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Qual é a história que você conta sobre si mesma?

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Opinião

Qual é a história que você conta sobre si mesma?

A narrativa que você conta sobre si ao mundo vai reforçar ou se distanciar da imagem que deseja transmitir?


5 de março de 2024 - 14h33

(Crédito: Adobe Stock)

Qual é a história que você conta sobre si mesma? Regularmente converso com mulheres que percebem seus filhos como fracassos em seus currículos. Durante entrevistas de emprego, esforçam-se ao máximo para não entrar no assunto e, quando questionadas, logo se encolhem na cadeira com respostas evasivas e justificativas. Qual é a mensagem comunicada nas entrelinhas? “Filhos são uma barreira no meu currículo, mas eu prometo me esforçar para que eles não impactem na minha produtividade.”

Eu não julgo essa reação. Até porque grande parte do mercado de trabalho repele as profissionais com filhos e nos ensina a agir de tal maneira, expulsando quase metade das mães e empurrando-as para a informalidade, não por desejo, mas por falta de opção.

Qual é sua marca no mundo?

A maneira como nós mulheres somos percebidas pelo mundo parte de um exercício inicial que envolve mapear e reconhecer a nossa própria trajetória de vida. E esse é um exercício que começa de dentro para fora a partir dos seguintes questionamentos:

1. Quais foram seus principais marcos de passagem (pessoais e profissionais)?

2. O que nutre e drena a sua energia?

3. O que é sucesso para você?

4. Qual é a história que você conta sobre si para o mundo?

5. Como você gostaria de ser percebida?

Te convido a pegar um café, um caderno e uma caneta num local confortável e embarcar comigo nessas reflexões com honestidade e confiança (ninguém precisa ler ao final). Comece mapeando as suas principais conquistas (e decepções) e trazendo os aprendizados com cada uma dessas situações desde as suas primeiras memórias. Eu, por exemplo, fui sempre aquela aluna estudiosa que se esforçava para conseguir se sobressair nos estudos na época da escola. Tenho clareza da minha garra, dedicação e esforço a partir dessas características.

A segunda reflexão parte da consciência para perceber seus próprios gatilhos de produção (ou retenção) de energia. Quais são as atividades que abastecem a sua energia quando o assunto é trabalho? No outro oposto, o que representa um esforço significativo a ponto de drenar as suas energias? Remar contra a maré é decepcionante e não valoriza a sua melhor versão. Ser essencialista é encontrar as atividades que te nutrem para valorizá-las, deixando o resto para trás.

Eu, por exemplo, sou muito boa em dar feedbacks construtivos e em estabelecer conversas construtivas. Me sinto leve e feliz quando termino uma conversa difícil com a sensação de que chegamos num denominador comum e exercito essa habilidade diariamente como CEO da minha empresa. Por outro lado, não reservar um tempo de qualidade para meus filhos na agenda toda semana drena a minha energia, trazendo um sentimento de culpa e improdutividade. Sei que um trabalho inflexível não me faria uma pessoa feliz.

Com essas informações em mente, é possível começar a mapear o que significa sucesso para você. E, acredite, são múltiplas as respostas e não existe certo ou errado. Existe aquilo que te faz feliz. Gosto de trazer a alusão à uma capa de revista: se você fosse a entrevistada para a próxima edição do Meio & Mensagem com direito à capa, o que estaria escrito na chamada? Com quem você estaria? Como estaria a sua postura e sua expressão? Esse exercício de visualização ajuda a mapear o significado de sucesso para você.

Agora pare e pense com base nas reflexões acima: a história que você conta sobre si, ao mundo, vai reforçar ou se distanciar da imagem que deseja transmitir? Como você realmente gostaria de ser percebida? Quais as lacunas de habilidades sócio-emocionais e técnicas que precisam ser preenchidas para que se aproxime da sua imagem ideal? Mas, por favor, não espere virar “PhD” em algo para internalizar a história que deseja contar ao mundo sobre si mesma. Nós, mulheres, somos especialistas nisso.

De acordo com o LinkedIn, só nos candidatamos para uma posição de trabalho quando cumprimos 100% dos pré-requisitos da vaga preenchidos, em comparação com os homens, que já se arriscam com 60% dos mesmos pré-requisitos. Além disso, temos a tendência a subestimar as próprias conquistas e supervalorizar os fracassos. Quando “chegamos lá”, foi por um empurrãozinho de outra pessoa. Quando recebemos um elogio, foi fruto de causas externas que impactaram no resultado. Não caia nessa cilada.

Voltando aos filhos: como eles impactaram na sua percepção de mundo? O que você aprende todos os dias nessa relação que facilmente te tornaria uma profissional mais capacitada? Eu me percebo uma pessoa muito mais focada, empática e líder, depois da chegada do Thomas e do Alex na minha vida. Como pretende reagir da próxima vez que for questionada em relação à capacidade de conciliar filhos e carreira?

Troque a lente e reescreva a história que deseja contar ao mundo sobre si mesma.

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