SXSW: Humano, demasiadamente humano
Há um elemento central no evento: o fator humano diante de toda esta era de transformações disruptivas e, em certos aspectos, distópicas, que estamos testemunhando
Há um elemento central no evento: o fator humano diante de toda esta era de transformações disruptivas e, em certos aspectos, distópicas, que estamos testemunhando
12 de março de 2024 - 13h32
Uma das experiências mais interessantes desta minha terceira incursão ao SXSW é a de fazer parte de um grupo de CMOs que estão aqui a convite do Meio & Mensagem. E, ao longo da semana, nos reunimos de forma bastante informal para ricas trocas de impressões e insights sobre o que cada um está absorvendo do evento, como esses estímulos impactam suas vivências e o que podem aplicá-los nos seus mais diversos desafios profissionais.
Ontem à noite, durante o jantar, foi um desses momentos especiais. E na minha fala, destaquei que embora o pano de fundo deste momento da história e do próprio SXSW seja o superciclo tecnológico, trazido por Amy Webb, há um elemento central no evento e em algumas das principais palestras: o fator humano diante de toda esta era de transformações disruptivas e, em certos aspectos, distópicas, que estamos testemunhando.
O visível desconforto de Selena Gomez no painel que se propôs a discutir a importância de promover acesso a serviços de saúde mental gerou também algum tipo de surpresa negativa em boa parte da audiência, que esperava ver no palco uma estrela do pop e viu, no entanto, uma jovem real falando sobre problemas reais e difíceis. “Tudo bem não estar bem”, disse uma reflexiva Selena.
A inspiradora reflexão sofre compaixão feita pelo escritor Simran Jeet Singh a partir do que chama de 3 Cs: curiosidade, coragem e compaixão, também foi outro desses momentos em que o convite foi o de olharmos para nós mesmos. “Se conseguirmos construir estes três pilares e criar a transformação a partir de nós mesmos, se tivermos mais compaixão, seremos mais resilientes. Construiremos confiança, grupos de apoio, perspectiva”.
Uma boa parte dos painéis do SXSW tem como foco discutir as transformações e o futuro do trabalho. Para a autora da Harvard Business Review, Amy Gallo, saber lidar com conflitos nas relações de trabalho não é só importante, mas um fator crucial para lidar com o que ela define como “harmonia artificial”, em que o time alimenta uma fachada de boa convivência, mas nutre tensões, ressentimento e opiniões não ditas. Sua provocação vai no sentido estimular os conflitos saudáveis, aqueles que agregam aprendizados para a equipe, que impulsionam em prol de um objetivo.
Em tempos de Vision Pro, isolamento físico e solidão, o corpo é a fronteira e o recipiente que vai nos tornar capazes de navegar pela tsunami que estamos na iminência de enfrentar. Não por acaso, uma boa parte da curadoria do SXSW é sobre saúde, futuro da medicina e seus derivados, como uso medicinal da cannabis e uma dezena de palestras e painéis que fazem parte da trilha Psicodélicos, como Pyr Marcondes escreveu. É a união entre as pesquisas agora científicas de cura por meio da terapêutica com drogas psicoativas, como o LSD, psilocibina e DMT, entre outras, com outras áreas do conhecimento humano, como a tecnologia, a criatividade e as artes, ou com a espiritualidade, o misticismo e a religião.
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