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Opinião

Sua vida vai ser afetada pelo que acontece na Casa Branca  

Desinformação e censura como ferramentas de desmonte da democracia


12 de março de 2025 - 8h32

(Crédito: Shutterstock)

O cerceamento da imprensa ameaça os pilares da liberdade de expressão e da transparência democrática. O que está em jogo é o futuro da democracia. 

Sempre compreendi que a liberdade de imprensa é um dos pilares mais importantes da democracia. Ela nos permite questionar, cobrar e garantir que aqueles que detêm o poder sejam fiscalizados. Mas, ultimamente, tenho sentido uma preocupação crescente com os rumos que estamos tomando. O que está acontecendo nos Estados Unidos sob o governo de Musk e Trump me assusta. Ao mesmo tempo em que jornalistas estão sendo censurados, podcasters e influencers digitais ganham cada vez mais espaço para cobrir não apenas a White House, mas eventos multilateriais sem qualquer tipo de regulação ou compromisso com os princípios do jornalismo. Isso levanta uma questão fundamental: quem está garantindo que a verdade seja contada? 

Podemos encontrar diariamente dezenas de vídeos de  jornalistas denunciando violações à Primeira Emenda da Constituição americana, que protege a liberdade de expressão e de imprensa. Estamos vendo práticas que mais parecem retiradas de um manual autoritário: listas de palavras que a imprensa “deve” seguir, ameaças de retirada de credenciamento e uma Casa Branca que restringe o acesso a repórteres críticos enquanto abre as portas para criadores de conteúdo sem formação jornalística. 

As redes sociais e a influência digital são poderosas por tornar temas complexos mais acessíveis, é muito relevante quando conseguimos traduzir discussões políticas e sociais para um público que, de outra forma, talvez não tivesse acesso a elas. A influência responsável é essencial em um mundo onde a informação circula rapidamente e pode impactar milhões de pessoas em questão de segundos. Líderes, criadores de conteúdo e comunicadores têm o poder de moldar percepções, comportamentos e até políticas públicas, tornando fundamental o compromisso com a ética, a transparência e o bem comum, contudo o jornalismo, com seus princípios éticos e compromisso com a checagem de fatos, está sendo sistematicamente enfraquecido, enquanto qualquer pessoa com um celular e uma grande audiência pode moldar a narrativa pública sem qualquer responsabilidade. 

A regulação da internet e das novas mídias não pode ser um tabu. Não se trata de censura, mas de encontrar um equilíbrio que impeça que a desinformação e o discurso de ódio tomem conta do espaço público. Liberdade de expressão não significa liberdade para mentir ou manipular. As grandes plataformas digitais precisam assumir sua parte de responsabilidade e impedir que governos usem a influência digital como ferramenta política sem qualquer tipo de fiscalização. Mais do que alcançar engajamento, a verdadeira influência deve ser um catalisador para mudanças positivas e sustentáveis na sociedade. 

As táticas de Trump não são novidade. A história nos ensina que regimes autoritários sempre tentaram controlar a informação, e o que vemos agora segue o mesmo roteiro. Quando a Casa Branca diz que o acesso à informação oficial é um “privilégio” concedido pelo governo, estamos lidando com um claro enfraquecimento da transparência democrática. Somado ao declínio do jornalismo tradicional e ao crescimento desenfreado da influência digital sem qualquer regulamentação, esse cenário pode ter consequências desastrosas. 

O que está em jogo aqui não é apenas a liberdade dos jornalistas, mas o futuro da democracia. Sem uma imprensa livre e forte, quem garante que as informações que consumimos são verdadeiras? Quem nos protege da manipulação política? Uma sociedade bem-informada tem poder. Uma sociedade mal-informada é controlável. Por isso, precisamos reagir. Não podemos permitir que a verdade se torne apenas mais um produto negociável nas redes sociais. 

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