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PCDs: da invisibilidade à ocupação de espaços

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PCDs: da invisibilidade à ocupação de espaços

Pequena Lo, Carolina Ignarra e Daniela Sagaz usaram suas experiências para exaltar sobre o quanto a sociedade precisa mudar o olhar para incluir pessoas com deficiência


21 de março de 2023 - 14h44

Daniela Sagaz, da Mondelez, e Carolina Ignarra, da Talento Incluir (Crédito: Eduardo Lopes/ Imagem Paulista)

Se as mulheres, de forma geral, se sentem solitárias em alguns ambientes, sobretudo no corporativo, quando se trata especificamente de mulheres com deficiência, essa sensação de isolamento é elevada.

Essa sensação foi compartilhada pelas três debatedoras que dividiram o palco do Summit Women to Watch: Daniela Sagaz, head de diversidade da Mondelez; Carolina Ignarra, fundadora da Talento Incluir, e Pequena Lo, psicóloga e influenciadora digital. O painel “Enxergando a invisibilidade: mulheres com deficiência e os espaços a serem ocupados” foi moderado pela Manoela Pereira, Head de Conteúdo do Terra.

Mulheres com deficiência, cada uma expôs um pouco de sua trajetória para demonstrar os desafios de trabalhar, construir uma carreira e de viver em uma sociedade que ainda está longe de se livrar do capacitismo.

Daniela, que nasceu sem um braço e sem uma perna, contou que seu pai, ainda na infância, reforçava que o mundo não era preparado para ela e que, por isso, ela teria a responsabilidade de ajudar a melhorá-lo para ela própria e para outras pessoas com deficiência.

“Quando cheguei à faculdade, meu primeiro desafio foi ter de estudar no terceiro andar de um prédio que não tinha elevador. Alguns meses depois, o elevador foi instalado, porque acabei fazendo com que aquela necessidade fosse vista”, revelou. A profissional contou também que teve a felicidade de, em seu primeiro estágio, encontrar uma empresa e pessoas que não estavam preocupadas com sua deficiência e sim com os resultados que ela poderia entregar no trabalho.

Carolina Ignarra contou que, antes mesmo do acidente de moto que a fez perder os movimentos das pernas, há 22 anos, ela já percebia que as pessoas com deficiência, de forma geral, são invisibilizadas. A fundadora da consultoria Talento Incluir contou que, ao ministrar aulas de ginástica laboral em empresas, viu que algumas pessoas começaram a se sentir confortáveis de participar e de falar sobre suas deficiências assim que ela começou a desenhar aulas mais inclusivas.

“Na verdade, nós, pessoas com deficiência, não somos bem contados. No mundo, cerca de 15% da população tem alguma deficiência. No Brasil, em 2019, foi realizada uma revisão nos dados e apontaram que 8,2% da população do País tem alguma deficiência. Não é possível que tenhamos praticamente metade da média mundial de PCDs. O que acontece é que essas pessoas não são contabilizadas. Muitos pais e mães ainda não dizem que têm filhos com deficiência. E, infelizmente, quem não é visto, acaba não sendo lembrado”, comentou.

Pequena Lo: “Minha meta nunca foi falar de minha deficiência e nem de ensinar as pessoas sobre capacitismo”(Crédito: Eduardo Lopes/Imagem Paulista)

As redes acabam tendo papel importante para tornar as pessoas com deficiência mais visíveis e pertencentes à sociedades – e a influenciadora Pequena Lo tem papel importante nesse processo. Com 4,5 milhões de seguidores no Instagram e 6,2 milhões no TikTok, Lorrane Silva disse que nunca achou necessário explicar ao público sobre sua deficiência. Mas que o fato de aparecer, exibindo suas atividades no dia a dia, vivências e seu dia a dia na “motinha”, são fortes o suficiente para mostrar que uma pessoa com deficiência vai além de suas possíveis limitações.

“Minha meta nunca foi falar de minha deficiência e nem de ensinar as pessoas sobre capacitismo. Não acho que essa seja nossa obrigação. Eu, estando ali, já representa muita coisa. Quando comecei a fazer vídeos de humor, em 2014, não tinha referencias de PCDs na internet. Fico muito feliz de hoje, de alguma forma, poder representar as pessoas. Tenho um público gigante hoje, que vai da criança ao idoso e acredito que se todo mundo procurar se informar e entender um pouco mais sobre empatia e sobre o outro, não iremos acabar com o capacitismo, mas ele pode diminuir bastante”, concluiu.

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