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Quem não se posiciona, não se conecta

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Opinião

Quem não se posiciona, não se conecta

Posicionamento político é parte da influência real e não deve ser motivo  para vetar a contratação de influenciadores


27 de setembro de 2022 - 15h45

Há  apenas alguns dias das Eleições 2022, não podemos esquecer dos conflitos gerados nas redes sociais e fora delas devido às manifestações políticas dos influenciadores e celebridades. Figuras como Anitta, Bruna Marquezine e Pabllo Vittar, por exemplo, não hesitaram em demonstrar seus posicionamentos em relação aos candidatos à presidência este ano e receberam uma série de comentários favoráveis e desfavoráveis à atitude.

Trabalhando com comunicação e publicidade, e, especialmente com o marketing de influência há alguns anos, pude acompanhar váarios questionamentos em relação ao trabalho e à relação dos criadores com a representação das marcas. Um deles tem a ver com o posicionamento dos influenciadores. Será que, quando o assunto é política, eles devem se abster de falar o que pensam? Para mim, a resposta é não.

Conforme a pesquisa Global Consumer Pulse, da Accenture Strategy, 83% dos consumidores brasileiros preferem comprar de marcas que estejam alinhadas aos seus valores pessoais. Por que seria diferente quando se trata de acompanhar influenciadores?

Como profissional da área, sempre ressalto a importância da comunicação com significância, ou seja, da geração de conteúdo com propósito. Para mim, falar com significado consiste em promover conversas que tenham sinergia com os valores e as crenças de quem as protagoniza, além de representar propósitos reais, que não se limitam a campanhas e discursos vazios. Por isso, não imagino de que maneira poderíamos passar verdade nas ações entre marcas e criadores se exigirmos que eles anulem seus direitos de expressarem suas opiniões.

Apesar dos dados, que demonstram a preferência dos consumidores por quem se posiciona, 53% das marcas ainda consideram cancelar o contrato com um influenciador que declare suas posições políticas, segundo a pesquisa Eleições e Influência 2022, realizada pela consultoria YouPix.

Aqui, vale lembrar que falar sobre política não é apenas comentar sobre o candidato ou sistema econômico preferido, é também se posicionar em relação às questões ambientais e sociais, e isso tem tudo a ver com ESG. Por isso, se os consumidores requerem identificação com a marca para decidirem se vão confiar nela ou não, o que falta para que as empresas passem a destacar seus propósitos e valores?

Transparência é a palavra-chave para comunicação com propósito, e um aspecto fundamental para que as marcas desenvolvam um relacionamento mais sólido e próximo dos consumidores. E, quando os criadores estão envolvidos nessas estratégias, é essencial relembrar que a influência real impulsiona reflexões sobre um mundo melhor e não se limita a promover produtos ou serviços.

>Enquanto as empresas tiverem medo de se posicionar e não alinharem seus discursos com as iniciativas socioambientais com as quais se comprometem, ainda vai faltar muito para conexão real entre marca, consumidor e propósito, e por fim ações efetivas de transformação. Ressalto: não adianta ter ESG e metas de diversidade e ir na contramão da democracia ao vetar a contratação de criadores que expressam suas opiniões políticas.

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