Poder, decisões e solidão: os desafios das mulheres em posições de liderança
Lideranças femininas do Airbnb, Accenture e Beiersdorf refletiram como ter uma rede de apoio sólida também pode contribuir para uma carreira de sucesso
Poder, decisões e solidão: os desafios das mulheres em posições de liderança
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Larissa Santiago
27 de março de 2025 - 14h22
Maria Laura Nicotero, Andrea Salgueiro Cruz Lima, Ana Bogus e Fiamma Zarife (Créditos: Eduardo Lopes/maquinadafoto)
O painel “Poder, solidão e subjetividades”, moderado por Maria Laura Nicotero, CEO da Nico.ag e presidente da plataforma Women To Watch, reuniu no palco do WW Summit lideranças femininas para debater sobre direção e poder, com foco nas experiências de mulheres em posições de comando.
A solidão acaba surgindo da necessidade de tomar decisões difíceis, muitas vezes em meio ao silêncio e à crítica. E a pressão para ser perfeita e representar muitas mulheres aumenta o peso emocional, exigindo autoconhecimento e autocompaixão.
“É você quem toma as decisões, quem suporta o silêncio ao compartilhar uma decisão difícil numa sala de reunião, quem lida de perto com as consequências, os efeitos colaterais, as críticas públicas e privadas, além da sua própria autocobrança”, refletiu Fiamma Zarife, diretora geral do Airbnb para América do Sul.
“É necessário ter muita coragem para tomar essas decisões. E como supero essas situações? Diria que não se trata de superar, mas sim de aprender a administrar essas situações. Com o tempo, todo esse peso emocional se transforma em um fortalecimento”, acrescentou.
Andrea Salgueiro Cruz Lima, senior Advisor da Accenture e Presidente do Conselho de Administração, relembrou sua decisão por não ter uma carreira internacional, o que refletiu em uma solidão física pois sua equipe estava espalhada pelo mundo.
“Você está sozinha, viajando, em todos os lugares, sem estar com ninguém. Longe da sua família, da sua rotina de exercícios, da sua vida. Mas, quando você tem clareza sobre o que quer, o que não quer e o que é negociável para você, fica muito mais fácil tomar decisões na vida”, disse.
“No final, tudo parece muito glamouroso, colocamos no LinkedIn e mostramos para o mundo que tudo está correndo bem, que as coisas estão acontecendo. Mas, na realidade, as pessoas têm uma visão distorcida do que é a sua vida e do que você precisa abrir mão para estar lá. O que você está sacrificando, coisas que são absolutamente relevantes para você e para sua vida pessoal”, completou.
Já Ana Bogus, presidente da Beiersdorf Brasil, reafirmou sua visão sobre o tema, destacando a importância do equilíbrio e da aceitação das decisões – tanto na vida profissional quanto pessoal.
“Acho que aceitar isso e viver em paz com a decisão que tomamos passa muito por autoconhecimento. É necessário refletir profundamente e se perguntar: ‘Consigo viver com essa escolha, considerando que quero crescer, aprender e me desafiar?’ O julgamento sobre se isso é certo ou errado não pode ser o foco”, destacou.
As participantes destacaram também o significado de ter uma rede de apoio sólida ativa, composta por mulheres, mentores, pares e familiares.
Essa rede oferece suporte, orientação e compreensão, ajudando a superar os desafios e a construir uma carreira de sucesso.
“Ter uma rede composta por mulheres que entendem o que estamos vivendo, além de homens que compreendem as estruturas de poder é importante. Tenho também a questão da intuição, que me ajuda muito. A intuição é uma inteligência sofisticada que adquirimos com nossas vivências e experiências”, destacou Fiamma.
Para Ana, a rede de apoio também é um suporte nas tomadas de decisões ao longo da carreira e precisam fazer parte disso.
“Acredito que as discussões e os diferentes pontos de vista desses grupos ajudam você a tomar decisões de forma mais consciente. Essas pessoas te conhecem, vão te apoiar nas suas escolhas e vão te questionar, ajudando a entender se você está seguindo o caminho certo. Novamente, as decisões podem mudar. Você pode querer algo este ano, e no ano seguinte, por conta de um tema de saúde na sua família, isso pode mudar seus planos. E está tudo bem, né?”, disse.
“O que eu sempre incentivo é: esteja preparada. Esteja curiosa, com as bases de apoio bem construídas e pronta para abraçar as oportunidades que surgirem na vida. Isso é muito importante, porque, caso contrário, se ficarmos esperando”, completou.
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