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O campo também é lugar de mulher

Lideranças femininas comentam evolução das mulheres no agronegócio e traçam lacunas e oportunidades que ainda existem no setor


26 de março de 2025 - 16h59

Dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) ao lado do Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e do Instituto de Geografia e Estatística (IBGE) indicavam que, em 2022, cerca de 1 milhão de mulheres administram propriedades rurais no Brasil. A informação ilustra e evidencia uma série de outros avanços da presença feminina no agronegócio.

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“A próxima revolução no campo é feminina” contou com a presença de porta-vozes da JBS Brasil e Associação Brasileira do Agronegócio, Grupo Continental, Nestlé e Raiar Orgânicos (Crédito: Eduardo Lopes/maquinadafoto)

No painel “A próxima revolução no campo é feminina”, Liège Vergili Correia, diretora de sustentabilidade da JBS Brasil e vice-presidente da Associação Brasileira do Agronegócio, reconheceu a evolução no segmento e traçou os benefícios da participação das mulheres: “O ganho não é somente financeiro, não é um KPI, um número, mas um ganho na pluralidade no sentido dos negócios”, afirmou.

Helen Jacintho, diretora de melhoria contínua do Grupo Continental, endossou que a inclusão feminina não é apenas sobre equidade, mas também traz resultados, maior olhar para o pilar social, inovação, entre outros, exemplificou. “O trabalho da mulher no campo sempre existiu. Elas administravam suas casas, suas famílias e passaram disso para estar ao lado das famílias administrando”, complementou.

Neste sentido, Anny Chueh, sócia da Raiar Orgânicos, indica que a companhia conta com 75% de mulheres em áreas chave, como o de abastecimento de aves, reprodução e sala de ovos. De acordo com a executiva, há a percepção de que mulheres tem um desenvolvimento melhor em áreas que requerem maior cuidado e delicadeza, em relação aos homens.

E a jornada do empoderamento feminino no campo tem sido uma vertente de negócios estratégica para companhias. A Nestlé conta com o programa Força da Moça do Campo, iniciativa voltada à cadeia da pecuária de leite. Em movimentos de escuta, notaram que que as mulheres buscavam maior conhecimento técnico, por exemplo, evidenciando uma demande de acesso à educação e informação. Além disso, tal empoderamento têm exercido papel fundamental na sucessão familiar de outras mulheres.

“Ao longo dessa jornada de transformação e transição dos sistemas alimentares, trabalhar com as mulheres é parte da nossa estratégia não apenas por uma questão obvia de diversidade e inclusão, mas estratégico para acelerar a transição para esses sistemas sustentáveis e regenerativos”, pontuou Barbara Sollero, diretora de Agricultura Regenerativa na Nestlé.

Os desafios que permanecem

Liège, da JBS Brasil, reitera que, de fato as mulheres já estão presentes em todos os lugares, mas ainda é possível fazer mais pela perpetuação da mensagem. “O grande desafio como alguém que ocupa um cargo de liderança, sendo mulher, é inspirar essas outras mulheres, porque ainda há muito o fato de identificação”, declarou.

Há ainda, aqueles ligados ao mercado de trabalho, entre maior escuta, salário justo e jornada de trabalho que leve em consideração a dupla jornada de mulheres. O nível de exaustão mental em relação a um homem ainda é grande, lembrou Bárbara, da Nestlé. “Apesar de estarmos nessa posição de igualdade agora, existem outras sobrecargas que ainda são invisíveis”, alertou.

E o marketing também pode ser um aliado desse processo, um vez que é capaz de contar histórias e quebrar estereótipos sobre a presença feminina no agronegócio, bem como outras temáticas, como a revolução sustentável, conforme indicou Helen, do Grupo Continental.

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