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Opinião

Tem que respeitar o agro

A pauta de defesa do meio ambiente e de um caminho para a sustentabilidade precisa estar na música, na novela, nas séries, no TikTok, no futebol, no nosso imaginário coletivo


8 de julho de 2024 - 8h58

(Crédito: Adobe Stock)

Você pode não gostar, mas não há setor no Brasil que tenha sido mais estratégico em termos de comunicação do que o agronegócio, especialmente no sentido de considerar a cultura como a maior ferramenta de transformação e engajamento social. 

Do mito do herói bandeirante ao show lotado de crianças da Ana Castela, passando pela novela “Rei do Gado” e a nova versão de “Renascer”, o agro tem sido pop no Brasil. Mas o que podemos aprender com isso? 

Nosso país continental foi formado a partir dessas missões de desbravamento, do litoral para o interior e, posteriormente, do Sudeste para o Norte. O século passado foi marcado por campanhas publicitárias de desenvolvimento, como afirmam pesquisas do Imazon (Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia), especialmente a partir do governo de Getúlio Vargas (1930-1945). A colonização da floresta passou a ser vista como estratégica para os interesses nacionais, a chamada Marcha para o Oeste. 

Foram anos de incentivos governamentais à exploração da floresta. Durante a ditadura militar, a política para a Amazônia ficou conhecida pelo lema “Integrar para não Entregar”. Junto com a ocupação veio também a destruição. Os registros demonstram que, na década de 1970, as derrubadas atingiram 14 milhões de hectares, número que deve chegar a 70 milhões nos dias atuais. 

Depois de décadas e séculos de desenvolvimentismo, como mudar a rota dessa estrada? Nego Bispo dizia que “DES” é o prefixo da ausência, desperdício, desespero, desamparo; é, em geral, um prefixo que nos leva a um sentimento negativo. Mas, em desenvolvimento, abrimos mão do envolvimento com nossas comunidades, com a tradição e com a natureza. 

A abertura de “Renascer”, patrocinada por O Boticário, com imagens de fábricas poluentes e resíduos em rios, como aconteceu no último dia 12 de junho, é um chamado relevante para a consciência ambiental. Assim como em “Pantanal”, a novela fez uma longa cena de encerramento de capítulo sobre as queimadas no bioma. Mas ainda precisamos de muito mais volume e diversidade no discurso. 

A pauta de defesa do meio ambiente e de um caminho para a sustentabilidade precisa estar na música, na novela, nas séries, no TikTok, no futebol, no nosso imaginário coletivo. O agronegócio está investindo no futuro, as pequenas boiadeiras estão aí e nós precisamos ensiná-las a amar a natureza para além do seu chapéu.  

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