nas mais novas. A pesquisa indica que esse dado entra em concordância com as tendências globais de comportamento, como o movimento ‘boy sober’, de mulheres que decidem fazer um ‘detox’ de relacionamentos amorosos com homens devido à fadiga do uso dos apps de namoro e frustrações com relações anteriores. Outro movimento relacionado é o 4B, criado na Coreia do Sul, e que significa “sem namoro, sem sexo, sem casamento e sem bebês”.  

“Novas configurações familiares, a flexibilidade na forma de relacionar-se e a possibilidade de autonomia não só financeira, mas também emocional, abrem novas maneiras de estar no mundo para as meninas hoje”, aponta o texto. 

Em contraste, o sonho com estudos e conquistas profissionais cresce associado ao desejo de ter dinheiro e estabilidade financeira. Apesar de ser um sonho transversal à raça, classe social e regiões, as mulheres pretas sonham mais com a construção de uma carreira sólida, com 14 pontos percentuais a mais em comparação com a média. 

Apoio e recursos financeiros

Segundo a pesquisa, o suporte da família e dos amigos é essencial para a realização de sonhos: 25% das mulheres mais jovens já desistiram de algo por falta de apoio. Para o público geral, essa porcentagem é de 19%. O processo de crescimento também torna o exercício do sonho mais difícil – 70% acham mais fácil sonhar na infância. Segundo o texto, a falta de tempo e a desvalorização da imaginação está matando os sonhos na sociedade contemporânea.  

O principal fator que contribui para o abandono dos desejos é a falta de recursos financeiros. A discriminação por classe social e o machismo também são barreiras para 46% das respondentes, e quanto menor for a classe social, maior o impacto. 

Avós, mães e filhas

Quando comparados os sonhos entre as gerações de avós e mães, o desejo de concluir os estudos cresce entre as mães, em detrimento de “cuidar e apoiar uma família”. Já entre as mulheres mais jovens, as filhas, o sonho de construir uma família cai da 1ª posição para a 12ª. 

A maioria das entrevistas acreditam que teve maiores oportunidades para sonhar em comparação às gerações anteriores. 88% disseram que puderam sonhar mais que suas mães e avós, e 65% sentem que seus sonhos são mais ambiciosos do que os das gerações anteriores. 

Apoio aos sonhos femininos 

De acordo com a pesquisa, as mulheres precisam de mais oportunidades e segurança para seguir sonhando. 64% acreditam que as políticas públicas precisam melhorar o acesso ao trabalho, empreendedorismo e oferecer flexibilidade no trabalho para as mulheres. 59% acreditam que precisa haver investimento em educação de qualidade e capacitação, e 52% afirmam que precisam de mais segurança e enfrentamento à violência de gênero para fomentar o exercício de sonhar. 

As entrevistadas destacam que os movimentos sociais e feministas abriram novas oportunidades de sonhos para as mulheres. Para as próximas gerações, elas desejam que as jovens “alcancem carreiras sólidas, possam ter autonomia e estabilidade financeira”. “Existe o entendimento de que dinheiro, renda e autonomia abrem as portas para qualquer sonho que elas quiserem ter”, aponta o estudo. 

“Sonhar é deixar que uma subjetividade continue existindo, que ela não seja silenciada, apagada por essas grandes tensões. Sonhar é uma forma de resistir”, conclui Adriana Barbosa Pereira. 

A pesquisa “Sonhe como uma garota: Uma análise intergeracional dos desejos femininos” entrevistou 1.080 mulheres sobre quais eram seus sonhos de infância e seus desejos atuais. A investigação considerou o recorte de diferentes gerações, entre 18 e 29; 30 e 49; e mulheres 50+, permitindo comparar a evolução de sonhos e anseios femininos. 

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