O que a sua empresa pode fazer pela visibilidade trans?
Companhias têm o poder – e a responsabilidade – de contribuir para a inclusão, respeitando e fortalecendo a diversidade em todos os espaços
O que a sua empresa pode fazer pela visibilidade trans?
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29 de janeiro de 2025 - 11h20
Vinte e nove de janeiro é o Dia Nacional da Visibilidade Trans e Travesti. Essa data surgiu em 2004, quando um grupo de ativistas foi ao Congresso Nacional em apoio à campanha “Travesti e Respeito”, uma parceria entre a Antra (Associação Nacional de Pessoas Trans e Travestis) e o Ministério da Saúde. Desde então, janeiro tornou-se um mês simbólico para lembrar toda a sociedade de que pessoas trans merecem igualdade e dignidade.
Embora seja um período para destacar tanto os avanços quanto os desafios, 2025 começou com obstáculos alarmantes para a comunidade trans. Nos Estados Unidos, o presidente recém-empossado declarou, em seu discurso de posse, que “só existem dois gêneros”. Além disso, anunciou um decreto restringindo o acesso de pessoas trans a serviços de saúde, documentos oficiais e outros direitos básicos.
No Brasil, o cenário também é preocupante. Em apenas três dias, um dos vereadores mais votados de São Paulo apresentou três projetos de lei que visam restringir os direitos de pessoas trans, incluindo a proibição de participação em competições esportivas, o uso de banheiros e o atendimento médico para menores de 18 anos.
Diante dessa realidade, é essencial refletir sobre o papel das empresas nessa agenda. Afinal, organizações que operam no Brasil não podem ignorar a dimensão desse tema.
De acordo com a pesquisa Global Advisor – LGBT+ Pride 2024 da Ipsos, cerca de 14% da população brasileira se reconhece como LGBT+. Além disso, um estudo da Faculdade de Medicina de Botucatu (FMB) da Unesp, publicado em 2021, estimou que aproximadamente 2% da população adulta brasileira se identifica como transgênero ou não binária.
Esses números mostram que estamos falando de uma parcela significativa da população que está cada vez mais atenta aos seus direitos. Pessoas trans estabelecem vínculos de confiança apenas com marcas e empregadores que demonstram respeito, seja enquanto consumidores ou colaboradores.
Para as empresas, adotar uma postura ativa sobre o tema vai além de responsabilidade social. Isso significa:
– Reduzir riscos jurídicos;
– Promover maior pertencimento entre os colaboradores;
– Conectar-se de forma genuína com consumidores.
Como transformar esse compromisso em prática? Aqui estão três caminhos:
Pergunte-se: como a sua marca está presente na jornada de vida dessas pessoas?
O impacto pode variar conforme o setor. Uma marca de moda, por exemplo, desempenha um papel central na construção de narrativas sobre corpos. Uma fabricante de calçados pode repensar o design e os tamanhos de seus produtos para incluir mulheres trans que calçam números maiores. Já uma agência de publicidade deve refletir sobre como as pessoas trans estão sendo representadas em campanhas e conteúdos.
Mesmo que a sua organização não tenha produtos voltados diretamente à população trans, é indispensável criar um ambiente inclusivo para colaboradores. Identificar esses pontos de contato é o primeiro passo para garantir que eles sejam positivos.
Ainda vivemos em um contexto de desinformação e preconceito, agravado pela disseminação de notícias falsas. Nesse cenário, investir em ações de educação corporativa é indispensável. Treinamentos e workshops que esclareçam conceitos como identidade de gênero e apresentem estudos sobre os desafios da população trans são fundamentais para promover empatia e reduzir barreiras dentro das equipes.
Empresas que oferecem apoio direto às necessidades de pessoas trans têm a chance de ir além do discurso. Isso inclui benefícios como assistência para hormonização, apoio na retificação de nome e gênero em documentos e políticas internas que assegurem o respeito à identidade de cada colaborador.
Visibilidade trans não se constrói apenas com palavras, mas com ações concretas. Empresas têm o poder – e a responsabilidade – de contribuir para a inclusão, respeitando e fortalecendo a diversidade em todos os espaços. Janeiro é o mês para começar (ou intensificar) esse compromisso. Afinal, apoiar a comunidade trans é, antes de tudo, reconhecer a humanidade de milhões de pessoas e agir para garantir que seus direitos sejam respeitados.
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