Nossas histórias

13 de julho de 2022 - 14h42

(Crédito: mentalmind/Shutterstock)

Na última semana de junho eu fui convidada para falar em dois eventos direcionados ao público feminino.

O primeiro deles foi para um grupo de executivas acima de 40 anos que estão em transição de carreira, seja por escolha própria ou por terem sido impactadas pelas grandes demissões em decorrência da pandemia. O outro, foi para um grupo de jovens executivas que têm muita dificuldade em se autopromover. Nos dois eventos eu falei sobre histórias, usando a apresentação da minha empresa como base, e desenvolvendo as customizações necessárias.

Eu acho fascinante como as histórias têm o poder de conectar, provocar pensamentos e gerar ação. Os dois eventos aconteceram depois da triste medida política que nos arranca o direito de decidir sobre nossos próprios corpos. Em ambos os eventos houve muita comoção e algumas mulheres compartilharam seus casos e suas dores. 

É esquisito apresentar sobre storytelling, sobre como estruturar a história da sua vida em uma entrevista de emprego, como organizar seus talentos e competências em uma narrativa interessante para conquistar mais espaço na empresa quando, no mundão aqui fora, ainda há gente calando as mulheres, ignorando nossas decisões e nos impedindo de exercer os nossos direitos. 

É contraditório termos que aprender a falar melhor sobre nossas conquistas, como escrevi aqui no mês passado, enquanto estamos sendo caladas em massa, publicamente.

Fico feliz em ver que várias empresas estão nos apoiando e não vão deixar que a decisão política nos afete tanto. Estimuladas por esse apoio, muitas mulheres estão trabalhando narrativas para criar movimentos bacanas por aqui que visam minimizar o sofrimento de outras mulheres.

Conversando com elas eu renovei as minhas esperanças em relação ao nosso futuro. 

Cada passo que damos é rico em esforço, dor, aprendizados e conquistas. Cada capítulo da nossa história como grupo é complexo. Nossas histórias pessoais são pequenas pedras brutas que vamos lapidando para juntar com outras e formar o colar bonito que mostramos por aí. 

Muitas vezes precisamos esconder a decepção com o mundo para honrar a nossa própria história e seguir em frente apesar das adversidades, mas cada passo individual dado em direção ao crescimento de uma única mulher ajuda a abrir caminho a tantas outras.

Somos melhores do que imaginamos, estamos mais preparadas que nunca para provocar mudanças e as nossas histórias são ferramentas poderosas de transformação.