Assinar

Poder, dinheiro, influência e a nova Guerra Fria tecnológica 

Buscar
Publicidade
Opinião

Poder, dinheiro, influência e a nova Guerra Fria tecnológica 

A luta não é apenas contra corporações, mas por um modelo de sociedade onde empatia, diversidade e sustentabilidade sejam os alicerces do progresso


6 de fevereiro de 2025 - 7h49

(Crédito: Shutterstock)

Não é de hoje que três forças principais parecem moldar os rumos da sociedade: poder, dinheiro e influência. Impossível não observar como esses elementos estão intrinsecamente ligados às dinâmicas globais e ao crescente poder de grandes corporações tecnológicas. Figuras como Elon Musk e movimentos políticos conservadores têm buscado consolidar ainda mais seu alcance. 

O exemplo do TikTok é emblemático. Apesar de ser uma plataforma de origem chinesa que desafia o monopólio de empresas norte-americanas em redes sociais, o TikTok sofre pressões para ser vendido ou regulado, devido à falta de controle ocidental sobre seus dados e algoritmos. É uma disputa que vai além do dinheiro; é sobre poder e influência global. Essa batalha escancara como os Estados Unidos, outrora vistos como ícones de inovação, agora enfrentam desafios para manter sua hegemonia tecnológica. 

O que também preocupa é a concentração de poder em figuras como Elon Musk, que atualmente controla uma frota de mais de 6 mil satélites. Google e Meta juntos têm todos os nossos dados em mãos e um poder de manipulação mundial. Para contextualizar, lembramos que regimes autoritários do passado, como o de Hitler, também ascenderam legalmente antes de consolidar poder absoluto. A lição histórica é clara: o poder centralizado gera impactos devastadores. 

O recente lançamento da IA chinesa DeepSeek é outro exemplo dessa disputa. O aplicativo sozinho causou desvalorização de 1 trilhão de reais para os EUA, com código aberto, 70% menos custos operacionais e 90% menos consumo de energia. Ou seja, é possível fazer diferente e fora do monopólio estadunidense. Com certeza não é uma coincidência a nova versão do chatbot ter sido lançada ao público no dia da posse de Trump, sendo chamada pelo mercado de “Momento Sputnik”. 

O impacto do techbro e o neocolonialismo digital

A posse de Donald Trump, marcada por uma imagem simbólica ao lado de um verdadeiro cartel da tecnologia — os “techbro”—, é um reflexo da nova revolução industrial que vivemos. O ataque ao TikTok, assim como as tentativas de desacreditar regulamentações europeias e latino-americanas, é um claro exemplo de uma nova forma de Guerra Fria, onde a hegemonia tecnológica substitui as armas tradicionais. 

Zuckerberg, ao chamar o Supremo Tribunal Federal brasileiro de “cortes secretas”, expõe não apenas arrogância, mas também o desprezo por iniciativas que buscam regular sua influência. Os EUA, sob liderança conservadora, buscam reafirmar seu papel como “líderes do mundo”. Mas o mundo hoje é mais conectado e interdependente do que nunca. Será que precisamos deles mais do que eles precisam de nós realmente? Essa é uma pergunta que merece reflexão. 

Todos sabem que sou a pessoa do diálogo. Mesmo diante de retrocessos, sigo acreditando que empatia e humanidade são ferramentas poderosas para unir as pessoas. No entanto, quando os direitos humanos são atacados e o fascismo emerge, é essencial resistir. Muitas corporações, como Microsoft, Walmart e Meta, estão encerrando suas agendas de ESG (ambiental, social e de governança). Ainda assim, acredito no potencial transformador da diversidade.

A inovação surge da inclusão, e o futuro ainda é feminino e das vozes que promovem a igualdade. O conservadorismo e a masculinidade tóxica que Trump e seus aliados representam são resquícios de um pensamento colonial que nos levou às crises atuais. Precisamos quebrar esse ciclo, responsabilizando os bilionários e as grandes corporações pelos danos que causaram à humanidade e ao meio ambiente. 

Mais do que nunca, é hora de unir vozes e exigir que as elites globais paguem por suas escolhas. Precisamos de regulamentações mais fortes, de um movimento global que privilegie a justiça social e ambiental. A resistência não é apenas necessária, é essencial para garantir um futuro mais justo e inclusivo. O mundo não pode mais tolerar o abuso de poder e a ganância desenfreada. 

A luta não é apenas contra bilionários ou corporações, mas por um modelo de sociedade onde empatia, diversidade e sustentabilidade sejam os alicerces do progresso. O futuro é coletivo, e é hora de agir. 

Publicidade

Compartilhe

Veja também

  • As mulheres por trás das agências de marketing de influência

    As mulheres por trás das agências de marketing de influência

    As lideranças femininas das maiores agências de influenciadores do Brasil falam sobre o crescimento do mercado e seus desafios

  • 75% das lideranças femininas já viram ideias de mulheres serem descartadas no Brasil

    75% das lideranças femininas já viram ideias de mulheres serem descartadas no Brasil

    Nova pesquisa da Fesa Group no Brasil indica principais razões para os projetos liderados por mulheres não irem para frente