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O superpoder de controlar as horas e usar melhor o nosso tempo

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Opinião

O superpoder de controlar as horas e usar melhor o nosso tempo

Fomos treinadas a que produtividade está relacionada a fazer mais, com velocidade e entrega, mas e a qualidade?


8 de setembro de 2023 - 9h00

(Crédito: tatomm/AdobeStock)

Quem nunca, numa brincadeira de criança, entrevista de emprego ou inspirado por filmes de super-heróis, já não teve que responder ou refletir sobre a hipotética pergunta: se você tivesse um superpoder qual seria ou gostaria de ter? 

Um dia desses, numa mesa descontraída com um grupo de amigas, terminando o jantar, nos deparamos com a questão acima. Lembro que chegamos nessa ponderação, após falarmos muito sobre temas cotidianos e com a interrogação constante: como damos conta de fazer tudo com tanta entrega, qualidade e satisfação? 

Concluímos, sim, que gostaríamos de ter superpoderes, para ainda poder fazer muito mais, inclusive, com mais momentos de descontração como aquele delicioso encontro! 

Das minhas amigas naquele jantar, a maioria citou, inclusive eu, que o superpoder mais desejado era sobre a possibilidade de dominar e controlar o tempo. 

Poderia ser para pará-lo, vivendo mais intensamente cada um dos momentos. Ter a capacidade de executar qualquer tarefa com muito mais rapidez ou poder entregar várias delas de maneira simultânea. Até quando mencionamos poder voar, além de aproveitar a sensação da própria fluidez de estar se movendo pelo céu, ir a lugares desconhecidos, trouxemos a questão de chegar aos lugares com menos stress e muito mais velocidade. 

Esta parte da conversa aconteceu exatamente em nossa “saideira”, que, neste caso, nem foi o último drink, mas o último café ou o chá de camomila com maracujá da noite! A escolha de cada uma estava basicamente definida em função de como seriam gastas as horas seguintes. 

Alguns de nós precisava de mais tempo acordada para ainda executar as tarefas finais do dia – antes de dar meia-noite – e o café daria esta última energia. Para outras, ao contrário, o ideal era um chá para induzir um boa noite de sono, ganhando mais tempo de qualidade e já se preparando para o outro dia. 

E foi exatamente este insight que me acompanhou na volta para casa. Queremos o tempo do café para ganhar mais energia, mais horas acordadas e produzir muito mais, ou de fato o tempo do chá para disfrutar com mais tranquilidade e, às vezes, até com mais intensidade? Na realidade, o superpoder da velocidade ou o de poder parar o tempo? 

Não tenho dúvida que os dois se combinam e as escolhas devem acontecer de acordo aos nossos contextos diários. Mas confesso que eu, uma bebedora voraz de café, tenho feito um esforço enorme para também ter o momento do chá. 

Temos a sensação, ou melhor, fomos muito treinados a que produtividade está relacionado a fazer mais, com velocidade e entrega. E a qualidade? Como criatividade e inovação, entram nesta conta? Às vezes, precisamos de tempo para amadurecer, refletir e estabilizar. 

Até mesmo fazendo paralelo com o nosso ambiente de comunicação, marketing e publicidade; lembro de um paper que desenvolvemos na Kantar, mesmo antes da pandemia, no qual falávamos que entrávamos numa nova era de consumo, limitada por capacidade de recursos: econômicos, naturais e cognitivos. O último, relacionado à capacidade de processamento do cérebro humano em relação ao volume e rapidez de mensagens e informações. 

De fato, não existe condições de absorvermos tudo ao mesmo tempo e agora. Nos vários papéis que ocupamos na nossa família, no trabalho, como indivíduos na sociedade e no ambiente de consumo, a questão passa pela qualidade da atenção, na relevância e nas experiências que estamos vivendo. 

Se o tempo é finito, não podemos ganhar mais horas num dia! O superpoder mais real e a nosso alcance é, seguramente, a habilidade de poder gerir, administrar e definir o nosso conceito de tempo e como melhor aproveitá-lo. Até as super-heroínas, com todos os seus poderes de controlar o tempo ou ser mais veloz do que ele, precisam habilmente saber como usufruí-lo e, me arrisco a dizer, que às vezes também fazem bem acomodadas e confortáveis, acompanhadas de um bom chá! 

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