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Como a Síndrome da Impostora afeta o mercado corporativo

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Como a Síndrome da Impostora afeta o mercado corporativo

Falsa percepção de insuficiência no trabalho acomete, sobretudo, mulheres e é atravessado pelo racismo


26 de março de 2024 - 14h54

Cerca de 70% das pessoas já se sentiram, alguma vez na vida, uma fraude no ambiente de trabalho. O dado é da Universidade Dominicana da Califórnia e materializa o fenômeno da Síndrome da Impostora. Nele, o indivíduo constrói uma percepção de incompetência ou insuficiência sobre o seu desempenho profissional. Apesar de não ser uma exclusividade, a impostora acomete, sobretudo, mulheres.

Síndrome da Impostora

Luanda Vieira, Rafa Brites e Camila Fremder, no Women to Watch Summit 2024 (Crédito: Eduardo Lopes/ Imagem Paulista)

Para apresentadora e autora do livro “Síndrome da impostora: Por que nunca nos achamos boas o suficiente?”, Rafa Brites, o fenômeno se manifestou pela primeira vez quando, ainda na faculdade, ela passou em primeiro lugar em um processo seletivo para ser trainee do presidente de uma grande corporação e ouviu dos colegas que foi escolhida por sua aparência física.

Ela não só questionou sua capacidade, como desistiu do cargo. Luanda Vieira, jornalista e apresentadora do podcast O Corre Delas, também descobriu a Síndrome da Impostora ao se destacar profissionalmente. Ela reflete que o fenômeno, além de ser marcado pelo recorte de gênero, é também atravessado pela questão racial.

“Eu comecei a me destacar e as pessoas passaram a me desqualificar dizendo que eu só estava tendo aquele destaque, porque era negra e o mercado precisava de mulheres negras”, aponta. Ela acrescenta: “A impostora começa, ali, quando você precisa ser sempre melhor que o outro para não ser questionada”.

Para Luanda, no mercado corporativo, as microagressões diárias culminaram em um burnout. O racismo e preconceito de gênero minam a saúde mental, assim como as relações interpessoais. “A estrutura social fez com que as mulheres precisassem o tempo todo competir por um cargo. Nós não conseguimos ir juntas”, apontou Luanda, no W2W Summit.

Maternidade e a Síndrome da Impostora

Camila Fremder, escritora, roteirista e apresentadora do podcast É Nóia Minha?, encontrou na maternidade um ponto sensível para os questionamentos sobre seu desempenho, especialmente tendo nas redes sociais uma métrica nada acessível. “Quando eu engravidei do Arthur, as maternidades que eu acompanhava nas redes eram muito distantes do puerpério que eu estava tendo”, conta a podcaster.

“Nós não podemos deixar de falar da economia do cuidado. É como se a gente nunca vencesse”, concorda Rafa Brites. Uma das chaves para enfrentar a Síndrome da Impostora seria enxergá-la não como um problema individual, mas resultado de uma construção social e coletiva. “Isso é um reflexo interno de um comportamento externo”, explica a apresentadora.

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