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Opinião

União que conquista medalhas

Atletas brasileiras mostram em Paris a potência da sororidade e inspiram todas nós


6 de agosto de 2024 - 8h33

Julia Soares, Rebeca Andrade, Jade Barbosa, Lorrane Oliveira e Flávia Saraiva: bronze para o Brasil em Ginástica Artística por Equipes (Crédito: Reprodução/Instagram)

Sigo com orgulho e admiração acompanhando cada participação do Brasil nos Jogos Olímpicos, mas devo confessar que alguns momentos foram super emocionantes… como as medalhas da Raissa Leal, no Skate; da Larissa Pimenta, do Judô; da Rebeca Andrade, ouro e prata na Ginástica Artística; da Beatriz Souza, uma mulher preta que foi a primeira atleta do Brasil, entre homens e mulheres, a conquistar uma medalha de ouro em Paris. Certamente outras conquistas maravilhosas virão até o fim dos Jogos, mas acho importante destacar o importante significado que o bronze inédito na Ginástica Artística por Equipes representa para a causa do empoderamento feminino.

Conquistada pelo time composto por Rebeca Andrade, Flávia Saraiva, Lorrane Oliveira, Julia Soares e Jade Barbosa, essa medalha por equipes simboliza a vitória em muitas das lutas que nós, mulheres brasileiras, enfrentamos todos os dias e só vencemos porque apoiamos umas às outras.

Apoio que existiu também durante as disputas de medalhas individuais. No seu comentário sobre a conquista da medalha de prata por Rebeca Andrade, a ginasta Flávia Saraiva resumiu o sentimento de todas nós: “Ver ela fazer o melhor trabalho dela é incrível. Me sinto uma medalhista junto com ela ali. Eu sei o quanto ela trabalhou e ela merece muito isso. É prata? É prata, mas vale ouro, porque essa menina é muito guerreira”. Com essa frase, Flavinha não só traduziu o espírito da equipe de ginástica como resumiu o que é a união entre as mulheres e a consciência de que a vitória de uma é também uma conquista de todas.

Por isso, a medalha por equipes traduz muito do é a vida real das mulheres nas empresas. A questão é que a performance de cada uma soma para o ganho de todas. Simples assim! Enquanto as nossas atletas cooperavam nos diferentes aparelhos, cada uma na sua especialidade e entregando seus pontos mais fortes, nas empresas, seja em que departamento for, a gente vê mulheres entregando os seus duplos-twists-carpados todos os dias.

O que me pergunto é se cada profissional percebe que os desafios que são superados individualmente também contam pontos para todas as mulheres da empresa e, no sentido amplo, para todas que estão no mercado de trabalho. Na verdade, essa consciência de que o individual soma para o coletivo é a base da sororidade, esse sentimento que torna todas as mulheres irmãs e prontas para ajudar e inspirar umas às outras.

Assistir às transmissões dos esportes femininos faz a gente flagrar vários momentos de solidariedade entre as atletas. No caso do nosso time de ginástica olímpica, cenas de união explícita aparecem com frequência. E o mais interessante é que essa troca de energia positiva acontece até com competidores de outros países.

O respeito e a admiração que existem entre Rebeca Andrade e Simone Biles, por exemplo, mostram que nem é preciso estar no mesmo time para querer o melhor para outra mulher. Nesse caso, dá para sentir que elas têm consciência de que a concorrência entre elas funciona como um incentivo para serem cada vez melhores.

O que faz cair por terra aquele velho mito de que as mulheres são desunidas e que competem ferozmente entre si. Sinceramente, acho que essa conversa foi coisa dos homens para nos afastar do empoderamento em grande escala — pura intriga dos machistas!

Mas dá para saber que eles estão perdendo essa competição. Pela primeira vez na história, a delegação olímpica brasileira teve mais mulheres, 153, do que homens, 124. Saltamos de um percentual de 47% de presença feminina em Tóquio 2021 para 55% em Paris 2024. Realmente é para comemorar.

No caso de Rebeca e de várias outras atletas brasileiras que foram para Paris, o esporte teve o poder de “furar a bolha”, destruir barreiras e permitir o desenvolvimento pleno do potencial individual. Trabalhando há décadas com o universo musical e de entretenimento, vi isso acontecer várias vezes com talentos da música. Gente que se tornou grande e poderosa desafiando as limitações impostas por sua origem pobre.

Também tenho acompanhado de perto esse milagre acontecer com os influencers, tanto homens quanto mulheres, que graças à sua capacidade de comunicar e a sua credibilidade junto aos seus seguidores conseguiram não só mudar sua situação financeira como também realizar seus sonhos pessoais enquanto ajudam as marcas a divulgar seus produtos, fazer ativações e engajar consumidores. A participação dos influencers se tornou tão importante para as marcas que a Mynd está em Paris com mais de 50 influencers para realizar campanhas e ações. Muitos deles, inclusive, estão sendo super inovadores na cobertura dos jogos olímpicos com sua criatividade nas narrativas.

E é na confluência do esporte com a comunicação que as conquistas em Paris se encontram com a realidade dos escritórios e das agências de publicidade aqui no Brasil. Explico: está nas mãos de quem cria estratégias de marketing e campanhas publicitárias entender o seu papel nessa cadeia de empoderamento feminino que ganha os holofotes durante as olimpíadas. Esse entendimento vai além do esporte propriamente dito por que envolve comportamento humano, sociedade, eficiência na comunicação e até a evolução da compreensão pessoal de cada um sobre o que realmente importa.

Precisamos ter consciência de que é nos escritórios que são decididos os patrocínios e campanhas que movimentam a roda da economia nos esportes e é neste momento que cada mulher que faz parte da cadeia produtiva da comunicação pode contribuir para a glória olímpica. Aliás, espero que até o fim das competições tenhamos ainda mais participações e pódios para comemorar.

Todas fazemos parte de um mesmo universo e o empoderamento feminino é resultado deste esforço coletivo. E, claro, vale medalha!

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