Quando um erro reforça nossa relevância
Uma falha de programação virou a principal notícia no mundo todo, mas serviu para nos mostrar que a área está em todos os lugares e que a falta de profissionais afeta a todos
Uma falha de programação virou a principal notícia no mundo todo, mas serviu para nos mostrar que a área está em todos os lugares e que a falta de profissionais afeta a todos
6 de agosto de 2024 - 14h16
Telas azuis por todos os lados. No banco, no aeroporto, no escritório e na televisão. No início da manhã da sexta-feira do dia 19 de julho, já eram 1.400 voos cancelados ao redor do mundo, mas esse número chegou a 5.000 nos dias seguintes. O estado de pane foi resultado de uma atualização falha do sistema de segurança da CrowdStrike, líder global de proteção cibernética, e afetou 8,5 milhões de computadores que usam o Windows, sistema operacional da Microsoft, presente em 70% dos computadores globalmente.
Não sabemos se foi um erro de ponto e vírgula, elemento usado para programar. Mas o fato é que a queda dos sistemas também não conferiu o IP antes de causar os estragos. A solução usada para mitigar rapidamente os danos foi manual. Exigiu atualização dos computadores de todas as máquinas afetadas. E movimentou equipes de tecnologia da informação local e mundial, jogando holofotes sobre um mercado profissional que sofre com a escassez de mão-de-obra qualificada.
Faltam 4 milhões de profissionais apenas focados em cibersegurança no mundo todo, segundo um relatório do Fórum Econômico Mundial. No Brasil, o déficit entre formação e demanda na área de tecnologia da informação é conhecido. Levantamento mais recente do Google para o cenário nacional apontava uma falta de 530 mil profissionais até 2025.
Os Estados Unidos sinalizam mais uma tendência: a geração Z está trocando os computadores por outros interesses. A National Society of High School Scholars ouviu mais de 10 mil jovens e constatou que as big techs não são mais a primeira opção. Além disso, menos da metade deles, 41%, veem a inteligência artificial com bons olhos. Por aqui, 53,7% dos programadores ouvidos para a Pesquisa Código Fonte acreditam que não serão substituídos pela IA. Pelo menos, uma visão menos pessimista do que a norte-americana.
Uma pena que o holofote para o universo da programação tenha sido negativo. Mas, pelo menos, foi um lembrete da importância da nossa profissão e do nosso impacto no mundo como ele é hoje. Reconhecendo o potencial global da profissão e como isso pode incentivar novas e melhores jornadas, e inspirando. Principalmente, quando todas as vírgulas do código estão no lugar certo e tudo funciona normalmente.
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