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Por que manter o entusiasmo tem a ver com processo criativo?

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Opinião

Por que manter o entusiasmo tem a ver com processo criativo?

Que a gente faça as coisas e se mantenha entusiasmada para todos os projetos, mesmo aqueles que parecerem mais singelos


1 de novembro de 2024 - 17h39

(Crédito: Shutterstock)

Dia desses eu me deparei com uma citação de Susan Sontag que dizia assim: “Faça as coisas. Fique concentrada, seja curiosa. Não espere pelo empurrão da inspiração ou por um beijo da sociedade na sua testa. Preste atenção. Tudo se resume a prestar atenção. A atenção é vitalidade. Ela conecta você com os outros. Ela te deixa entusiasmada. Mantenha-se entusiasmada”. 

E isso me trouxe várias reflexões que eu gostaria de compartilhar com você neste artigo. Muitas vezes, a gente espera as condições perfeitas, ou ter inspiração, ou estar no estado de espírito ideal para fazer alguma coisa. E, nessa espera, acaba priorizando as urgências que vão nos atropelando no dia a dia.  

Isso vale para qualquer tipo de projeto, desde o mais modesto projeto pessoal até os grandiosos projetos profissionais. Se não formos movidas pela curiosidade e não nos entusiasmarmos com o processo, acabamos empacadas. E aí perdemos a chance de colocar novas ideias no mundo. 

Isso tudo me fez pensar um pouco no meu próprio processo criativo. Todas as vezes em que estou em crise ou meio saturada, encontro um jeito de dar uma pausa para criar – genuinamente, visceralmente. 

Lembro que há muitos anos eu estava muito em crise. Na ocasião, tirei os dias que tinha acumulado de férias e fiquei um mês inteiro longe do celular e da tecnologia. 30 dias somente desenhando, pintando e estudando arte. Despretensiosamente. Sem fins lucrativos. Sem a pressão de precisar fazer algo útil e superprodutivo.  Foi um mergulho dentro de mim mesma que mudou completamente minha forma de ver o mundo. 

E essa experiência foi simplesmente transformadora. Voltei das férias não só mais inspirada e cheia de obras novinhas em folha, mas também cheia de energia para colocar outros projetos na rua. Alguns, inclusive, que planejava havia séculos e nunca tinha tido a força de vontade necessária para tirar do papel. 

É claro que você não precisa fazer um retiro radical para ter esses insights: só deve encontrar algo que te motive, que te entusiasme. Ou, como dizem por aí, precisa encontrar o seu caminho de volta para casa. E essa “casa” metafórica pode ser a escrita, as artes plásticas, enfim, aquilo que você realmente goste de fazer. 

Uma coisa curiosa sobre mim é que eu adoro citações inspiradoras e tenho um caderninho só para anotar quotes interessantes. Esse papo me lembrou de uma citação da escritora Jennifer Egan, em que ela diz que, quando não está escrevendo, tem a sensação de que algo está faltando, que algo vital não está acontecendo. E que, quanto mais ela demora para voltar a escrever, mais difícil é recomeçar. 

Página do caderno de quotes de Bruna Pastorini (Crédito: Arquivo pessoal)

Ela completa o raciocínio dizendo que, quando está escrevendo (especialmente se está indo bem), é como se estivesse vivendo em duas dimensões: a vida que realmente está vivendo, e um mundo completamente diferente em que ela está habitando, e sobre o qual mais ninguém sabe. 

Para Egan, portanto, esse lugar seguro, essa “casa” para onde temos que voltar de tempos em tempos, é a escrita. Para mim, são as artes plásticas. Sempre foi, desde a infância, mas teimosamente eu às vezes esqueço e deixo isso de lado – apenas para me lembrar do quanto é importante para mim, principalmente nos momentos mais caóticos da vida. 

Muitas vezes, a gente vai esquecendo essas coisas que nos fazem sentir vivas ao longo do caminho, e é importante reavivar essa memória, tanto para a nossa saúde mental quanto para que nos mantenhamos criativas e produtivas. 

Então, para concluir este artigo de uma forma otimista, que a gente faça as coisas e se mantenha entusiasmada para todos os projetos, dos pessoais aos profissionais, mesmo aqueles que parecerem mais singelos. 

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