Natália Fernandes: autoconhecimento leva à boa liderança
A recém-nomeada Managing Director da Media.Monks no Brasil fala sobre suas inspirações e a importância do olhar interior para uma boa gestão
Natália Fernandes: autoconhecimento leva à boa liderança
BuscarA recém-nomeada Managing Director da Media.Monks no Brasil fala sobre suas inspirações e a importância do olhar interior para uma boa gestão
Michelle Borborema
4 de maio de 2022 - 9h47
Uma pessoa com repertório sobre si mesma consegue avaliar suas potências e limites com realismo, sem grandes ilusões. Isso é fundamental para construir uma trajetória de resiliência, determinação e empatia. Para uma liderança, a lógica é a mesma: o autoconhecimento traz mais capacidade de comunicar e fazer uma boa gestão de conflitos. É o que acredita Natália Fernandes, promovida recentemente a Managing Director na Media.Monks no Brasil.
“Faço análise há anos para desenvolver meu autoconhecimento, mas isso é uma escolha individual. Atividades que levam uma pessoa ao olhar interior sobre suas emoções já são um bom caminho”, diz.
Confira abaixo nossa conversa com Natália, profissional de marketing e mídia digital há 12 anos. Ela foi uma das sócias-fundadora da ProgMedia, que em 2019 passou a fazer parte da S4 Capital, como MightyHive. Em abril, foi promovida a Managing Director na Media.Monks no Brasil. Antes disso, atuou como Sênior Vice-Presidente de Mídia na empresa para Brasil e Argentina, onde trabalhou ativamente para expandir o negócio de mídia para os dois países durante a pandemia de covid-19.
Que características ou habilidades você considera essenciais em uma liderança? Como você as desenvolve e as alimenta regularmente?
São infinitas as listas com “habilidades fundamentais da liderança”. De fato, são diversas. Mas, se eu pudesse indicar apenas uma, seria o autoconhecimento. Um indivíduo com bom repertório sobre si é apto a avaliar suas potências e limites com realismo, sem grandes ilusões, e caminhar na direção daquilo que é realmente importante para si, o que ajuda a trazer resiliência e determinação. Saber mais sobre si abre portas para o olhar sobre o outro, que é fundamental para se ter empatia, melhor capacidade de comunicação e gestão de conflitos. Todas são habilidades muito comuns nas tais “listas das melhores habilidades”, e que também partem de lugares de observação.
Eu faço análise há anos para desenvolver meu autoconhecimento, mas isso é uma escolha individual. Atividades que levam uma pessoa ao olhar interior sobre suas emoções já são um bom caminho.
Você tem carreira consolidada em mídia. Como é ser mulher nesse departamento? Do início da sua carreira para cá, o que mudou em relação às mulheres?
Quando comecei na mídia, o digital já era bastante presente. E, como parte do potencial do digital vem da possibilidade de analisar dados de forma mais precisa, as habilidades mais analíticas eram comumente associadas aos homens.
Como a formação cultural de parte da nossa sociedade teve o mantra equivocado de que “homens são de exatas” e “mulheres são de humanas”, acabei mesmo encontrando mais perfis masculinos (cis) no universo digital. Principalmente na minha experiência como empreendedora, quando fui buscar talentos no mercado de trabalho.
Cada vez mais, esses mitos que associam habilidade intelectual a gênero têm sido desconstruídos, o que tem me levado a notar uma melhoria gradual, ainda que lenta, nos índices de igualdade nas diversas posições da carreira.
Você saiu de um cargo de departamento para o de executiva da Media.Monks. O que a fez prosperar como líder? Que aprendizados da sua trajetória foram fundamentais para estar onde está hoje?
Acredito que a soma de dois conhecimentos distintos, porém muito relacionados, construíram este lugar, que são o conhecimento de áreas de negócio e gestão de pessoas.
Quando eu e Bruno Rebouças empreendemos, com a ProgMedia, foi necessário fazer não apenas uma operação de mídia funcionar, mas também uma empresa. Com isso, aprendi como uma operação “fica de pé” considerando os olhares financeiro, jurídico, tributário, de recursos humanos, entre outros. Foi um MBA na vida real, sem professor e jogando de verdade. Intenso, mas trouxe uma bagagem incrível e conhecimentos fundamentais para o lugar que ocupo hoje.
Todo mundo que busca uma posição executiva precisa empreender? Claro que não, mas buscar os conhecimentos para compreender como um negócio funciona é essencial para estas funções.
Além disso, sempre tive o privilégio de ter uma equipe forte e comprometida com os objetivos da empresa. Isso exigiu saber motivar um time, atuar com transparência e sempre trabalhar de forma adaptável para unir os objetivos de clientes aos talentos mais aderentes para cada entrega em diferentes cenários.
Você já teve algum tipo de sentimento de autossabotagem? Como lida com essa situação e que dicas dá para mulheres que se sentem assim nos projetos, áreas e lugares em que atuam?
Sim, com certeza. Infelizmente isso é realidade para grande parte da população feminina, pela herança cultural que carregamos. A minha dica continua sendo o autoconhecimento como chave fundamental para conhecer suas próprias potências e limitações de forma mais aderente à sua realidade. Além disso, acho importante também a troca de experiências entre mulheres, seja por um círculo de amizades, livros, podcasts ou redes sociais. Ouvir diferentes relatos e visões nos ajuda a repensar padrões de pensamento que nos sabotam para evitar que nós não sejamos nossas próprias entraves para o sucesso.
Quais mulheres inspiradoras você segue, lê e observa? Como elas te inspiram?
Mulheres inspiradoras não faltam e minha mãe é uma delas. Ela tem fibra e força gigantes, algo muito bonito de se acompanhar. Já na esfera pública, personalidades como a empresária Luiza Trajano e a multitalentosa Fernanda Torres chamam minha atenção e inspiram não apenas pela qualidade do que fizeram profissionalmente, mas pela trajetória que trilharam e a semente que deixam para as futuras gerações de mulheres, para que não se esqueçam de serem livres para ser o que quiserem sempre.
Por fim, tem alguma dica de séries, filmes, livros e/ou músicas que consumiu recentemente e te fizeram refletir sobre a condição e o papel das mulheres?
Minhas recomendações de filmes são As Sufragistas, longa que mostra a luta das mulheres inglesas pelo direito ao voto; Radiactive, que conta a história de Marie Curie, uma das cientistas mais brilhantes de todos os tempos; e Frida, sobre a história da pintora Frida Kahlo. Para os livros, minhas indicações são “Quarto de Despejo”, de Carolina Maria de Jesus, “O Olho Mais Azul”, de Toni Morrison, e “O feminismo é para todo mundo”, de bell hooks.
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