Os desafios da liderança na era da diversidade etária
A mescla de gerações já é uma realidade que ajuda a nortear a comunicação e fortalece o cross geracional com conteúdo diverso que atinge camadas diferentes
Os desafios da liderança na era da diversidade etária
BuscarA mescla de gerações já é uma realidade que ajuda a nortear a comunicação e fortalece o cross geracional com conteúdo diverso que atinge camadas diferentes
Valeria Contado
27 de março de 2025 - 8h08
Moderadora Candice Pomi, ao lado de Samantha Almeida, Regina Knapp e Nicolle Merhy (Crédito: Eduardo Lopes / Maquinadafoto)
Nicolle Merhy, CEO da Game Code e Black Dragons; Regina Knapp, diretora comercial na Piloto, e Samantha Almeida, diretora de marketing da TV Globo, protagonizaram uma conversa sobre os desafios da liderança na era da diversidade etária durante o WW Summit, que aconteceu nessa quarta-feira, 26.
Apesar dos limites estipulados pelo ano de nascimento, ou mesmo pela questão de pertencimento a cada uma das gerações, o cross geracional já é uma realidade em grande parte das empresas. Essa diversificação ajuda os profissionais, especialmente da área de comunicação, a se conectar com uma diversidade maior de públicos e em uma camada mais profunda de relacionamento.
Embora esse movimento seja percebido da porta para fora das empresas, quando se olha para dentro das equipes também é possível ver os benefícios que essa construção diversa pode trazer para a construção de um trabalho multidisciplinar.
Samantha Almeida trouxe um viés de consumo para o debate. Segundo a executiva, pode parecer que as diferentes gerações querem consumir coisas diferentes, mas para ela hoje existem mais similaridades do que diferenças. “Temos mais medos e jornadas compartilhadas”, afirmou.
Esses desejos também se refletem no ambiente de trabalho, especialmente na relação entre a liderança. Isso acontece, porque, muitas vezes, as jornadas de cada componente das gerações são diferentes, o que traz uma diversidade na bagagem.
Isso aconteceu com Nicolle Merhy. Hoje publicitária, começou a carreira como atleta de eSports, passou a fazer parcerias com marcas e entrou no ramo depois de algum tempo. Ela afirma que esse contato com pessoas que são mais velhas a ajudam como uma mentoria, para que ela seja uma profissional mais instruída, mas também pela troca que ela pode passar para essa liderança.
Para muitos jovens, essas oportunidades são de grande valor e aprendizado em aspectos de como se comportar no mercado de trabalho e até mesmo em pontos pessoais. No entanto, existe uma cobrança interna para fazer dar certo, que precisa ser trabalhada. “Existe uma cobrança nos jovens de provar que ele é melhor. É importante que os líderes entendam que esses profissionais os ouvem, que aprendem rápido, mas que precisam ser direcionados. Precisamos do ensinamento e do guia, a nossa noção de tempo é diferente da de vocês”, disse.
Embora a associação do jovem ouvindo o profissional mais sênior seja a mais cômoda, as executivas concordaram que, na verdade, essa é uma via de mão dupla, na qual o resultado depende de uma escuta ativa de ambos os lados, já que os líderes também podem aprender com a jornada do liderado.
“Temos que fazer com que todos participem de tudo. Quem é mais velho deve ouvir os mais jovens, faz parte do processo. Aprendemos muito com eles, agregamos as opiniões e quando somos mais jovens ansiamos muito pelo resultado”, afirmou Regina.
Os jovens também são bastante orientados pelo conteúdo que consomem na internet. Eles ajudam a construir o imaginário dos futuros profissionais e, até mesmo, moldar linha de pensamentos e conhecimentos desse público.
Por isso, Samantha chama atenção para a idealização romântica que o mercado faz tanto da sabedoria dos mais sêniores, quanto pela característica autodidata e conectada dos mais jovens. Para a profissional é preciso debater a construção do ideal algorítmico que está sendo construída para esses jovens, que muitas vezes é diferente do que enxergam os mais velhos.
“Estamos falando de uma geração chamada ‘nem nem’, da precarização do trabalho jovem, mas estamos vivendo uma oportunidade. As exceções causam uma alucinação algorítmica e mostram que o jovem quer ficar rico aos 30 anos. Precisamos debater que mundo imaginário estamos construindo com o algoritmo de um jovem que é diferente que o meu”, afirmou. Para ela, nunca foi tão importante avaliar o que está sendo consumido como agora.
Para isso, é preciso encontrar um meio que conecte as gerações e consiga, tambem, se conectar com variados públicos. E as marcas têm grande impacto nesse aspecto, já que são capazes de transitar entre os ambientes, muitas vezes levando mensagens e posicionamentos ao longo do tempo.
Recentemente, por exemplo, O Boticário lançou o rótulo Her Code, que fala sobre prazer feminino, um assunto que pode permear, mesmo que de formas diferentes, as gerações, ou mesmo o Itaú que, em sua campanha de 100 anos, trouxe elementos para se aproximar do público por abordagens diferentes, sem perder a essência de seu posicionamento.
“O poder publicitário repercute a mensagem. Conseguimos levar as pautas através das marcas e da publicidade, que alcança a todos. Os jovens hoje têm uma percepção de vida diferente do que eu tinha, por que levamos para as telonas as mudanças de vida”, refletiu Nicolle.
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