O que a física nos ensina sobre liderança e colaboração
Quando compreendemos nosso ponto de referência e buscamos enxergar o dos outros, abrimos espaço para a empatia, a colaboração e o crescimento mútuo
O que a física nos ensina sobre liderança e colaboração
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20 de janeiro de 2025 - 6h27
O que a física tem a ver com liderança? Como ela pode nos ajudar a entender melhor o comportamento das pessoas, tanto no ambiente de trabalho quanto na vida pessoal? E, mais importante, como a aplicação de seus conceitos pode aprimorar as relações dentro das equipes?
A física, ciência que estuda a natureza, a matéria, a energia, o espaço e o tempo, está presente em todos os aspectos do nosso cotidiano. Desde o momento em que acordamos até o instante em que vamos dormir, tudo ao nosso redor está em movimento — e, assim como na física, esse movimento depende de nossa percepção e do ponto de vista que escolhemos adotar. Um de seus conceitos, o movimento relativo, nos ajuda a interpretar melhor as dinâmicas entre as pessoas e melhorar nossas interações, especialmente em contextos de liderança e colaboração.
A física nos mostra que nada está absolutamente parado ou em movimento; tudo depende do referencial. Por exemplo, nós não percebemos que a Terra gira a 1.700 km/h na linha do Equador e orbita o Sol a 30 km/segundo, porque estamos em movimento junto com ela. Do nosso ponto de vista, a Terra parece estática. Para um observador no espaço, entretanto, a perspectiva é completamente diferente.
Esse princípio, estudado por Galileu, explica que o movimento de um objeto depende do ponto de referência escolhido. Um copo em um trem parece parado para quem está dentro, mas em movimento para quem está fora. Da mesma forma, nossas interpretações, ideias e julgamentos são influenciados pelo nosso “referencial mental”.
Portanto, o movimento da trajetória depende do nosso referencial (imagem ao lado): para o observador que está parado, do lado de fora do trem, a trajetória tem a forma de uma parábola, para que está dentro, é vertical.
O conceito aplicado à liderança e às equipes
Assim como na física, não existem verdades absolutas no ambiente corporativo ou nas interações humanas. O que percebemos como “certo” ou “errado” é influenciado pela nossa perspectiva pessoal, moldada por nossas experiências, crenças e comportamentos. Compreender o referencial do outro é um passo essencial para reduzir conflitos e melhorar a colaboração.
Na liderança, reconhecer os diferentes pontos de referência dos membros da equipe é crucial. Para facilitar esse entendimento, desenvolvi uma metodologia que identifica os perfis comportamentais de profissionais. Essa prática não limita ninguém a um padrão, mas ajuda a revelar os pontos de vista individuais e como eles influenciam as interações.
Um exemplo prático: resolutivo vs. especialista
Dos nove perfis mapeados no método, vamos imaginar dois perfis opostos:
O Resolutivo: focado na eficiência, prefere ações rápidas e resultados imediatos.
O Especialista: perfeccionista, prioriza a qualidade e a segurança, com aversão ao risco.
Em um projeto, o Resolutivo pode pressionar o Especialista para entregar um relatório rapidamente, julgando-o como “lento”. Por outro lado, o Especialista pode ver o Resolutivo como “imprudente”, por insistir em finalizar algo que ainda precisa de ajustes. Esse conflito surge porque cada um está avaliando a situação a partir de seu referencial comportamental.
Diluir o julgamento e praticar a empatia
O julgamento nasce quando avaliamos o outro com base em nossa própria lente, desconsiderando sua perspectiva. Para superar esse obstáculo, o primeiro passo é desenvolver a autoconsciência: entender nosso referencial e suas limitações. Reconhecer que, junto com nossa eficiência, pode vir o imediatismo; e que, junto com a busca pela perfeição, pode vir o medo de errar.
Ao aceitar isso, começamos a praticar a empatia: compreender o ponto de vista do outro e suas motivações. Isso não significa abrir mão das nossas necessidades, mas criar espaço para um diálogo colaborativo, onde as diferenças se tornam complementares.
O Resolutivo, por exemplo, pode aprender que a atenção aos detalhes do Especialista contribui para a qualidade do trabalho. Por outro lado, o Especialista pode entender que a urgência do Resolutivo ajuda a evitar atrasos desnecessários. Assim, negociamos um equilíbrio: o relatório não será entregue às pressas, mas também não precisará de perfeição absoluta.
Liderança e gestão baseadas em referenciais
Quando líderes e equipes reconhecem seus próprios referenciais e os dos outros, torna-se possível construir um ambiente de respeito mútuo. Essa prática dissolve julgamentos, promove alinhamento e gera soluções equilibradas. Ao entender os diferentes perfis, as equipes desenvolvem uma gestão mais autônoma e produtiva, onde todos se sentem valorizados e compreendidos.
A física nos ensina que tudo é relativo – e o mesmo vale para as relações humanas. Na liderança e no trabalho em equipe, esse princípio nos ensina que não há verdades absolutas, mas sim visões individuais que devem ser compreendidas e conciliadas. Quando compreendemos nosso ponto de referência e buscamos enxergar o dos outros, abrimos espaço para a empatia, a colaboração e o crescimento mútuo.
Na liderança, esse entendimento é uma ferramenta essencial para alinhar diferentes perspectivas, fortalecer relações e alcançar melhores resultados. O comportamento e as atitudes que você adota diariamente determinam seu referencial. Qual é a lente que você usa para interagir com as pessoas? Como ela impacta a forma como você se comunica, resolve conflitos e constrói confiança? Identificar sua perspectiva e buscar compreender a dos outros pode transformar a qualidade das suas relações e o sucesso de suas lideranças.
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